Trio suspeito de matar família encontrada em canavial é denunciado por latrocínio 

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Trio suspeito de matar família encontrada em canavial é denunciado por latrocínio - Foto: Reprodução

Para o MP, suspeitos mataram família de Olímpia para roubar 17 quilos de cocaína, avaliados em R$ 425 mil. Vítimas estavam desaparecidas desde 28 de dezembro do ano passado e crime foi descoberto pela polícia no dia 1º de janeiro, em Votuporanga.


O Ministério Público (MP) denunciou por triplo latrocínio os três homens suspeitos de assassinar a família de Olímpia/SP encontrada com sinais de execução. As vítimas desapareceram no dia 28 de dezembro do ano passado e o crime foi descoberto pela polícia no dia 1º de janeiro.

Os corpos de Mirele Tofalete, de 32 anos, Anderson Marinho, de 35, e da filha deles, Isabelly, de 15 anos, tinham marcas de tiros e estavam em estado de decomposição, em um canavial que fica em uma estrada rural de Votuporanga/SP. 

A denúncia da promotora Ana Lúcia de Biazzi Pereira Silva foi emitida nesta quarta-feira (20.mar). Para ela, João Pedro Teruel, Rogério Schiavo e Danilo Roberto Barboza da Silva mataram a família para roubar 17 quilos de cocaína, avaliados em R$ 425 mil. 

Na denúncia, a promotora considerou as provas obtidas pelo delegado responsável pela investigação, Tiago Madlum Araújo, a partir da análise das conversas registradas em aplicativos de mensagens. Ao concluir o inquérito, o delegado os indiciou por homicídio triplamente qualificado. 

Com autorização judicial, a DIG (Delegacia de Investigações Gerais) analisou os celulares dos criminosos, que foram periciados. Nos aparelhos, a polícia encontrou as mensagens que indicam a participação do trio no crime. 

As mensagens também confirmam o depoimento de uma testemunha que disse que foi chamada para entregar a droga aos suspeitos, mas negou o serviço devido ao valor que seria pago. Por isso, Anderson, que tinha passagens criminais por tráfico de drogas, ficou responsável pelo transportequando foi alvo da emboscada. 

A destinação da droga roubada pelos suspeitos é investigada pela DISE (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Votuporanga. 

“Anderson foi atraído ao local dos fatos para uma emboscada, acreditando que faria mais uma entrega de drogas. O motivo para os denunciados estarem no local dos fatos era o de subtrair a droga que seria entregue pela vítima, de modo extremamente violento”, escreve a promotora. 

O crime de latrocínio prevê até 30 anos de prisão. O trio está preso preventivamente. A denúncia do MP segue para análise da Justiça. 

Mensagens 

Em depoimento, Rogério disse à polícia que não esteve em Votuporanga e que não manteve contato com João Pedro havia mais de um mês. Contudo, as conversas com os suspeitos no dia do crime contradizem essa versão. 

Em print obtido pela imprensa que mostra uma conversa pelo WhatsApp, Danilo envia áudios para Rogério (contato salvo como “esquilo”) nos quais eles combinam a fuga: 

  • Danilo: “não adianta, nós vamos ter que ir, vamos ficar aqui não, mano. Não sabemos o que vai acontecer… Vamos embora. Só que é o seguinte: nós têm que ver com o [nome] se tem algum lugar para nós lá, mano, um lugarzinho para nós ficarmos lá, porque nós fica jogado, que nem nós ficamos lá na casa daquele povo. É foda, mano.”
  • Danilo: “depois também nós aluga uma casa lá na cidade, nós aluga uma casa lá em um lugar meio de quebrada e nós fica lá.”
  • Danilo: “nós temos chance. Se a bomba explodir, nós não pode tá aqui não, se não os polícia vai virar um cão em cima de nós.” 

Danilo conseguiu fugir e, depois, foi preso em Andrelândia/MG, a 800 km de Votuporanga, no dia 7 de fevereiro.

O trio está preso temporariamente – Foto: Reprodução

Crime premeditado 

O crime, de acordo com o delegado, foi premeditado, pois o trio se reuniu no dia anterior ao assassinato para combinar a emboscada. Depois, eles fugiram para a casa de Danilo. 

Anderson, que tinha passagens criminais por tráfico de drogas, estava com a família e levava cocaína no carro para entregar aos suspeitos do assassinato. 

Dessa forma, de acordo com o delegado, os suspeitos sabiam que Anderson levaria os entorpecentes e organizaram a emboscada. A esposa e a filha, no entanto, não tinham ligação com o tráfico e foram assassinadas por testemunharem o crime. 

A esposa de Anderson foi alvejada por 13 tiros. Já a adolescente foi atingida por quatro disparos e encontrada morta debaixo do banco do carro, onde tentou se esconder dos criminosos, segundo a Polícia Civil. 

“Anderson foi o primeiro a morrer, com sete disparos. A esposa foi a segunda. Recebeu 13 disparos, ela não teve tempo nem de tirar o cinto de segurança. A adolescente recebeu quatro disparos e estava escondida no banco”, revelou o delegado. 

Prisões 

O primeiro suspeito do crime, João Pedro, foi encontrado na casa da namorada, em Valentim Gentil/SP, e preso no dia 18 de janeiro. 

De acordo com a Polícia Civil, ele inicialmente negou o crime, mas depois afirmou que ajudou a armar a emboscada contra a família. Ele foi encaminhado ao Plantão de Votuporanga e, depois, a uma cadeia da região. 

O segundo suspeito, Rogério, foi encontrado no dia 28 de janeiro em Pedranópolis/SP, durante o cumprimento de um mandado de prisão temporária. Ele estava escondido em uma casa e se preparava para fugir na manhã do dia seguinte. 

Danilo, o terceiro suspeito, estava em saída temporária quando teria participado do crime e não retornou para o sistema penitenciário. Ele foi localizado e preso em Andrelândia/MG. 

*Com informações do g1