Pneumologista alerta sobre riscos dos cigarros eletrônicos

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Dra. Amanda Tosta Vieira

Dra. Amanda Tosta Vieira explicou composição, malefícios e contraindicou uso em substituição aos cigarros de papel.


Ele ganhou novos formatos, cores e “sabores”, mas o cigarro eletrônico já é um antigo conhecido. Desde que surgiu, vem cativando cada vez mais adeptos. Alguns usam por curiosidade, outros como substituição dos tradicionais de papel.

Mas não se engane: os DEFs (Dispositivos Eletrônicos para Fumar) não são saudáveis. A pneumologista do SanSaúde, Dra. Amanda Tosta Vieira, falou sobre os malefícios. “Os DEFs são aparelhos eletrônicos compostos por bateria de lítio com diferentes mecanismos de funcionamento- como e-Cigs, cigarro eletrônico. Não produzem fumaça, mas um vapor ou aerossol e, por esse motivo, são propagados, erroneamente, como menos prejudiciais à saúde”, afirmou.

Composição

A principal característica do e-cigs (cigarros eletrônicos) é a presença do e- líquido, um cartucho com solução que pode conter ou não a nicotina na forma líquida, em diferentes concentrações, e/ou somente aditivos com uma infinidade de atrativos, como aromas e sabores, que camuflam incontáveis elementos tóxicos. “O aquecimento desse e-líquido libera um aerossol formado por mais de 80 substâncias, como propilenoglicol, glicerol e até etilenoglicol, que são sabidamente tóxicas e causadoras de lesões pulmonares”, complementou.

Um dos tipos de e-Cigs, o JUUL, por exemplo, contém uma concentração absurdamente elevada de sais de nicotina (combinação da nicotina com ácido benzoico), camuflando seu gosto característico e facilitando a tragada, conhecido como supernicotina. “A cada pod – refil de e-líquidos, dessa modalidade corresponde a 200 tragadas, ou seja um maço de cigarro tradicional”, alertou.

Riscos

Estudos evidenciam que, em curto prazo, usuários dos e-Cigs tiveram um aumento de 42% para o risco de infarto agudo do miocárdio e 48% na chance de surgimento de asma em adolescentes. “São um risco potencial para doenças cardiovasculares tanto entre seus usuários quanto entre os expostos passivamente ao seu aerossol, não sendo, portanto, recomendado o uso destes dispositivos em ambientes fechados – como tem sido visto em grande parte de festas, reuniões e eventos hoje em dia”, disse.

Especialmente sobre os jovens, público que tem mais consumido os DEFs, a Dra. Amanda explicou que o uso causa irreversíveis danos à saúde e até ao óbito, como foi o caso da epidemia de E-cigarette or Vaping product use – Associated Lung Injury (conhecido como, EVALI- lesão pulmonar grave associada ao cigarro eletrônico, com evolução para insuficiência respiratória em até 30% dos casos). “Além dos danos pulmonares, exames com neuroimagens do cérebro de jovens que iniciaram tabagismo evidenciam uma redução acentuada da atividade no córtex pré– frontal – área responsável pela cognição e tomada de decisões”, destacou.

Uso para largar o cigarro?

A médica frisou que é contraindicado o uso, mesmo para quem quer largar o vício. “Várias entidades manifestaram-se contrários ao cigarro eletrônico, como Associação Médica Brasileira, European Respiratory Society, Sociedade Brasileira de Pneumologia, e até a Sociedade Americana de Câncer. Desta forma, os profissionais de saúde não devem incentivar o fumante à troca por estes produtos, mas sim recomendar, motivar e disponibilizar as formas de cessação do tabagismo, baseadas em evidências científicas- como por exemplo, programa específicos”, disse.