Médico psiquiatra Dr. Fernando de Biazi Andreotti detalhou sobre fatores de risco, indícios e tratamento.
A prevenção do suicídio é um compromisso de todos nós e o Setembro Amarelo nos lembra da importância de estar atento aos sinais de alerta, oferecer apoio e promover a conscientização sobre a saúde mental. Com informação e rede de apoio, podemos salvar vidas.
O SanSaúde apoia a campanha e conversou com o médico psiquiatra Dr. Fernando de Biazi Andreotti, para ele trazer esclarecimentos sobre o tema.
O que é o suicídio?
O termo suicídio deriva da palavra em latim para “autoassassínio”. “Trata-se de um ato fatal que representa o desejo da pessoa de morrer. Contudo, há uma diferença entre pensar em suicídio e traduzi-lo em ação. Algumas pessoas planejam durante dias, semanas ou até mesmo anos antes agir, enquanto outras tomam suas vidas aparentemente movidas por um impulso, sem premeditação”, explicou o especialista.
Indícios
Dr. Fernando disse ainda que o suicídio é impossível de prever, mas podem-se observar diversos indícios. Expressões que abrangem ideação e comportamento suicidas:
- Tentativa de suicídio abortada: comportamento autodestrutivo com evidências explícitas ou implícitas de que a pessoa pretendia morrer, mas a tentativa foi interrompida antes da ocorrência de danos físicos.
- Automutilação deliberada: atos intencionais de causar dor, lesões ou destruição sem intenção de morrer.
- Ideação suicida: pensamento de servir como agente da própria morte; a gravidade pode variar dependendo da especificidade dos planos e do grau de intenção suicida.
- Intenção suicida: expectativa subjetiva e desejo de que o ato autodestrutivo cause morte.
- Tentativa de suicídio: comportamento autodestrutivo com resultado não fatal acompanhado por evidências explícitas ou implícitas de que a pessoa pretendia morrer.
- Suicídio: morte autoinfligida com evidências explícitas ou implícitas de que a pessoa pretendia morrer.
Fatores de risco
O psiquiatra do SanSaúde elencou os fatores de risco:
- Gênero: Homem comete mais o suicídio em uma proporção próxima de 4 vezes mais.
- Idade: Maior em pessoas de meia idade, mesmo subindo o número entre jovens
- Genética: familiares que já tentaram ou cometeram o suicídio
- Estado civil: casados têm risco menor, principalmente se tiver filhos. Solteiros têm risco dobrado e divorciado, triplicado.
- Pacientes psiquiátricos: aproximadamente 95% das pessoas que tentam suicídio têm doença mental e cerca de 80% são transtorno depressivo, 10% esquizofrenia.
- Dependência de drogas: risco está em torno de 20x mais
- Fatores biológicos: Serotonina central reduzida contribui para o comportamento suicida.
- Comportamento suicida anterior. Uma tentativa anterior de suicídio talvez seja o melhor indicador de que um paciente corre maior risco. Estudos mostram que aproximadamente 40% dos pacientes deprimidos que cometem suicídio fizeram uma tentativa anterior.
- Depressão está associada tanto a suicídio consumado como a tentativas graves. A característica clínica associada com maior frequência à gravidade da intenção de morrer é um diagnóstico de transtorno depressivo.
Tratamento
A maioria dos suicídios entre pacientes psiquiátricos pode ser prevenida. “Para casos de transtornos de humor/psicóticos graves, na maioria das vezes, a hospitalização é necessária até sair do quadro iminente de morte pela ação impulsiva que possa ser gerada”, disse.
A avaliação do potencial de suicídio envolve a obter uma história psiquiátrica completa; um exame minucioso do estado mental do paciente; e uma indagação sobre sintomas depressivos, pensamentos, intenções, planos e tentativas suicidas.
Hospitalizar ou não um paciente com ideação suicida é a decisão clínica mais importante a ser tomada. “Nem todos exigem hospitalização; alguns podem ser tratados em contexto ambulatorial. Porém, pessoas que moram sozinhas e sem ajuda de um suporte familiar 24 horas por dia, têm comportamento impulsivo e plano de ação suicida são indicações para internação”, disse.
A decisão de internar um paciente depende do diagnóstico, da gravidade e da ideação suicida, da capacidade de enfrentamento da família, da situação de vida, da disponibilidade de suporte social e familiar, no monitoramento 24 horas por dia dos parentes e amigos e se a pessoa apresenta risco de cometer o suicídio. “Retirar objetos que possam ser o causador do ato, como facas, acesso aos medicamentos também são dicas importantes, sendo que o familiar tem que ficar responsável e acompanhar as tomadas das medicações, até que os sintomas e pensamentos desapareçam”, frisou o médico.
Para evitar o suicídio, Dr. Fernando ressaltou que é fundamental tratar a base do problema com auxílio de medicação e psicoterapia. “Impedir uma pessoa de cometer o suicídio é improvável, mas seguir com todos os cuidados e tratamento, o risco se torna menor”, concluiu.