O levantamento mostrou que de 1999 a 2009, o índice de sobrevida era de 70%; já de 2009 até agora, em 2021, essa taxa aumentou e atingiu seu maior patamar, 82%.
Segundo um estudo realizado pelo setor de Oncologia Pediátrica do Hospital da Criança e Maternidade (HCM), de São José do Rio Preto/SP, referência no atendimento para mais de 100 municípios da região, o índice de sobrevida em pacientes infantojuvenis diagnosticados com câncer aumentou em 12% nos últimos 12 anos. O levantamento mostrou que de 1999 a 2009, o índice de sobrevida era de 70%; já de 2009 até agora, em 2021, essa taxa aumentou e atingiu seu maior patamar, 82%.
Nesta quarta-feira, 23 de novembro, em que é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil, a Dra. Francine Megid, oncologista pediátrica do HCM, explica que vários fatores contribuíram para esse aumento na taxa de sobrevida. “Tivemos uma grande melhora nas terapias de suporte, como as de emergência e as de terapia intensiva; melhorou também o acesso da população aos serviços e aos tratamentos de referência; além dos estudos genéticos mais específicos para cada tipo de tumor”, explicou a oncologista.
O câncer infantojuvenil é a primeira causa de morte entre crianças e adolescentes, de 0 a 19 anos, no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Entre 2020 e 2022, são esperados 25 mil novos casos, dos quais, cerca de 7.000 resultarão em morte no país. Porém, a realidade pode ser diferente, pois as chances de cura podem chegar a 80%, quando diagnosticados precocemente, segundo o Instituto.
Diferentemente do que pode acontecer com adultos, no entanto, o estilo de vida geralmente não tem influência no desenvolvimento de cânceres no público infantil, por isso é tão imperioso reforçar o a importância do diagnóstico precoce para salvar vidas.
Os cânceres em crianças e adolescentes são considerados mais agressivos e se desenvolvem rapidamente, porém a resposta ao tratamento é mais eficaz. “Os pacientes infanto-juvenis respondem, em sua grande maioria, melhor ao tratamento com quimioterapia e com isso, as chances de cura são maiores, se comparado com os adultos. Por isso, é vital que a doença seja descoberta o quanto antes”, alerta a médica.
O câncer infantojuvenil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os do sistema nervoso central e linfomas (sistema linfático).
Também acometem crianças e adolescentes o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), tumor de Wilms (tipo de tumor renal), retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), tumor germinativo (das células que vão dar origem aos ovários ou aos testículos), osteossarcoma (tumor ósseo) e sarcomas (tumores de partes moles).
“Existem fatores genéticos e fatores ambientais como vírus, medicações, exposição à radiação, entre outros, mas o câncer na infância não tem uma única causa. São vários fatores que juntos contribuem para o desenvolvimento da doença”, disse a Dra. Francine.
O grande problema é que, muitas vezes, os sinais e sintomas do câncer são similares aos de outras doenças comuns. “Febre, dores pelo corpo, dores ósseas, pequenos sangramentos embaixo da pele, palidez, alterações oculares e neurológicas, aparecimento das massas palpáveis em qualquer parte do corpo e o aumento de linfonodos (ou gânglios linfáticos), como são chamadas as pequenas estruturas que funcionam como filtros para substâncias nocivas e estão espalhadas pelo organismo”, disse a oncologista do HCM Rio Preto.