Presidente da FIESP é considerado um dos maiores incentivadores do partido Aliança Pelo Brasil e do presidente Jair Bolsonaro.
SÃO PAULO – O Ministério Público Eleitoral (MPE) de São Paulo denunciou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, sob a acusação de ter recebido R$ 5,1 milhões em propinas na campanha ao governo do estado em 2014. Skaf tem se aproximado do presidente Jair Bolsonaro e é considerado um dos principais apoiadores da criação do partido Aliança pelo Brasil, ainda em processo de regularização no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A campanha teria recebido as vantagens indevidas por meio de pagamentos ao marqueteiro Duda Mendonça, responsável pelas propagandas na campanha.
Skaf foi denunciado pelos crimes de caixa dois, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Além dele, também foram denunciadas outras oito pessoas, incluindo o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e o publicitário Duda Mendonça. A denúncia foi apresentada pelo promotor eleitoral Fábio Ramazzini Bechara, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo. Neste ano, o Ministério Público Eleitoral em São Paulo formou uma espécie de força-tarefa para acelerar as investigações que foram enviadas pela Justiça Eleitoral. Além de Bechara, também assinaram a denúncia os promotores Everton Luiz Zanella, Luiz Ambra Neto, João Santa Terra Junior e Tiago Cintra Essado.
Para a entrega do dinheiro, ficou acordado que o codinome de Skaf no sistema de pagamento de propinas da Odebrecht seriam “Tabule” e “Kibe”.
Segundo a denúncia, a empreiteira Odebrecht teria aceitado realizar pagamentos para a campanha de Paulo Skaf em reunião realizada em maio de 2014 no Palácio do Jaburu. Nesta reunião, entre outros, estava presente o então vice-presidente Michel Temer.
“Nessa ocasião, dentre outros assuntos, foi acordada a destinação da quantia de R$ 10 milhões para o PMDB, sendo que R$ 6 milhões para a campanha de Paulo Skaf ao governo do Estado de Sa o Paulo, a ser paga pelo grupo Odebrecht, por meio do Departamento de Operações Estruturadas, os quais seriam pagos através de um contrato fictício com a empresa de Duda Mendonça”, afirmam os promotores.
O Ministério Público anexou à denúncia e-mails entre executivos da Odebrecht tratando do pagamento. Em um deles, Marcelo Odebrecht relata que PS (possível referência a Paulo Skaf) “ficou com aquele buraco de 4 reais com DM (possível referência a Duda Mendonça)”. Marcelo ainda afirma que “depois de muito choro não tive como não ajudar na seguinte linha (de ter algum conforto ainda que “moral”)”.
Em nota, Skaf afirmou que recebeu com surpresa e perplexidade a denúncia oferecida pelo Ministério Público.
“Trata-se de acusação completamente infundada, cuja investigação sempre esteve em segredo de justiça. A defesa informa também que todas as doações recebidas pela campanha de Skaf ao governo de São Paulo em 2014 estão devidamente registradas na Justiça Eleitoral, que aprovou sua prestação de contas sem qualquer reparo de mérito. Paulo Skaf reitera que ele nunca pediu e nem autorizou ninguém a pedir qualquer contribuição de campanha que não as regularmente declaradas. Salienta, uma vez mais, a absoluta confiança no Poder Judiciário, o qual restabelecerá a verdade neste caso”, afirmou o presidente da Fiesp.