Regina Hercos
Nossas maiores conquistas são desenhadas em nossa mente, graças aos nossos desejos, e nunca se realizarão, se nos prendermos aos nossos medos. O homem em espécie se move por dois motivos, medo e desejo. Por medo de morrer de fome fomos à caça, e ainda hoje somos assim. Por medo de morrermos sozinhos, caçamos uma parceira ou parceiro. Quando deveria ser por amor. Desejamos um carro do ano, uma casa de três andares, no condomínio mais caro, e não movemos uma palha para alcançarmos o que queremos, e nos julgamos os piores, frente as conquistas do nosso vizinho. A parte que nos compete sempre será nosso esforço contínuo e organizado. Nossa mente é totalmente projetada à inércia, a lei do esforço mínimo, por isso tudo dói. Nascer dói, estava tão gostoso lá dentro, sem ter que fazer nenhum esforço, nem para comer precisávamos nos esforçar, e vem uma força maior da natureza, e nos empurra para fora, nos faz ir em direção a luz, mas não queríamos. Ainda hoje preferimos o escuro da caverna. Para o músculo crescer dói, para alcançarmos um objetivo dói. Pergunta para qualquer vencedor, seja em que área da vida for, se ele alcançou o outro nível sem dor. Até para passar de fase no vídeo game dói. E para o comodista crescer é como um castigo. “Os problemas são do tamanho dos homens.” E isso é dádiva, é presente. Só nos atingem os problemas que acreditam em nossas respostas. Porque acreditam que as teremos, e se não temos, as procuraremos, sem nos importar com a dor que isso nos causará. Mas sim, crendo que as encontraremos, e quando as encontrarmos, deixaremos um rastro de luminosidade por onde passarmos, que tornará o caminho dos que vem depois de nós, facilitado por nossas respostas, por nossas obras. Um homem não é grande, pelas coisas que possui. Se assim for, as coisas serão maiores que o homem. A grandeza de um homem está no que ele espalha. Nas almas que ele toca, seja por suas ações, seja por suas palavras, seja pelo ouvido que ele empresta. Um homem só saberá o seu tamanho, quando fizer a vida de outros melhor. Quando entender que estamos todos, intimamente ligados, e que quando dói em um, dói em todos. A lei do menor esforço nos prende numa teia de ignorância, medo, egoísmo e repugnância ao crescimento. Olhe para você e pergunte se teus olhos contemplam apenas o horizonte? Se você só consegue perceber a horizontalidade da sua existência? O convite do universo é nos conectarmos com o alto, cravando nossa base no solo. Nos voltarmos para nossa verticalização. Nos conectarmos com o sagrado, trazendo a nós, a humanidade que nos cabe. É o avesso de que nos foi ensinado. Precisamos apenas nos verticalizarmos, e isso também dói. Demanda tempo para nos desprendermos de crenças, talvez de um deus que castiga, por nos confiar provas tão difíceis de serem cumpridas. Mas é apenas no limiar do tempo que conseguimos compreender que precisamos afiar nossas ferramentas. Quando já entendemos não ter mais tempo, que agimos. O que seria do homem diante da eternidade? Ele se perderia com todo tempo do mundo? Desejamos a eternidade, sem nos fazer eternos. Precisamos do limite, para crescermos, agirmos, fazermos o que tem que ser feito. Se te dissessem agora que morreria amanhã, qual seriam suas ações hoje? Talvez resolvesse amar tudo o que deixou de amar. Perdoaria seus erros e os erros dos outros? Entenderia que a sua felicidade está em você, e que ela não depende de ninguém para existir. Que toda responsabilidade pelo ser que és, é sua e de mais ninguém! Assim como suas derrotas e conquistas, tudo aprendizado para te tornar um espírito mais evoluído, digno do caminho que trilhou. Nossa vida só terá sentido se, sairmos melhores do que entramos. E como podemos conseguir isso? Confiando nas provas que nos serão apresentadas, e fazendo o melhor com elas, sem temer a dor. O medo de errar, não nos permite que tentemos. Tente, tente novamente. Caia, levante, mas segue. Um técnico de futebol sempre cobrará mais do seu artilheiro, porque confia que ele pode resolver uma partida. Assim como o pai te dará as provas mais duras, porque confia na resposta que você pode dar a ele. Com quatro anos, meu maior medo era perder minha mãe, ela saia e eu chorava sem parar até ela voltar. Um dia que ela morreu, e eu tive que dar a resposta que o Pai esperava de mim. Hoje compartilho com vocês minha resposta todos os dias. Se coloque à disposição e a obra te alcançará. “Quando o discípulo está pronto, o mestre sempre aparece.”
(Indico o canal NOVA ACRÓPOLE BRASIL e a professora Lucia Helena Galvão.)