SOBRIEDADE JÁ – Mate maus sentimentos em legítima defesa

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Carlinhos Marques

Pode ter certeza: a psicologia, a medicina, mas principalmente as pessoas de bom senso concordam com essa sentença de morte que eu estou sugerindo no título do nosso bate-papo de hoje.

Nós precisamos sim matar os maus sentimentos. Más intenções em nossa legítima defesa! Você sabia que o próprio Código Penal Brasileiro absolve a pessoa que em legítima defesa tira a vida de alguém? Inclusive a Igreja entende que em legítima defesa não existe condenação. Quando alguém para se defender acaba neste extremo de tirar a vida de alguém, não existe condenação. Eu peço a Deus que eu nunca precise me defender neste nível, mas existe sim, conclusões de teólogos da Igreja Católica sobre isso. E tem uma lógica, não é?

Faz parte do amor próprio se defender, defender a sua vida. Ok!

Mas não é estranho que no momento onde se discute com uma enorme ênfase sobre o “armar a população para se defender”, o tanto que nós não conseguimos nos defender de nós mesmos? Nós não conseguimos matar de dentro de nós alguns sentimentos que se não forem mortos, eles sim vão nos matar.

Nós somos animais racionais, mas que, às vezes, se deixa dominar pela irracionalidade e essa é uma delas: a gente tem medo das coisas que vem de fora e que podem nos matar, seja um vírus, seja o trânsito, seja a poluição, sejam outras pessoas, mas ignoramos o que nós temos lá dentro que mata a gente de dentro para fora.

Tem uma metáfora de uma historiazinha que diz que um homem muito sábio, morava sozinho, em um lugar bem afastado da cidade, e que muita gente ia até ele para se aconselhar. Mas esse homem sempre reclamava que tinha muito trabalho, que o dia dele era muito desgastante e é o que parecia improvável, principalmente naquele ambiente de montanha, sei lá, silêncio, sem nada e nem ninguém a sua volta…, mas ele se explicava;

Ele dizia assim: “Me cansa muito eu ter que cuidar de todos os meus animais.” Aí todo mundo ficava surpreso porque ninguém nunca tinha visto um animal por ali… Foi ali que ele começou a explicar: “Eu tenho que domar todo dia dois falcões, eu tenho que treinar duas águas, eu tenho que manter quietos dois coelhos, vigiar uma serpente, carregar um burro e domar um leão!”

E aí diziam, “mas ninguém nunca viu nenhum destes animais por aqui!” e aí ele completava: “Esses animais, pessoal, todos nós temos dentro de nós! Eu chamo de dois falcões os meus olhos, porque eles se lançam sobre tudo o que aparece, seja coisa boa ou seja ruim. Então eu tenho que ficar domando-os, toda hora, para que eles olhem somente para as coisas boas. Sabe, eu tenho também, duas águias: e olha que essas duas águias machucam demais as pessoas com as suas garras. Eu quando menos percebo elas estão ali, presas, segurando o que eu tenho que deixar ir embora, ou deixando escapar às vezes, as coisas que tenho que segurar; tenho que treiná-las para que sejam úteis, sem ferir ninguém: essas são as minhas mãos. Mas eu tenho também dois coelhos que só querem ir para onde lhes agrada, normalmente querem fugir das dificuldades. Eu tento ensinar eles todos os dias a ficarem quietos, a terem calma, para não correrem à toa, sem objetivo, mas é difícil: esses são os meus pés.

Agora, o animal mais difícil que eu tenho para vigiar e que me dá um trabalho danado é a serpente! E olha que a minha serpente fica presa numa jaula e uma jaula com umas trinta e duas barras, mas mal se abre a jaula, ela está lá, sempre pronta para dar o bote.  E a picada dela é muito venenosa; num golpe só ela é capaz de envenenar todo mundo que estiver por perto. Essa causa muitos danos se não vigiar bem: é a minha língua.

E tem também o burro. Esse é muito teimoso, parece que está sempre cansado. Sempre acha a carga pesada demais, sempre recusa a carregar; só quer ficar na sombra e se deixar, ele vive ali empacado: esse é o meu corpo. E finalmente, sabia que eu tenho um leão? Pensa em um animal orgulhoso. Depois então que disseram que ele é o rei da selva, ficou mais vaidoso ainda, prepotente, feroz mesmo: esse animal é o meu coração!”

Pois é, você reconhece esse zoológico todo aí?

Talvez você já tenha escutado essa historiazinha, mas o que eu vejo de interessante, é que todos esses animais estão realmente em nós e que eles obedecem a ordem do rei, do leão, e no caso do nosso corpo, obedecem ao nosso coração.

É dele que vem as ordens para as vinganças, para a soberba, para o ataque, para condenar, para perdoar… então gente, antes que chegue qualquer ordem dessas para esses nossos animais, antes que algum sentimento negativo ordene esse extinto animal nosso, mate esses sentimentos.

Os maus sentimentos vêm do coração.

E o sentimento é o ensaio da ação. Nós somos realmente o que nós sentimos! Tudo o que somos, surge do que a gente sente! Você quer interpretar o sentimento de alguém? Observe a ação dela! A ação revela o que vem do coração! Eu vou repetir: mate os seus maus sentimentos em defesa própria, em legítima defesa!

Nós corremos o risco até de pensar que sentimento é algo involuntário, mas não, ele pode ser aprendido também e principalmente pode e deve ser cultivado.

Quantas doenças matam o corpo porque obedecem às ordens severas do nosso leão aqui de dentro! Cultivam sentimentos estragados…

Domine seu coração; sopre sentimentos positivos. Sentimentos positivos são a oração da alma. Só você pode domar o que vem do seu coração. Ninguém pode, ninguém vai invadir. Você é que tem o domínio sobre ele; você é o seu próprio domador.

Que seu coração mande ordens que gerem sentimentos positivos, porque sentimentos geram palavras e palavras geram atitudes, atitudes geram hábitos e olha, são os seus hábitos que formam a sua personalidade.

Então mate seus maus sentimentos em legítima defesa!

 

Por Carlinhos Marques

Presidente Fundador da Comunidade Terapêutica Novo Sinai,

que acolhe dependentes químicos desde 2005 de forma voluntária e gratuita, idealizador do projeto “Sobriedade Já”

 

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