PF diz aguardar fim das investigações do assalto em Araçatuba para decidir se enquadra caso como terrorismo

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Material explosivo apreendido pela polícia em Araçatuba — Foto: Polícia Militar/Divulgação

A PF informou que ainda está levantando as informações em campo sobre o ataque para poder concluir o registro da ocorrência. Três pessoas morreram durante o ataque, dois moradores e um criminoso.


A Polícia Federal aguarda a conclusão do trabalho do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) para ser notificada oficialmente sobre a quantidade de explosivos apreendidos e neutralizados em Araçatuba/SP. Ainda estão sendo levantadas informações em campo sobre o ataque para poder concluir o registro da ocorrência. Uma das linhas de investigação é a de crime de terrorismo, informou a PF.

O material explosivo foi deixado pela quadrilha que atacou agências bancárias na cidade, nesta segunda-feira (30).

O caso pode ser enquadrado como crime de terrorismo, possibilidade que não está descartada. Mas a coordenação da investigação aguarda mais elementos para definir o que chamam de “adequação típica” para fechar a questão.

Gate usa robô para manejar explosivos apreendidos em Araçatuba — Foto: Reprodução

Policiais do Gate localizaram 98 explosivos deixados pela quadrilha que atacou bancos em Araçatuba.

Os artefatos foram encontrados nas ruas, nos bancos, nos carros abandonados entre Gabriel Monteiro/SP e Bilac/SP e também em um caminhão deixado pelo grupo perto das agências bancárias.

A Polícia Militar informou que o material explosivo foi levado pelo Gate até uma área de aterro sanitário, no bairro Água Branca, para detonação.

Explosivos e bananas de emulsão foram apreendidos em caminhão deixado por quadrilha em ataque a bancos de Araçatuba — Foto: Polícia/Divulgação

Varredura na cidade

Os policiais do Gate se reuniram nesta manhã para fazer uma varredura no centro de Araçatuba. Objetivo é saber se há mais explosivos deixados pelo grupo. Por conta da ação, o comércio na região ficou fechado nesta terça-feira (31).

As aulas também foram suspensas e o transporte público teve alteração na rota dos ônibus para evitar circulação de pessoas no centro.

Três presos

Um suspeito de envolvimento no ataque a três agências bancárias de Araçatuba foi preso em Campinas/SP, a 450 quilômetros de distância do mega-assalto no noroeste paulista, na noite de segunda-feira.

De acordo com a Polícia Federal, ele foi detido por policiais da Divisão Especializada de Investigações Criminais (DEIC) e encaminhado a sede da Polícia Federal em Araçatuba. A PF assumiu a investigação do crime por envolver bancos (Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) ligados ao governo federal.

O homem é a quarta pessoa detida durante a investigação. Um suspeito detido, também na segunda-feira, foi ouvido e liberado. Um casal segue preso por suspeita de envolvimento no crime.

O ataque

Pelo menos 20 criminosos participaram da ação no interior de São Paulo, que resultou em três mortes e cinco feridos, um deles em estado gravíssimo depois que teve os pés amputados após ser atingido por explosivo.

A quadrilha chegou à região central de Araçatuba por volta da meia noite de segunda-feira e rendeu moradores. Eles foram usados como “escudo humano” sobre os carros. Um homem obrigado a se segurar no capô de um carro relatou momento de pânico.

Veículos foram queimados em vários pontos do município e da região para impedir a chegada da polícia. Drones também foram usados pela quadrilha para monitorar a ação da Polícia Militar.

Criminosos fizeram ‘escudo humano’ com moradores de Araçatuba — Foto: Arquivo pessoal

Fuga e buscas pelos criminosos

Duas agências bancárias foram assaltadas. Em uma delas, que funciona como uma tesouraria regional, os criminosos tiveram acesso ao cofre subterrâneo. Na outra, a quadrilha atacou os caixas eletrônicos. A terceira agência foi apenas danificada. O valor levado não foi divulgado.

Depois de atacarem as agências bancárias e trocar tiros com a Polícia Militar, os criminosos fugiram em direção ao bairro Engenheiro Taveira, onde também roubaram veículos de moradores.

Durante a ação criminosa com tiros e explosões, que durou duas horas, dois moradores e um dos integrantes da quadrilha morreram baleados. Cinco homens também ficaram feridos durante o mega-assalto. Todos foram levados para a Santa Casa de Araçatuba, incluindo o jovem que teve os pés amputados após se aproximar do explosivo.

Dos cinco pacientes, dois estão com escolta policial. Ou seja, são considerados suspeitos de participarem da ação.

Policiais civis, militares e federais fizeram buscas pelos criminosos durante toda a tarde de segunda-feira. Em uma mata localizada entre os municípios de Bilac e Gabriel Monteiro, foram encontrados sete carros usados pela quadrilha.

De acordo com a Polícia Militar, um veículo com vidro do passageiro adaptado para tiros serem disparados foi encontrado.

“O veículo é de grande porte. Possivelmente, eles deixaram um calibre.50, que é uma arma de guerra, fixado em um tripé. O buraco serve para colocar o cano arma para o lado de fora. Os bandidos conseguem atirar na de dentro do carro. Eles ficam protegidos porque o veículo é blindado. Nós encontramos munições de .50, .762. e .556”, afirmou o capitão Alexandre Tropaldi.

Um ônibus abandonado com tambores de gasolina também foi encontrado próximo ao pedágio de Glicério/SP. A suspeita é de que o combustível tenha sido usado pelos criminosos para atear fogos em veículos na Rodovia Marechal Rondon.

Bandidos fizeram um buraco no vidro para colocar fuzil em Araçatuba — Foto: Arquivo pessoal

*Informações/G1