Nome é o mesmo adotado no país quando o grupo extremista assumiu o poder pela primeira vez, em 1996. EUA acusam Talibã de impedirem civis afegãos de chegar a aeroporto; voos já começam a chegar na Europa com primeiros cidadãos a conseguirem deixar o país.
O Talibã declarou nesta quinta-feira (19) que o Afeganistão passou a ser o Emirado Islâmico do Afeganistão, mesmo nome adotado no país quando o grupo extremista assumiu o poder pela primeira vez, em 1996.
A declaração foi anunciada em um post do porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, o mesmo que na terça-feira concedeu uma entrevista coletiva, na qual afirmou que grupo teria atitudes mais moderadas desta vez.
له انګریزي ښکیلاک نه د هیواد د خپلواکي د یوسل او دویمې کلیزې په مناسبت د افغانستان إسلامي امارت اعلامیهhttps://t.co/HfZUIHnCJp pic.twitter.com/jQViMYERpW
— Zabihullah (..ذبـــــیح الله م ) (@Zabehulah_M33) August 19, 2021
Nesta quinta, porém, Waheedullah Hashimi, um dos principais comandantes do Talibã, afirmou que as leis no país devem ser semelhantes às que existiam da outra vez que o grupo extremista esteve no poder. Ele afirmou que não há possibilidade de o país adotar a democracia como sistema para escolher os líderes. O Afeganistão provavelmente será governado por um conselho que vai observar a sharia, a lei islâmica.
“Não haverá nada como um sistema democrático porque isso não tem nenhuma base no nosso país, nós não vamos discutir qual será o tipo de sistema político que vamos aplicar no Afeganistão porque isso é claro: a lei é sharia, e é isso”, afirmou Hashimi.
Também nesta quinta-feira, Dia da Independência do Afeganistão, o grupo reagiu com violência aos primeiros sinais de resistência à sua tomada de poder.
Houve manifestações na capital Cabul, segundo o jornal “The New York Times”, nas cidades de Jalalabad e Asadabad e no distrito da província de Paktia, segundo a agência de notícias Reuters, e relatos de mortes em Asadabad e tiros em Cabul, onde a manifestação foi dispersada com violência pelo Talibã.
Retirada de estrangeiros
Enquanto isso, países relatam dificuldades para concluir a retirada de seus diplomatas e seus colaboradores afegãos, ainda que o Talibã tenha garantido que a segurança deles estaria garantida.
Os Estados Unidos acusaram o grupo de manter postos de controle ao redor do aeroporto internacional de Cabul para barrar a saída de afegãos, o que os talibãs negam.
Doze pessoas já morreram dentro e ao redor do aeroporto internacional Hamid Karzai desde domingo, autoridades do Talibã e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) disseram à Reuters nesta quinta-feira.
O governo dos EUA enviou 6 mil militares para garantir a segurança no aeroporto de Cabul e retirar os 30 mil americanos e civis afegãos que trabalharam para Washington e temem por suas vidas. Até o momento, foram retirados pouco mais de 5 mil (3.200 essencialmente funcionários americanos, 2 mil refugiados afegãos).
A Alemanha, que deve repatriar até 10 mil pessoas, incluindo mais de 2,5 mil afegãos, retirou 500 pessoas, incluindo 202 afegãos, e aprovou o envio de 600 soldados a Cabul para ajudar na saída do maior número possível de pessoas até 30 de setembro, no mais tardar.
Também na Europa, o primeiro avião militar da Espanha procedente de Cabul com 50 espanhóis e colaboradores afegãos pousou nesta quinta-feira na base militar de Torrejón de Ardoz, ao nordeste de Madri.
A Espanha também aceitou ajudar a retirar do Afeganistão cerca de 400 funcionários locais da União Europeia e outros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e transportá-los para a Europa. Os cidadãos afegãos serão enviados para vários países europeus.
A ponte aérea francesa, via Emirados, prossegue com a chegada prevista nesta quinta-feira de um novo voo com 120 pessoas, essencialmente afegãos. Um primeiro contingente deles chegou na quarta-feira a Paris. A França deve retirar milhares de pessoas do Afeganistão, mas não forneceu um número preciso.
O Reino Unido já retirou 306 britânicos e 2.052 afegãos do país agora controlado pelo Talibã.
A Turquia repatriou 324 cidadãos na segunda-feira e organiza o retorno de mais de 200 de Cabul.
Outros voos partiram nos últimos dias para Holanda, Polônia (um segundo avião retorna nesta quinta ao país), Dinamarca, Noruega, República Tcheca, Hungria e Bulgária. Quinze romenos não conseguiram chegar ao aeroporto de Cabul e o avião enviado por seu país retornou com apenas uma pessoa, de acordo com a agência France Presse.
*Informações/G1