TJ quase dobra pena de réus por assassinato de pai e filho em sítio de Votuporanga

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Vitor e Wladmyr foram amarrados, vendados e mortos em Votuporanga — Foto: Reprodução

A pena de um dos réus subiu de 23 para 40 anos. Outros três, que foram condenados a 35 anos, tiveram pena aumentada para 60. Entre os condenados está Viviane Moré, irmã de Vitor Moré Baggio, de 22 anos, e filha de Wladmyr Ferreira Baggio, de 56.


O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) acatou um recurso do Ministério Público de São Paulo (MP-SP) aumentou a pena dos réus condenados pelo assassinato de pai e filho, no dia 11 de maio de 2023, em um sítio de Votuporanga/SP. Cabe recurso da decisão.

“A meu ver, não houve ação única desdobrada em diversos atos, mas sim ações distintas. Primeiro a vítima Vitor foi rendida na porteira da propriedade. Depois, com Vitor rendido, a vítima Wladmyr foi rendida. Depois ambos foram amarrados e amordaçados. Na sequência, enquanto as vítimas eram vigiadas e tinham suas agonias gravadas em vídeo por um dos executores, o outro vasculhava o imóvel e separava os bens de ambas as vítimas, e também de Tieme (esposa de Wladmyr), que seriam subtraídos. Enquanto isso, os mandantes eram informados de todos os passos da empreitada. Na sequência, com tiros efetuados com ações distintas (houve mira e disparos contra as cabeças de ambas as vítimas com ações diversas do executor), os ofendidos foram executados”, justificou o promotor Eduardo Martins Boiati.

Segundo o MP-SP, Luís Henrique dos Santos Andrade, que havia sido condenado a 23 anos de prisão, teve a pena ampliada para 40 anos. Para os outros três, Gustavo Henrique de Oliveira da Cruz, Carlos Alberto de Assis Ramos e Viviane More Ramos, que cumpririam pena de 35 anos, a condenação subiu para 60 anos. Somadas as penas chegam a 220 anos em regime fechado. A reportagem tenta contato com a defesa dos réus.

Vitor Moré Baggio, de 22 anos, e o pai dele, Wladmyr Ferreira Baggio, de 56, foram amarrados, vendados e assassinados com tiros na cabeça.

Durante a investigação da Polícia Civil de Votuporanga, foi constatado que os mandantes foram Viviane Moré, irmã e filha das vítimas, e o marido dela, Carlos Ramos. A motivação seria uma herança avaliada em R$ 2 milhões e vingança familiar. 

A investigação constatou que os mandantes foram Viviane Moré, irmã e filha das vítimas, e o marido dela, Carlos Ramos — Foto: Reprodução

Na sentença, emitida no dia 8 de abril de 2024, o juiz José Guilherme Urnau Romera condenou por latrocínio:

  • Gustavo Henrique de Oliveira da Cruz: 35 anos em regime fechado e 19 dias-multa;
  • Luís Henrique dos Santos Andrade: 23 anos e 4 meses em regime fechado e 11 dias-multa;
  • Carlos Alberto de Assis Ramos: 35 anos em regime fechado e 20 dias-multa;
  • Viviane More Ramos: 35 anos em regime fechado e 19 dias-multa. 

Os réus também foram condenados a pagar R$ 100 mil em danos morais à família das vítimas. Todos estão presos preventivamente. A denúncia do Ministério Público (MP) foi recebida pela Justiça no dia 12 de junho de 2025. 

Contratação dos autores 

Segundo a polícia, a investigação também apontou que Gustavo foi contratado pelo casal por R$ 30 mil para matar a família, sendo R$ 10 mil por cada morte. Na ocasião, a mãe de Viviane também seria assassinada, mas ela viajou no dia do crime. 

Três dias antes do duplo assassinato, o delegado responsável pelo caso, Rafael Latorre, informou que os autores do crime participaram de uma reunião. Em seguida, o criminoso convidou o comparsa Luís Henrique para o crime. 

A Polícia Civil teve acesso a áudios dos criminosos, que discutiram sobre a ação. No dia do crime, um vídeo foi enviado pelos criminosos ao casal. Na imagem que a polícia teve acesso, Vitor e Wladmyr estavam amarrados na cozinha. Eles foram mortos em seguida. 

Os criminosos contratados, de 29 e 34 anos, foram presos horas depois de matar as vítimas. Eles confessaram a autoria, disseram que conheciam a rotina da família e planejavam um roubo, porém nada foi levado do imóvel. 

Arma usada no crime foi apreendida, em Votuporanga — Foto: Reprodução

Prisões 

Com o avanço das investigações, a polícia constatou que Carlos e Viviane planejaram o crime. Eles foram presos no dia 22 de maio de 2023 e levados para unidades prisionais de Presidente Prudente/SP e Tremembé/SP. 

O autor contratado pelo casal foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Paulo de Faria/SP.