90% das pessoas não sabem que cigarro faz mal ao coração, segundo pesquisa feita pela Sociedade de Cardiologia.
Esta quinta-feira (29.ago) é o Dia Nacional de Combate ao Fumo e, embora o consumo de tabaco no Brasil tenha diminuído cerca de 35% desde 2010, segundos dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), o vício ainda resiste entre milhões de brasileiros, com atenção especial para os jovens. Os malefícios são enormes aos pulmões e sistema respiratório, porém, outro órgão fundamental do corpo humano é fortemente atingido e pesquisa mostra que grande parte das pessoas não se atenta: o coração.
Apesar da clara evidência sobre os males do cigarro ao sistema cardiovascular, pesquisa da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) revelou que a grande maioria das pessoas não tem consciência desta relação. Quando questionados sobre quais fatores podem aumentar o risco de doenças cardíacas, somente 10% das pessoas ouvidas apontaram o cigarro. A pesquisa foi feita com 2.764 pessoas de Rio Preto, Araçatuba, Araraquara, Bauru, Osasco, Ribeirão Preto, São Carlos, Sorocaba, Vale do Paraíba e na capital paulista.
Um dado apenas revela a gravidade deste desconhecimento. Por ano, mais de 33 mil pessoas morrem por problemas cardiovasculares que derivam do tabaco, segundo os dados do Ministério da Saúde. O fumante tem o risco de morte súbita até quatro vezes maior do que não fumantes. Trata-se da maior causa evitável de mortes no mundo.
“É muito preocupante! Se 90% da população não sabe do quanto o fumo faz mal ao coração e sistema vascular, então grande parte dos fumantes correm sérios riscos”, afirma a cardiologista Adriana Bellini Miola, do IMC – Instituto de Moléstias Cardiovasculares, de São José do Rio Preto. “O mais importante é que as pessoas tenham consciência que precisam parar de fumar, pois estão sujeitas a terem sérios problemas de saúde e até mesmo risco de morte, associados aos danos dos pulmões e sistema cardiovascular”, completa a médica.
Estudo feito por pesquisadores da Fundação do Câncer aponta que o tabagismo responde por 80% das mortes por câncer de pulmão em homens e mulheres no Brasil.
Já o coração é afetado pela liberação de adrenalina provocada pela nicotina, que acelera o ritmo cardíaco, aumenta o consumo de oxigênio e a pressão arterial, além de agredir a parede interna dos vasos sanguíneos, chamada de endotélio. Somente essa reação já é o suficiente para deixar as artérias mais vulneráveis ao depósito de placas de gordura. Outra interferência acontece no mecanismo de contração e relaxamento do coração. Isto resulta em uma maior dificuldade para o sangue circular.
Segundo Dra. Adriana, entre as principais doenças cardiovasculares causadas pelo tabagismo estão a insuficiência coronariana, infarto do miocárdio, aneurisma da aorta abdominal, desenvolvimento de arritmias graves e AVC – acidente vascular cerebral. “Fumar acelera o processo conhecido como oxidação do colesterol e favorece a formação da placa de aterosclerose. A associação com outros fatores, como hipertensão e diabete, aumenta o risco progressivamente”, completa.
Independentemente da frequência com que a pessoa fuma e se é cigarro (eletrônico inclusive), cachimbo ou charuto, uma única unidade já provoca malefícios, não importa a quantidade. “Fumar pouco ou esporadicamente também faz mal”, enfatiza Dra. Adriana.
Ela lembra ainda que o fumante passivo também está exposto ao perigo. Há estudos que apontam que conviver com quem fuma afeta o coração, além de aumentar em duas vezes o risco de câncer.
A cardiologista do IMC de Rio Preto enfatiza que os benefícios são imediatos quando o fumante abandona o vício. Segundo ela, após parar de fumar, há redução de cerca de 50% no risco de infarto no primeiro ano. Porém, são necessários cerca de 10 anos sem fumar para igualar o risco cardiovascular de um ex-fumante ao risco de quem nunca fumou. “Por isso, quanto antes largar o cigarro, melhor”, diz Dra. Adriana.
E para se livrar do vício, existem vários métodos que podem ser utilizados, desde a parada abrupta até o suporte de produtos à base de nicotina, as chamadas terapias de reposição. “O ideal é parar completamente. Dependendo do perfil do paciente e do seu grau de dependência, o tratamento poderá incluir a associação de técnicas multidisciplinares. Podem ser utilizadas as terapias de reposição, como o uso de chicletes e adesivos de nicotina, e medicamentos específicos e antidepressivos”, relata a cardiologista.
É comum de muitos ex-fumantes aumentarem o peso após abandonar o cigarro. Por isso, alimentação saudável e prática de atividades físicas devem ser incorporadas imediatamente à rotina do ex-fumante, sob acompanhamento de um médico e de um profissional de educação física.
“Vale ressaltar que somente uma avaliação médica criteriosa é capaz de indicar qual o tratamento ideal para cada paciente. Existem diversos métodos disponíveis. Assim, converse com seu cardiologista, clínico ou seu pneumologista e conheça o melhor tratamento para você”, finaliza Dra. Adriana.
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