VOCÊ ESTÁ USANDO MÁSCARAS?

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O tema da coluna de hoje não será fácil. Tampouco será aceito com o coração aberto, porque mexe com nosso íntimo de maneira avassaladora e contundente. Falar sobre hipocrisia nas falas e ações, enfim, em nossa atuação diante da vida, pode não ser confortável, pois sequer percebemos o quanto podemos sê-lo até que alguém nos mostre e aponte isso.

Para elucidar a história, vou contextualizar tudo e peço a paciência dos caros leitores se eu for prolixa demais. É que eu gosto de tudo nos mínimos detalhes como boa virginiana.

A palavra hipocrisia vem da Grécia Antiga para descrever pessoas que atuavam no teatro, ou seja, atores que usavam máscaras para assumir personagens. A mesma nomenclatura foi sendo usada, posteriormente, para designar pessoas que fingem ser o que não são.

Mas o que isso tem a ver com os dias de hoje? TUDO!

Nunca se presenciou tanta hipocrisia disfarçada de valores. As redes sociais estão lotadas de postagens mascaradas de bem-estar, amor ao próximo, cristandade, solidariedade e pureza. Contudo, quando se depara com o cotidiano, o que se vê é contraditório.

Na realidade, todos nós somos hipócritas em algum momento ou por algum motivo. Nem que seja uma vez na vida, experimentamos atitudes duvidosas diante da sociedade. Já dizia o ditado: Quem nunca, que atire a primeira pedra.

Se há algum alento para uma atitude hipócrita é o medo. O medo de não ser aceito, de não fazer parte de um grupo, de ser despedido do emprego, de aceitar as próprias limitações ou inclinações, ou, até, de emitir suas opiniões sinceras sobre algo.

Quantas vezes você se calou diante de uma injustiça por temer retaliações?

Quantas vezes você observou atitudes imorais, mas preferiu o silêncio, pois não era com você?

Quantas vezes você, para defender interesses pessoais, disse ou fez coisas que condenou anteriormente?

Quantas vezes você desejou um amor, mas alfinetou o romance do(a) amigo(a) para não ter que dividir a atenção?

Quantas vezes você ouviu o nome de Deus alicerçando as maiores atrocidades e argumentos que em nada se assemelham com os ensinamentos do mestre Jesus?

Essas são somente algumas perguntas que carecem de reflexão para que possamos adentrar ao universo dessa temática. E, por favor, não se sinta diretamente ofendido(a) com o uso do pronome você. Tenho certeza que entendeu a interlocução e a intencionalidade por trás do questionamento.

Fato certo diante dessas breves palavras é que temos muito a desenvolver quando falamos das duas premissas que carrego como sendo, para mim, os mais importantes mandamentos: “Amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a ti mesmo” (Mateus, 22:37-40).

Oh, meu Pai, perdoe-nos por usar seu nome em vão. Quantas críticas, quantas ofensas, quantos impropérios, quantas brigas e quantos conflitos são travados, mas suas principais máximas sequer são lembradas? Se fossem, não aceitaríamos tantas maldades, nem quedaríamos no erro intencional, não acha?!

Por óbvio, muitas vezes não sabemos que estamos sendo hipócritas. Outras vezes, compreendemos isso, mas tememos. Entretanto, é certo que devemos mapear nossos pensamentos e ações em busca daquilo que conhecemos como ético, moral e, verdadeiramente, vivo dentro de nós.

Todos temos os conceitos de certo e errado internalizados. Ainda que tenhamos enfrentado desafios durante nosso desenvolvimento desde o nascimento até aqui, algo dentro de nós floresce, como se a luz insistisse em romper a sombra, mostrando que, embora falhos por essência, podemos atingir conceitos morais básicos.

Já a ciência, de acordo com Felipe Novaes, Doutorando da PUC-Rio, “chegar a princípios morais é diferente de estudar como as pessoas respondem a questões morais. Uma coisa é tarefa filosófica, a outra é tarefa científica.

Devemos, pois, concentrarmos nossos esforços em praticar o bem. Ou, no mínimo, se não pudermos agir de maneira edificante, que não reforcemos práticas condenáveis diante dos preceitos que tanto defendemos.

Para finalizar, vou acrescentar um lindo pensamento que recebi de um grande amigo (como todas as noites) antes do término desse artigo. Como aprendi que nada é por acaso…

“Ninguém pode ter saúde física e mental sem limpar o coração das amarguras, sem ter consciência tranquila, sem deixar de sofrer pelos problemas do passado e sem perdoar a ignorância alheia.” (Chico Xavier)

Alexandra A.S. Fernandes: Graduada em Letras – Português/Espanhol pela UNIP. Pós-graduada em Metodologia de Ensino das Línguas Portuguesa e Espanhola pela UCAM. Autora do livro – Autismo – Ensinar aprendendo e aprender ensinando. Diretora Social e Acadêmica da ACILBRAS. Funcionária pública e Professora de Análise Linguística do Piconzé Anglo e HF Cursos Jurídicos. Escritora, Terapeuta Integrativa, Astróloga e Artesã. Redes sociais: Instagram @profa_alexandra e @aora_terapias; Youtube Profa. Alexandra – Tirando dúvidas de português.