Último boletim médico informa que ex-presidente está sem dor e sem sangramentos.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) segue internado na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital DF Star, em Brasília/DF, após a cirurgia para desobstruir parte do intestino feita no domingo. A equipe médica responsável pela operação em Bolsonaro informou ontem que o resultado da intervenção foi satisfatório, mas afirmou que não há ainda uma previsão para o ex-presidente deixar a UTI. A expectativa é de uma internação hospitalar de pelo menos duas semanas e de um pós-operatório com duração de dois a três meses.
O último boletim sobre o quadro de saúde de Bolsonaro, divulgado na tarde desta segunda-feira (14.abr), informa que o ex-presidente está sem dor e sem sangramentos, mas cita que ele não tem previsão de alta da unidade de terapia intensiva. Pela manhã, seus médicos afirmaram que Bolsonaro se alimenta por via intravenosa e está consciente.
“A expectativa é que Bolsonaro tenha uma vida sem restrições, mas o pós-operatório deve durar de dois a três meses. Nossa expectativa é que ele fique pelo menos duas semanas internado. É uma previsão que será reavaliada com a evolução”, disse o médico Cláudio Birolini, chefe da equipe, durante uma coletiva de imprensa.
O boletim do DF Star também informou que ontem Bolsonaro se sentou no leito e tem “boa evolução clínica”, “mantendo-se acordado, orientado, sem dor, sangramentos ou outras intercorrências”. O hospital divulgou ainda que o ex-presidente iniciou deambulação assistida, ou seja, caminhada com auxílio.
A cirurgia para descolar as chamadas “aderências” no órgão e reconstruir a parede abdominal durou 12 horas e foi de grande porte. A obstrução intestinal era resultante de uma dobra do intestino delgado que dificultava o trânsito intestinal e que foi desfeita durante o procedimento. O problema de saúde é uma sequela do ataque a faca contra Bolsonaro há sete anos, durante a campanha de 2018.
Cuidado prolongado
Outro integrante da equipe médica, o cardiologista Leandro Echenique evitou falar sobre uma previsão de alta hospitalar e enfatizou ainda que não há “sequer previsão de Bolsonaro sair da UTI”. Em uma postagem nas redes sociais na madrugada, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro havia afirmado que o marido tinha seguido para o quarto. Os médicos explicaram que ela quis se referir ao fato de Bolsonaro ter deixado o centro cirúrgico e ido para o quarto da UTI.
“A cirurgia foi extremamente complicada, havia muitas aderências. O procedimento terminou muito bem, com resultado excelente”, disse Echenique. “É claro que isso implica em alguns cuidados de pós-operatório, que serão acompanhados nos próximos dias.”
O cardiologista afirmou que não houve complicação na cirurgia, procedimento que definiu como complexo, mas explicou que Bolsonaro precisa de medidas específicas pelo aumento do risco de trombose: “Vai ser um pós-operatório delicado e prolongado. Não há qualquer previsão de alta.”
Uma das preocupações da equipe é com a agenda atribulada do ex-presidente, que costuma viajar pelo país em compromissos políticos.
“O (ex-)presidente tem uma agenda muito extensa, é difícil segurá-lo para viagens. Tentaremos segurar enquanto pudermos para a recuperação”, disse Birolini.
O chefe da equipe médica explicou que a cirurgia foi necessária porque a distensão no abdome de Bolsonaro não cedia: “Grosso modo, o abdome dele é um ambiente hostil, pelas cirurgias prévias e a facada recebida. Para se ter ideia, foram necessárias duas horas de cirurgia só para acessar a parede abdominal dele”, afirmou Birolini.
“O intestino estava sofrido, o que nos leva a crer que ele já estava com esse quadro há meses. Isso contribuiu para a decisão de intervenção cirúrgica. Esperamos que ele não precise de uma nova cirurgia nas próximas horas. Novas aderências vão se formar, isso é esperado.”
Viagem interrompida
Bolsonaro passou mal na última sexta-feira, no Rio Grande do Norte, após sentir os efeitos da retenção intestinal, e foi transferido no dia seguinte para o Distrito Federal, onde foi feita a operação. O ex-presidente participava, na sexta-feira de manhã, de um ato político no Rio Grande do Norte quando começou a sentir dor na região da barriga. Ele foi atendido às 11h15 em um hospital na cidade de Santa Cruz, a 115 quilômetros da capital potiguar, e depois foi transferido para Natal.
Ao avaliar a situação de saúde do ex-presidente, a equipe médica ficou preocupada com indícios de piora no quadro. Desde a facada em 2018, Bolsonaro tem histórico de interrupção do trânsito no intestino, que é controlada a partir de medicação.
*Com informações do O Globo