Tarcísio adia promessa de acabar com vacina obrigatória no serviço público 

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Governador eleito de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos) - Foto: Reprodução

A proposta, que foi feita para agradar aos eleitores bolsonaristas e ao entorno do presidente Jair Bolsonaro (PL), tornou-se um potencial foco de desgaste para o próximo governo diante do aumento de novos casos e internações registrados em novembro.


Uma das promessas mais controversas de campanha do governador eleito de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), o fim da obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19 para os servidores públicos, deve ser adiada e não é prioridade na agenda da área de saúde do governo de transição.

A proposta, que foi feita para agradar aos eleitores bolsonaristas e ao entorno do presidente Jair Bolsonaro (PL), tornou-se um potencial foco de desgaste para o próximo governo diante do aumento de novos casos e internações registrados em novembro. No período, Tarcísio defendeu a liberdade das pessoas de tomar decisão de receber ou não o imunizante.

Segundo integrantes da equipe de transição, o foco das discussões no momento, além de avaliar a atual estrutura do Estado, é encontrar formas de ampliar a telemedicina e assegurar o sistema vacinal completo da covid-19 e de outras doenças, em especial para as pessoas com comorbidades.

Pressão

Dentro do atual cenário, há uma pressão da comunidade médica contra o fim da obrigatoriedade vacinal. Em entrevista coletiva realizada em meados de novembro, Tarcísio indicou a ampliação da distribuição do imunizante no Estado e elogiou a adesão de São Paulo à vacina.

“A epidemia se transformou, vamos ter que se preparar para isso. Brigar pela oferta de vacinas, (…), incentivar a população a se vacinar, buscar fazer com que as pessoas que não completaram o sistema vacinal possam fazer isso”, afirmou o governador eleito, prometendo ouvir áreas técnicas para tomar decisões na área.

As primeiras escolhas de Tarcísio para a composição da pasta também indicaram este caminho. O médico e futuro secretário de Saúde, Eleuses Paiva, foi defensor da ampliação do acesso à vacina anticovid ao longo da pandemia para controlar a disseminação do vírus, além de ser crítico à falta de diálogo do governo federal com Estados e municípios durante os surtos da doença.

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O anúncio do médico infectologista Esper Kallás à presidência do Instituto Butantan também afastou a pauta antivacina no Estado. Professor titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina, da Universidade de São Paulo (USP), e membro do comitê de enfrentamento à covid-19 da universidade, o médico foi ferrenho defensor da vacinação e do uso de máscaras.

“É fundamental manter a obrigatoriedade do uso da vacina no serviço público. A vacina é um bem pessoal, social e uma obrigação do Estado. Além de ajudar a si, previne a doença na população”, disse ao Estadão o médico infectologista David Uip. Ex-coordenador do Centro de Continência do Coronavírus durante a primeira fase da pandemia de covid-19, Uip atualmente é o secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde do Estado de São Paulo. Ele ressalta ainda que há um aumento preocupante de casos de covid entre profissionais de Saúde.

Procurada, a assessoria de imprensa de Tarcísio informou que a atuação do novo governo sobre a vacinação se dará a partir da conscientização e da garantia da disponibilização das doses de reforço. “Ao Estado, cabe preservar a liberdade de escolha do cidadão e atuar ativamente na conscientização, tanto dos servidores públicos como de toda a sociedade. O Estado atuará fortemente na ampliação da cobertura vacinal através de uma comunicação efetiva sobre a importância e a segurança das vacinas, e seguirá garantindo as doses necessárias para todos”, escreveu.

*Com informações do Estadão