29 de agosto – Dia Nacional de Combate ao Fumo

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Cardiologista Thiago Megid, do Instituto de Moléstias Cardiovasculares - Foto: Reprodução

Tabagismo é uma das principais causas das doenças cardiovasculares, alerta cardiologista do Instituto de Moléstias Cardiovasculares – IMC.


O Brasil ultrapassou o drama da covid-19, mas vive outra pandemia: a das doenças cardiovasculares, cujo uma das principais causas é o fumo. Esta terça-feira, 29, é o Dia Nacional de Combate ao Fumo, data instituída justamente para alertar a população sobre os males provenientes deste vício. “O fumo é um dos principais fatores que elevam o risco de doenças cardiovasculares”, afirma o cardiologista e eletrofisiologista Thiago Megid, do Instituto de Moléstias Cardiovasculares (IMC), de Rio Preto.

“As substâncias presentes no cigarro agridem a parede interna dos vasos sanguíneos, deixando-as mais vulneráveis ao depósito de placas de gordura. Elas também comprometem o mecanismo de contração e relaxamento do coração, dificultando o fornecimento de sangue ao corpo”, completa o cardiologista.

Entre as principais doenças cardiovasculares causadas pelo tabagismo estão o infarto, a insuficiência coronariana, aneurisma da aorta abdominal, desenvolvimento de arritmias graves e o AVC – acidente vascular cerebral.

No Brasil 9% dos adultos são fumantes, sendo que o percentual é maior entre homens (11,8%) do que mulheres (6,7%), segundo levantamento do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (Vigitel).

Uma pesquisa realizada pela biofarmacêutica AstraZeneca, no ano passado, resultou em dados alarmantes sobre a quantidade de cigarros que os brasileiros fumam por dia: 39% fumam 11 ou mais cigarros por dia, sendo 17% fumam todos os dias e 25% ao menos três vezes por semana. A pesquisa mostrou que 28% dos brasileiros fumam cigarro.

O fumo contribui para o aumento das doenças cardiovasculares. Entre 2008 e 2022, por exemplo, o número de internações por infarto aumentou 158% no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Cardiologia (INC). Entre os homens, a média mensal passou de 5.282 internações para 13.645 e, entre as mulheres, de 1.930 para 4.973.

Dr. Thiago Megid orienta as pessoas, sobretudo fumantes, a procurarem o médico para uma avaliação clínica criteriosa. “No IMC, conversamos detalhadamente com o paciente para traçar o perfil clínico e histórico de vida. Dispomos de toda a infraestrutura para complementar a avaliação clínica do paciente, como eletrocardiograma (ECG), ecocardiograma, raios-X do tórax, exames laboratoriais e ergoespirometria (teste de esforço na esteira)”, afirma o cardiologista.

No IMC, os médicos também podem contar com o auxílio de exames de imagem, como ressonância magnética cardíaca (RM) e tomografia computorizada multicorte (TAC multicorte), realizados pela Austa Medicina Diagnóstica. Se necessários, exames diagnósticos mais complexos para avaliar o coração, vasos, artérias e os órgãos do corpo humano, cateterismo cardíaco e angiografia são alguns dos procedimentos realizados no IMC por cardiologistas intervencionistas e hemodinamicistas.

Dr. Thiago Megid lembra ainda que o fumante passivo também está exposto ao perigo. Há estudos que apontam que conviver com quem fuma afeta o coração, além de aumentar em duas vezes o risco de câncer.

Quanto antes largar o vício, melhor. “É o melhor que ex-fumante tem a fazer pela sua saúde cardiovascular. No primeiro ano após parar de fumar, o risco de ter um infarto diminui pela metade. Porém, são necessários cerca de 10 anos sem fumar para igualar o risco cardiovascular de um ex-fumante ao risco de quem nunca fumou”, explica o cardiologista do IMC.

Outra realidade preocupa o médico: o consumo de cigarros eletrônicos no Brasil apresentou um aumento significativo nos últimos quatro anos. Embora sejam produtos proibidos no país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, a comercialização ocorre de maneira ilegal.

Levantamento feito pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) aponta que 2,2 milhões de adultos (1,4% do total no país) afirmaram ter consumido os dispositivos eletrônicos para fumar até 30 dias antes da pesquisa. No primeiro ano do levantamento feito em 2018, o índice era de 0,3% entre a população, com menos de 500 mil consumidores.

A pesquisa aponta também que cerca de 6 milhões de adultos fumantes afirmam já ter experimentado cigarro eletrônico, o que representa 25% do total de fumantes de cigarros industrializados, um acréscimo de 9 pontos percentuais em relação a 2019.