Estudo revela como funcionam os ‘sinais ultrassônicos’, usados por empresas para gerar anúncios.
Smartphones nos escutam e criam anúncios baseados em nossas conversas? Esse é um dos mais velhos questionamentos dos donos de aparelhos modernos, gerenciados por empresas que ganham bilhões, literalmente, ao vigiar cada um dos nossos passos e vender para outras grandes empresas, num ciclo conhecido como “capitalismo de vigilância”.
Não é exatamente raro percebermos um anúncio de algo que foi tema de uma conversa poucos minutos antes, inclusive por áudios de TVs ou computadores.
Essa possibilidade se torna ainda mais assustadora após as denúncias de Edward Snowden, que mostraram que governos também acessam sem muitas barreiras toda essa coleta de informações.
Uma pesquisa recente encomendada pela empresa NordVPN afirmou que 53% dos americanos e 45% dos moradores do Reino Unido acreditam que os smartphones realmente ouvem conversas.
Segundo a empresa, uma das técnicas usadas por empresas para mostrar esses anúncios é chamada de “sinais ultrassônicos” — sons de alta frequência inaudíveis para humanos (entre 18 kHz e 20 kHz), que contêm dados captados por aplicativos em outros dispositivos.
Por exemplo, um anúncio de fast-food na TV pode ser captado por seu smartphone, o que faz com que o aparelho receba as informações ultrassônicas, e minutos depois um anúncio da mesma marca apareça no feed de alguma rede social. Isso cria uma ideia de onipresença da empresa.
Uma patente da Sony chegou a propor a usuários que falassem o nome da marca para interromper comerciais dela em diversos dispositivos.
Um estudo de 2017 da Technical University of Braunschweig, na Alemanha, detalhou a técnica e revelou que 234 aplicativos de Android eram capazes de detectar sinais ultrassônicos e gerar anúncios baseados neles.
Um ano antes, a FTC (Comissão Federal do Comércio dos EUA) emitiu uma advertência formal a empresas que usam técnicas do tipo, principalmente por preocupações com privacidade e vigilância sem consentimento de usuários.
Como restringir a ‘audição’ de dispositivos
A maneira mais simples de evitar esse tipo de coleta de dados é revogar permissões de alguns aplicativos. A mais importante delas é proibir certos aplicativos de acessar informações de microfone. Isso é feito de forma relativamente fácil nas Configurações de privacidade do aparelho.
Além disso, fique atento quando um app usa seu microfone — no Android, um ícone verde aparece no canto superior direito da tela; no iPhone, a cor é laranja.
Também é possível contratar uma VPN para impedir que o rastreamento por IP seja usado, uma vez que essas redes virtuais usam criptografia para mascarar esses registros.
*Com informações do R7