Crime ocorreu no ano passado, mas o caso foi registrado em março de 2024. Na ocasião, o então bispo Dom Valdir Mamede, da Diocese de Catanduva/SP, agarrou e o beijou a força, além de cometer a violência sexual. Em novembro de 2023, o acusado chegou a renunciar ao cargo, mas não justificou o motivo.
A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar uma denúncia contra um ex-bispo suspeito de estuprar, assediar e importunar sexualmente um padre, de 31 anos. O crime aconteceu no ano passado, mas o boletim de ocorrência só foi registrado no dia 22 de março deste ano.
O padre que denunciou os crimes afirmou que Dom Valdir Mamede, então bispo da Diocese de Catanduva/SP, o agarrou e o beijou a força, além de cometer a violência sexual. Porém, em novembro de 2023, o acusado chegou a renunciar ao cargo.
“Desde os meus 13 anos sou acompanhado pela Diocese. Ter que passar por isso foi a maior decepção da minha vida. Fiquei sem chão. Nunca pensei em um dia ser abusado sexualmente”, lamentou o padre.
Segundo a vítima, o crime ocorreu na casa do então bispo, quando o suspeito pediu que ela o acompanhasse até o local por estar alcoolizado. Na ocasião, o padre disse que Dom Valdir pediu desculpas, demonstrou-se arrependido e implorou para que ele não contasse o ocorrido à ninguém.
A vítima também informou que o Dom Valdir ligava por chamada de vídeos, ficava nu e se masturbava em frente à câmera. Em outra oportunidade, o bispo obrigou que a vítima abrisse a porta da casa para que ele entrasse.
Na residência, segundo o padre, o bispo tentou, novamente, abusar sexualmente dele. Porém, dessa vez, conseguiu impedi-lo.
“Na primeira vez, eu fiquei sem reação e acabou se consumando o crime. Ele me pegou de uma forma inesperada, nunca poderia imaginar algo assim. Ele tentou outras vezes, mas eu escapei e já estava ciente da falta de moral dele”, expõe o padre.
A vítima ainda contou que denunciou o caso à Nunciatura Apostólica, que encarregou Dom Moacir Silva, Arcebispo de Ribeirão Preto/SP, a conduzir uma investigação interna da igreja. A imprensa questionou a Arquidiocese sobre o andamento da apuração, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Renúncia
No dia 1º de novembro do ano passado, o boletim da Sala de Imprensa do Vaticano divulgou que o bispo renunciou ao cargo, sem justificar o motivo. Questionado sobre ter feito o B.O. somente neste ano, o padre disse que o agressor retornou à Diocese, o que motivou a denúncia.
Devido às pressões e danos psicológicos, o padre está de licença médica e afastado do trabalho por 90 dias. “Eu nunca desejei recorrer à polícia. Só fiz isso porque a situação é delicada, e a igreja foi omissa. Após a desfaçatez de pisar na Diocese, e tecer ameaças, tomei coragem de ir à Justiça procurar paz”, finaliza o padre.
O delegado responsável pela investigação, Adriano Pitoscia, informou à reportagem que foram adotadas providências judiciárias, como oitivas de testemunhas. O caso está em segredo de Justiça.
A reportagem tentou contato com o ex-bispo, mas não obteve retorno até a última atualização.
Em nota, a Diocese de Catanduva afirmou que “a orientação do Papa Francisco é para que, diante de infrações penais cometidas por membros da Igreja Católica em caráter individual, as autoridades competentes devem ser acionadas para tomar as providências cabíveis.”