Votuporanguense relata drama após terremoto na Albânia (A4)

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 Henrique Davanso Pechoto mora na Albânia há 15 anos — Foto: Arquivo Pessoal

 

Henrique Davanso Pechoto, de Votuporanga , mora no país com a mulher e a filha há 15 anos. Segundo o brasileiro, nunca houve um terremoto tão forte quanto esse.

O missionário brasileiro Henrique Davanso Pechoto, de 50 anos, saiu de Vootuporanga para morar na Albânia há 15 anos. Porém, em todos esses anos no país europeu, o pastor confessa que nunca vivenciou uma semana tão terrível como essa após um forte terremoto deixar ao menos 46 mortos e mais de 2 mil feridos.

O terremoto foi na madrugada de terça-feira (26). Henrique lembra que estava dormindo em sua casa em Lezha, cidade a 60 quilômetros da capital Tirana, quando sentiu o tremor junto com a mulher Henriqueta Nogueira Pechoto, 52 anos, e a filha Emanulle Davanso Pechoto, de 21 anos.

“Acordamos com a cama balançando, ficamos apavorados. Foram 30 infinitos segundos. Pareciam que não iam acabar. Quando acabou o terremoto fomos para a rua, para a praça central. Ficamos das 4h até as 7h dentro do carro na praça, que não há prédios em volta, para não correr riscos”, afirma Henrique.

Henrique e a família são da Igreja Batista do Brasil e moravam aqui em Votuporanga. Foram para Albânia em 2006 com missão humanitária pela JMM, Junta de Missões Mundiais, ajudando os refugiados no norte da Albânia.

O missionário conta que todo ano tem entre três a quatro terremotos no país, mas nada tão grave quanto esse, que foi de 6,4 pontos na escala Richter. “A terra mexeu tanto para cima e para baixo como de um lado para outro, foi horrível”, diz.

Segundo Henrique, durante a semana foram registrados mais de 100 tremores menores. “Mas nada foi tão grave quanto o primeiro. Pareciam ondas do mar, mas na terra. Naquele dia passamos o dia inteiro no quintal de casa para evitar problemas”, afirma.

Ajuda a caminho

O pastor conta que no dia seguinte do terremoto, ele e a família partiram para cidades vizinhas para ajudar as vítimas do terremoto.

“Fomos para uma cidade a 13 quilômetros de Lezha e vi 20 mortos soterrados, dezenas de casas destruídas, terrivelmente triste. Nossa ajuda consiste em levar alimentação, água, roupa, mas principalmente estar com as pessoas, orar com elas, que o amor de Deus está acima de tudo”, afirma.

Além disso, a família foi para as cidades de Durres, Thumane e Laç. Segundo o missionário, países como Austrália, Grécia, Itália e Suíça mandaram ajuda militar e humanitária. “Estamos ajudando no que é possível, todos estão precisando de ajuda aqui”, diz.

Buscas

Equipes de resgate continuam as buscas por vítimas e desaparecidos do terremoto. O número de mortos chegou a 46, e mais de 2 mil pessoas ficaram feridas, segundo a agência Associated Press.

Na cidade portuária de Durres, a 33 quilômetros da capital Tirana, autoridades procuram por uma família inteira desaparecida nos escombros de uma mansão que desabou com o terremoto.

Até a última atualização desta reportagem, cinco corpos foram resgatados no local. O único sobrevivente que morava nessa casa é um rapaz de 17 anos, encontrado sob os escombros.

Em Thumane, outra cidade bastante afetada pelo tremor, as equipes de resgate encerraram as buscas durante a manhã desta quinta-feira (28). A interrupção ocorreu depois que seis corpos foram encontrados debaixo de um prédio inteiro que desabou.