SOBRIEDADE JÁ 

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Carlinhos Marques - Presidente Fundador do INSTITUTO NOVO SINAI - Foto: Reprodução

O CORPO É A PLACENTA DA ALMA

Já percebeu que tudo na vida tem um prazo de validade. Veja a placenta, por exemplo: é vital para o corpo, mas só até o nosso nascimento. Depois, é descartada. Da mesma forma, o corpo humano tem sua utilidade, sua validade, ele serve à alma apenas até a nossa morte.

Quando o corpo termina sua missão, é a alma quem segue viagem, independente, leve, liberta. O corpo, que antes carregava a vida, torna-se como a placenta que já cumpriu seu papel. É um lembrete de que nada nos pertence para sempre, nem mesmo o que julgamos indispensável hoje.

Quantas vezes nos apegamos ao temporário como se fosse eterno? O corpo é um instrumento, não o fim. A vida verdadeira não está no que nos sustenta agora, mas no que nos transcende quando o corpo já não puder nos conter. Aprender a desapegar é o maior gesto de sabedoria, é entender que a eternidade começa quando o provisório se cala. 

“Porque, se o homem morrer, acabaram-se os seus cuidados.” (Eclesiastes 9,6) 

A FÉ É O COMPLEMENTO DOS SENTIDOS 

Quando disseram a Sócrates que ele era o mais sábio dos gregos, ele respondeu: “Só sei que nada sei.”

A força dessa frase está na consciência da própria ignorância. Só quem reconhece que não sabe, se abre para aprender. 

O perigo é o contrário: achar que já sabe. Nenhum aluno é mais difícil para o professor do que aquele que acredita não precisar mais aprender. 

Com a fé acontece algo parecido. Há coisas que a razão não explica, e é aí que a fé começa seu trabalho silencioso. Desde o século XIII, os católicos cantam no Tão Sublime Sacramento: “Venha a fé, por suplemento, os sentidos completar.” 

A fé é o que acontece quando o saber não basta, é justamente a fé que vem completar o sentido. É o remendo divino das limitações humanas. A ciência nos mostra o que é, já a fé, mostra o que é quando para nós parece apenas um pode ser. E é nesse espaço entre o visível e o invisível que a alma encontra paz.

“Felizes os que não viram e creram.” (João 20, 29)

DEUS NUNCA ESTARÁ MORTO 

Certa vez li algo assim: Ele nunca escreveu um livro. Nunca teve cargo de destaque. Não formou família nem teve casa. Viveu toda a vida num raio de poucos quilômetros de onde nasceu. 

Com 33 anos, foi rejeitado, traído, condenado e crucificado entre ladrões. Disputaram até suas roupas as únicas que possuía. E foi sepultado num túmulo emprestado. 

E, ainda assim, mais de dois mil anos depois, Ele continua vivo. Nenhum rei, governo, cientista ou artista teve tanta influência quanto aquele que viveu sem riquezas, mas amou sem medida. 

Seu segredo? Ele é Deus. E Deus não precisa de palácios, nem de aplausos — basta um coração aberto para continuar vivo. 

“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá.” (João 11, 25)

INTUIÇÃO, RAZÃO OU INTENÇÃO

Quando você responde rápido “dois mais dois são quatro”, é a razão falando.
Mas quando precisa pensar, sentir o peso da dúvida, é a intuição que começa a sussurrar. 

A razão vê o que está diante dos olhos; a intuição enxerga o que se esconde atrás. Os grandes inventores, artistas e santos olharam o mesmo mundo que nós, as mesmas coisas que nós, mas viram algo que ninguém via. 

A intuição é a alma falando baixinho, enquanto a razão é apressada. Uma até nos protege do erro, mas a outra nos empurra para o novo. O problema começa quando confundimos intuição com intenção, porque o desejo disfarçado de “voz interior” engana fácil. 

A verdadeira intuição nasce do silêncio. Ela vem quando a mente se aquieta e o coração escuta. É o radar da alma, o ponto onde Deus sussurra aquilo que a lógica não explica. 

“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te apoies em tua própria inteligência.” (Provérbios 3,5)

BUSCAR CAUSAS E NÃO CONSEQUÊNCIAS 

Conta-se que dois pescadores tranquilos pescando na margem do rio, de repente viram uma criança descendo a correnteza abaixo, se afogando. Pularam na água e a salvaram. 

Logo depois, meio sem entender o que estava acontecendo, outras duas crianças vinham se afogando também, por mais que tentassem, salvaram apenas uma criança. 

Instantes depois, três crianças surgem se debatendo na água. Um pescador se lança outra vez no rio, mas o outro sai correndo rio acima. 

“Ei! Você não vai ajudar?”   gritou o amigo. 

“Vou, mas lá em cima. Quero ver quem está jogando as crianças no rio.” 

Essa história é sobre olhar além do aparente. De nada adianta enxugar o chão se o cano continua jorrando água.
Na vida, muitas vezes tentamos curar feridas sem entender de onde vem o corte. 

Pais, antes que seus filhos se afoguem nas correntezas do mundo, subam o rio. Descubram quem ou o que está lançando-os nele. A verdadeira sabedoria está em buscar causas, não apenas consequências. 

“O simples acredita em tudo, mas o prudente examina bem os seus passos.” (Provérbios 14,15)

Por: Carlinhos Marques 

Presidente Fundador Instituto Novo Sinai, idealizador projeto “Sobriedade Já” 

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