Nutricionista explica os cuidados com pacientes em diálise

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Conversamos com a nutricionista Paula Prado Pontes, que também é especialista em ciências da saúde, área cardíaca, diabetes, hipertensão e clínica no geral. Paula tem se destacado no seu acompanhamento dedicado e individual para cada paciente em diálise, além de ajudar na prevenção com foco nos fatores de risco.


Alimentação e saúde. Uma relação que tem tudo a ver com qualidade de vida, prevenção e no tratamento das doenças. Você sabia que o SanSaúde possui uma nutricionista especialista na área nefrológica, única da região?

Conversamos com a nutricionista Paula Prado Pontes, que também é especialista em ciências da saúde, área cardíaca, diabetes, hipertensão e clínica no geral. Paula tem se destacado no seu acompanhamento dedicado e individual para cada paciente em diálise, além de ajudar na prevenção com foco nos fatores de risco.

Ela explicou que a terapia de substituição renal, nas formas da diálise peritoneal e hemodiálise, afeta o cotidiano das pessoas que a realizam em vários aspectos, pois ao substituir os rins em uma de suas principais funções que é a de depuração e eliminação das substâncias tóxicas para o organismo, há uma alteração da normal fisiologia do organismo do paciente. “Para evitar que o corpo se sobrecarregue com toxinas e produtos de excreção, é preciso adaptar-se às restrições alimentarias e hídricas e cumprir corretamente com as indicações da equipe responsável pelo seu tratamento. Podemos observar frequentemente limitações das atividades da vida diária e aumento do cansaço (astenia e adinamia), e muitas vezes um aumento das horas de sono, tudo isso devido às particularidades da doença renal crônica. Associado a isso, terá uma mudança da imagem corporal, seja pela presença da fístula arteriovenosa no caso da hemodiálise ou bem pelo cateter peritoneal na diálise peritoneal. Relacionado a esses fatores, estão as possíveis complicações dos métodos, a longo prazo, do sistema cardiovascular e ósseas, assim como manejo inadequado do cateter peritoneal, podendo produzir quadros infecciosos, como a peritonite ou no caso da hemodiálise as sequelas relacionadas aos traumas da fistula arteriovenosa”, destacou.

De olho na alimentação

A alimentação interfere no tratamento dialítico. “Uma vez que o paciente realiza terapia renal substitutiva, sendo hemodiálise ou diálise peritoneal, o acompanhamento nutricional permite que ele tenha maior qualidade de vida; visando controle das perdas proteicas e de nutrientes, evitando a desnutrição energético-proteica, melhora no controle glicêmico, da volemia, impedindo complicações metabólicas e que substâncias como potássio, fósforo, uréia e sódio vão se acumulando no sangue. Essas substâncias causam problemas no corpo como fraqueza nas pernas, diminuição do crescimento, palidez da pele, coceira no corpo todo, cansaço fácil, inchaço e diminuição da urina. A alimentação é responsável por fornecer estes nutrientes em quantidades adequadas para manter um bom estado nutricional”, frisou.
O que um recém-transplantado pode ou não comer?
Nos pós-transplante renal imediato, a necessidade de proteína é alta. “Sua falta pode levar à problemas como a cicatrização lenta da pele e maior suscetibilidade à infecções. Esses efeitos podem ser minimizados através de uma alimentação adequada nesse período. Importante ressaltar o alto risco de contaminação neste período, sendo necessário recomendações específicas como: a lavagem adequada das mãos, não consumir alimentos crus e muito menos preparados em lugares desconhecidos, sempre ficar atento a qualidade higiênica e sanitária do que está sendo ofertado, com higienização e desinfecção adequada destes mantimentos”, afirmou.
Sal: inimigo?
A nutricionista explicou que, para indivíduos saudáveis, segundo a Organização Mundial da Saúde, a ingestão de sódio deve ser entre 2,0 à 2,4 g por dia (5,0 -6,0 g de NaCl – Sal). Já ara pacientes com doença renal crônica, não pode ultrapassar à 2,0 g por dia (5,0 g de NaCl – Sal). “O baixo consumo em sódio, apresenta benefícios, redução da pressão intracelular e redução da proteinúria, retardando a progressão da doença renal crônica. A dica é optar por temperos naturais, tais como alho, cebola, manjericão, orégano, salsinha, entre outros”, complementou.

Existe alguma fruta que não se pode comer?
Paula destacou o perigo da carambola. “Além de seu conteúdo de potássio, contém uma substância tóxica ainda não identificada, que pode causar desde soluços até coma e morte em pacientes com doença renal crônica. Portanto, esse alimento deve ser abolido da alimentação desses pacientes.

Como fica a quantidade de água ingerida para esses pacientes?

A profissional alertou que, para pacientes que estão em terapia renal substitutiva, existe a restrição hídrica para o controle do ganho de peso intradialitico (é o peso que você ganha entre uma sessão de hemodiálise e a outra – intervalo dialítico). “Não deve exceder de 4 a 4,5% do peso seco (ideal que o paciente sai no final de uma sessão de hemodiálise.) Com ele, deve se sentir bem, sem inchaços, com a pressão arterial normal e com uma boa avaliação cardiopulmonar. O excesso de líquidos pode causar: edema em membros inferiores, edema agudo de pulmão, elevação da pressão arterial, sobrecarga cardíaca. Durante a sessão de hemodiálise, pode levar  hipotensão, cãibras, náusea e cefaleia. Lembrando que a recomendação hídrica é individual e depende da urina de 24 horas”, frisou.

Acompanhamento: uma vez ao mês!
Paula explicou que o acompanhamento deve ser feito uma vez por mês. “O paciente realiza a coleta de exames de sangue e urina periodicamente, assim é importante realizar as consultas mensalmente com o nutricionista”, finalizou.