Abril Azul Claro: um alerta sobre o câncer de esôfago

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Foto: Getty Images

Saber identificar os sintomas é fundamental, já que no início é uma doença silenciosa.


Neste mês, acontece a campanha Abril Azul Claro para a conscientização sobre o câncer de esôfago.  E é uma doença que pode passar despercebido, a princípio, já que os sintomas se parecem com outros desequilíbrios. Um dos sinais de que algo está errado é a dificuldade em engolir alimentos (disfagia).

Estatísticas

No Brasil a patologia é o sexto mais frequente entre os homens e o 15° entre as mulheres, desconsiderando-se o câncer de pele não melanoma. É o oitavo mais frequente no mundo e a incidência em homens é cerca de duas vezes maior do que em mulheres, acometendo pessoas entre 50 -70 anos.

Entre os fatores que podem ser um gatilho para o aparecimento do distúrbio, a médica do Ambulatório de Oncologia da Santa Casa de Votuporanga, Dra. Julia Cordeiro, cita tabagismo (responsável por 25% dos cânceres de esôfago) e ingestão de álcool, entre outros hábitos de vida descontrolados. Nessa lista, também estão a obesidade, a doença do refluxo e o papilomavírus. “Logo, para se prevenir é necessário buscar melhores hábitos de vida que se opõem a esses fatores de risco”, salientou.

Sintomas

Diferente de como acontece com outros tipos de câncer, como de mama ou cólon, para os quais existem exames de rastreamento (mamografia e colonoscopia, nessa ordem), não há como saber se o câncer de esôfago já se manifestou, e por isso mesmo, no começo, é um transtorno que aparece de forma silenciosa. Ao longo do desenvolvimento da doença, aí sim, os sintomas começam a se tornar mais claros.

Com a progressão da doença, podem surgir sintomas tais como:

– dificuldade ou dor ao engolir

– dor retroesternal (atrás do osso do meio do peito)

– sensação de obstrução à passagem do alimento

– náuseas

– vômitos

– perda de apetite

Em grande maioria dos casos, a dificuldade de engolir (disfagia) já sinaliza doença em estado avançado. A disfagia progride de alimentos sólidos até pastosos e líquidos.

A perda de peso pode chegar a até 10% do peso corporal.

Fatores de risco

Fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver câncer de esôfago:

– Idade. A chance de contrair câncer de esôfago aumenta com a idade. Menos de 15% dos casos são diagnosticados em pessoas menores de 55 anos.

– Gênero. Os homens têm uma probabilidade maior de câncer de esôfago do que as mulheres.

– Tabagismo e alcoolismo. O consumo de produtos do tabaco, como cigarros, charutos, cachimbos e tabaco de mascar, é um importante fator de risco para câncer de esôfago. Pessoas que fumam um ou mais maços de cigarros por dia têm um risco dobrado de adenocarcinoma de esôfago, do que uma pessoa não fumante. O consumo de álcool também aumenta o risco de câncer de esôfago.

– Refluxo gastroesofágico. Pessoas que têm refluxo gastroesofágico apresentam maior risco de adenocarcinoma de esôfago.

– Obesidade. As pessoas acima do peso ou obesas têm uma maior chance de ter adenocarcinoma de esôfago. Isto é em parte explicado pelo fato de que os obesos são mais propensos a ter refluxo gastroesofágico.

Diagnóstico

É feito por meio da endoscopia digestiva, um exame que investiga o interior do tubo digestivo e que permite a realização de biópsias para confirmação do diagnóstico. “Quando o tumor é detectado no início, as chances de cura aumentam muito. Se as terapias começarem precocemente, podem passar de 80%”, reforçou Dra. Julia.

Tratamento

O tratamento varia conforme cada paciente. Pode incluir endoscopias e cirurgias, ou quimioterapia e radioterapia. “Em estágios iniciais podemos indicar tratamento endoscópico e cirurgia. Conforme o avanço da doença, podem existir algumas combinações de tratamento”, diz a especialista.

Prevenção

– Não fumar e não se expor ao tabagismo passivo. Parar de fumar sempre é importante em qualquer momento da vida, mesmo que o fumante esteja com alguma doença causada pelo tabagismo.

– Evitar o consumo de bebidas alcoólicas.

– Comer mais frutas e vegetais e menos carne vermelha e gorduras.

– Manter o peso corporal adequado.

– Identificar e tratar a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE).

– Consumir bebidas quentes como chimarrão, café e chá em temperaturas inferiores a 60°C. para garantir a temperatura adequada para consumo, após o preparo, deve-se esperar em torno de cinco minutos para ingerir a bebida.

– Fazer atividade física.