Doses do imunizante da Valneva, desenvolvido em parceria com o Butantan e aprovado pela Anvisa em abril, serão aplicadas em pessoas a partir dos 18 anos, informou a Prefeitura de Mirassol (SP) Na última quinta-feira (15).
Mirassol (SP) será a primeira cidade paulista a receber a vacina contra a chikungunya destinada à população adulta. A informação foi divulgada na última quinta-feira (15) pela prefeitura daquele município.
Segundo a prefeitura, a partir de outubro, Mirassol deve iniciar a aplicação das doses nas pessoas acima de 18 anos. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, outras cidades de São Paulo vão receber a vacina somente em 2026.
O secretário de Saúde, Frank Hulder de Oliveira, ressaltou que a vacina será aplicada exclusivamente em pessoas residentes em Mirassol.
A chikungunya é uma doença viral transmitida principalmente pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Os principais sintomas são febre alta repentina, dores intensas nas articulações e fadiga.
Aprovação da Anvisa
O imunizante IXCHIQ (vacina chikungunya recombinante atenuada), desenvolvido pela farmacêutica austríaca Valneva, em parceria com o Instituto Butantan, teve o registro aprovado no dia 14 de abril pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A vacina, de dose única, é voltada a pessoas a partir dos 18 anos. É contraindicada para mulheres grávidas e pessoas imunodeficientes ou imunossuprimidas.
Ela demonstrou induzir produção robusta de anticorpos neutralizantes contra o vírus chikungunya em estudos clínicos, de acordo com o Butantan.
A vacina foi avaliada nos Estados Unidos em quatro mil voluntários de 18 a 65 anos. Apresentou eficácia em 98,9% dos participantes, que produziram anticorpos neutralizantes, com níveis que se mantiveram robustos por ao menos seis meses.
Avanço da ciência
Segundo o diretor de Assuntos Regulatórios, Qualidade e Estudos Clínicos da Fundação Butantan, Gustavo Mendes, a aprovação da vacina é um grande avanço para a ciência brasileira.
De acordo com a Anvisa, para a publicação do registro, foi firmado, em conjunto com o Butantan, um termo de compromisso para a realização de estudos de efetividade e segurança, e de atividades de farmacovigilância ativa. O objetivo é ampliar o conhecimento sobre o perfil do imunizante.
Apesar de transmitida pelo mesmo vetor da dengue e do zika vírus, o mosquito Aedes aegypti, a chikungunya é causada por um vírus distinto. Por isso, a nova vacina não previne contra os sintomas da dengue ou de outras arboviroses. “São vacinas diferentes porque são vírus diferentes”, informa o diretor do Butantan.
O instituto está trabalhando em uma versão da vacina com parte do processo produtivo realizado no Brasil. A versão usa componentes nacionais e será melhor adequada à incorporação pelo Sistema Única de Saúde (SUS), pendente de análise pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC), entre outras autoridades sanitárias. (G1)