Família é natural da Bolívia, mas mora há anos em Bady Bassitt/SP, cidade onde o caso foi registrado no dia 27 de junho. Pai também foi atingido pelo carro e pede ajuda para pagar as contas, pois precisará ficar sem trabalhar.
O costureiro Pablo Flores Catacora, pai do bebê de um ano e quatro meses que morreu após ser atropelado por um carro dentro de uma chácara, disse que tentou salvar o filho, mas não conseguiu por conta da velocidade que o veículo estava.
“O motorista entrou, fechou a porta, ligou o carro e saiu. Eu nunca pensei que o carro fosse vir na nossa direção. Tentei levantar, mas, lamentavelmente, não deu tempo. O motorista acelerou muito. O pneu do carro passou em cima da cabeça do meu filho. Essa é a última cena que tenho. Não vi meu filho sendo enterrado. Não consegui me despedir”, desabafou.
O caso foi registrado no bairro Estrela do Oriente, em Bady Bassitt/SP, no dia 27 de junho. Pablo também sofreu diversos ferimentos ao ser atingido pelo mesmo veículo. Ele foi socorrido e levado para o Hospital de Base de São José do Rio Preto/SP, onde ficou internado até o último sábado (3).
De acordo com o boletim de ocorrência, o condutor manobrava o carro quando enroscou o pé entre os pedais do acelerador e freio. Para evitar atropelar um grupo que jogava futebol em um campo, o jovem virou o veículo para o lado contrário, atingindo pai e filho que estavam sentados no gramado. O carro parou somente depois de bater em um alambrado da chácara.
No dia em que o acidente aconteceu, o motorista foi preso em flagrante e levado à delegacia da Polícia Civil de Bady Bassitt, onde prestou depoimento ao delegado de plantão. Porém, foi liberado para ser investigado em liberdade após passar por audiência de custódia na segunda-feira (4).
Em entrevista, João Otávio, delegado responsável pelo caso, que foi registrado como homicídio culposo na direção de veículo automotor, afirmou que já ouviu testemunhas que estavam na chácara no dia 27 de junho.
“O inquérito está em andamento. Estamos esperando para ouvir os pais do bebê que foi atropelado. Ainda precisamos do depoimento dos dois, para apurarmos detalhes que ficaram faltando. Também pedimos a prisão preventiva do motorista”, explicou.
Jogo de futebol
Pablo, que é natural da Bolívia, mora em Bady Bassitt há cinco anos. Ele, o filho e a mulher foram à chácara para acompanhar um jogo de futebol. Porém, o momento de lazer se transformou em um pesadelo para a família.
“Estávamos alegres. Chegamos lá por volta das 15h45. Estávamos sentados. Minha esposa amamentou meu filho e se levantou. Logo depois o carro nos atropelou. Se minha mulher não levantasse, acho que nós três seríamos atropelados pelo carro. Foi uma coisa muito feia”, relembrou.
Depois de o atropelamento ser registrado, as pessoas que estavam na chácara acionaram o resgate. O bebê foi o primeiro a ser socorrido e encaminhado para o Pronto-Socorro de Bady Bassitt, mas não resistiu aos ferimentos. Em seguida, Pablo também foi levado para receber atendimento médico, com suspeita de fraturas pelo corpo.
“Cheguei no hospital. Comecei a perguntar sobre meu filho. Disseram que os médicos estavam atendendo meu filho, e que era para eu ficar tranquilo. Mas depois vi minha esposa chorando, dizendo que não podia ser. Neste momento eu soube o que tinha acontecido”, relembrou.
Apesar de não conhecer o motorista que causou o acidente, Pablo afirmou que teve a impressão de que o jovem estava aprendendo a dirigir dentro da chácara. No boletim de ocorrência consta que o condutor apresentou uma Carteira de Habilitação da Bolívia para conduzir motocicletas e disse que, apesar de possuir habilitação para conduzir veículos automotores, não estava com o documento.
“Tinha tanta gente na chácara. Como que alguém vai aprender a dirigir em um lugar com tanta gente? Não lembro direito o que aconteceu depois do acidente. Nós o amávamos muito. Não tenho nem mais lágrimas para chorar”, contou Pablo.
Pedido de ajuda