Doença é causada por um protozoário, através da picada do mosquito palha. Neste ano, Votuporanga já confirmou 123 casos em cães e outras 92 amostras aguardam resultado.
Apatia, lesões de pele, feridas na ponta das orelhas e focinho, quedas de pelos, emagrecimento, lacrimejamento e crescimento anormal das unhas são sintomas preocupantes para qualquer dono de animal. Mas quando juntos, exibem as principais características de uma doença parasitária grave: a Leishmaniose Visceral. A doença é transmitida especificamente pela picada do mosquito-palha e não diretamente de uma pessoa para outra, nem dos cães para os humanos.
Nesta sexta-feira (13), a Prefeitura de Votuporanga encerrou a semana estadual de prevenção e controle da doença que é considerada grave, e que se não tratada corretamente, pode levar a óbito; as principais vítimas são crianças e idosos, mas acomete principalmente os cães, sendo encontrada também em gatos e até em animais de porte grande como os cavalos.
O Diário de Votuporanga conversou sobre o assunto com o médico veterinário André Marques, que explicou que a doença não tem cura, mas tratamento: “Hoje em dia, os sintomas são muito inespecíficos, é indispensável a realização de exames completos para determinar o diagnóstico. Em alguns casos pode parecer uma anemia, por exemplo. Porém o animal está sem apetite, apático e posteriormente os exames acabam confirmando Leishmaniose. Então, esse hemograma completo é imprescindível e um exame sorológico para uma verificação final que apontará ou não, a presença da doença. Se estiver portador, então é iniciado o tratamento que já existe. Não existe a cura parasitológica. Existe tratamento que irá trazer uma melhor qualidade de vida ao animal.”
O médico veterinário explica que o tratamento é feito em ciclos e consegue baixar a carga viral da doença, mas que caso seja interrompido ou até mesmo por uma queda de imunidade, o animal tratado pode voltar a ter sintomas.
“O ideal é usar dupla proteção. Um método repelente para evitar que o mosquito chegue ao animal e, nesse sentido, a gente tem aquelas coleiras específicas; além da vacina. Então, por garantia, você vacina o seu cachorro e coloca a coleira protetora nele e isso vai trazer uma segurança maior para ele e por consequência para toda sua família”, salienta o médico veterinário.
De acordo com dados atuais da Vigilância Ambiental, até o momento foram coletadas 1.799 amostras de sangue canina das quais, 123 resultaram positivas para a doença; 1.584, negativas; e 92 aguardando resultado.
Leishmaniose Visceral Humana
Nos humanos, os principais sintomas são febre irregular de longa duração por mais de sete dias, falta de apetite, emagrecimento e fraqueza, além de inchaço da barriga, por causa do aumento do fígado e do baço.
Investigar os casos suspeitos de leishmaniose visceral humana e garantir o diagnóstico e tratamento adequado dos casos é dever do município. Por isso, é necessário permitir o acesso dos agentes de saúde em domicílios para exames dos cães e recolhimento dos que estiverem doentes.
“Ações como essa são muito importantes para a prevenção e proliferação da doença, mas durante o ano todo, a Vigilância Ambiental realiza visita domiciliar e também a coleta de sangue dos animais, que é enviado para o Instituto Adolfo Lutz em São José do Rio Preto, referência nacional para diagnóstico da doença”, ressalta Samara Del Pino Fernandes, responsável pela Vigilância Ambiental.
Em humanos, esse ano não houve registros de Leishmaniose, mas os casos continuam ocorrendo nos cães. Para mais informações sobre a doença, notificar casos suspeitos ou solicitar exames, o telefone é o (17) 3406-3181, 3406-3175 ou 0800-770 9786.
Prevenção
Os proprietários de cães devem tomar alguns cuidados com as áreas úmidas ou de decomposição de lixo. Para evitar o inseto transmissor é preciso:
– Evitar acúmulos de lixo no quintal e descartar o lixo adequadamente: é uma maneira de contribuir para a saúde do meio ambiente e ao mesmo tempo evitar a proliferação dos mosquitos;
– Manter o ambiente do cão, o quintal ou a varanda sempre limpos, livre de fezes e acúmulo de restos de alimentos e folhagens;
– Manter a grama e o mato sempre cortados, com retirada de entulhos e lixo, evitando a formação de uma fonte de umidade e de matéria orgânica em decomposição;
– Utilizar spray repelentes ou inseticidas ou cultivar plantas com ação repelente, como a citronela ou neem, no ambiente.
A Leishmaniose não é transmitida através de lambidas, mordidas ou afagos. O contágio ocorre somente através da picada da fêmea infectada do inseto.