Dr. Luís Guilherme Ronchi deu detalhes da patologia, que afeta memória e outras funções mentais.
Se você não tem um familiar com demência, provavelmente conhece alguém que já cuidou de um parente com Mal de Alzheimer e sabe que a experiência não é fácil. Doença neurodegenerativa mais frequente que existe na espécie humana, afeta a memória, o comportamento e outras funções mentais de forma progressiva. Nos estágios mais avançados, impede a pessoa de exercer suas atividades diárias, reconhecer os outros e se comunicar adequadamente.
Fevereiro Roxo é uma campanha destinada a conscientizar sobre Alzheimer, Lúpus e Fibromialgia. O SanSaúde apoia o movimento e conversou com o neurologista Dr. Luís Guilherme Ronchi, que deu detalhes da patologia.
Dr. Luís Guilherme destacou a importância da campanha. “É fundamental informar as pessoas de procurar o diagnóstico o quanto antes. Ainda que não seja possível a cura, o diagnóstico e abordagem correta promovem a melhora da qualidade de vida”, frisou.
Ele reforçou que os sintomas são bem variados. “Geralmente, a memória é acometida primeiro. O paciente começa a apresentar alterações graves de esquecimentos, passa a se perder em caminhos rotineiros (como a rota para o trabalho, por exemplo), inicia dificuldade para lidar e resolver problemas, não consegue guardar datas e números. A doença pode fazer surgir também alterações comportamentais como apatia, irritabilidade, piora do comportamento ao final do dia, agressividade e comportamentos desinibidos”, frisou.
Especialmente sobre a queixa de esquecimento, o profissional destacou que é muito comum na população em geral e, na maioria das vezes, não está associada a Alzheimer ou alguma demência. “Pode ocorrer devido a um período mais estressante que a pessoa esteja passando, um transtorno de humor como a depressão ou até mesmo algum medicamento. Na dúvida, procure um especialista”, complementou.
Estágios
A doença pode ser classificada em fases. “É considerada leve quando temos poucas alterações. Na etapa final, praticamente todas as funções neurológicas foram acometidas”, disse.
O médico alertou para anosognosia, que consiste na falta de consciência da própria doença, ou seja, o paciente não percebe a patologia. “Portanto, é importante que os familiares não esperem a iniciativa do paciente em procurar o médico”, afirmou.
Público-alvo e fatores de risco
A população mais acometida é a terceira idade, geralmente surgindo após os 65 anos. “Outros fatores que aumentam a chance da pessoa desenvolver a patologia são: doenças cardiovasculares descompensadas (como hipertensão arterial e diabetes), baixa atividade intelectual ou escolaridade e hereditariedade (familiar de primeiro grau acometido, principalmente com início antes dos 65 anos)”, explicou.
Tratamento
Embora não tenha cura, o neurologista contou que há tratamento farmacológico específico. “Consiste basicamente em duas classes de medicações. Essas drogas mostraram melhorar, temporariamente, alguns sintomas como memória e comportamento e são indicadas para casos leves e moderados”, afirmou.
Dr. Luís Guilherme frisou que é necessário abordar o paciente como um todo, pois tem diversas demandas que necessitam da orientação de profissionais como nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e outros. “Também não podemos esquecer de ficar atentos com a saúde do cuidador, peça-chave na vida do demenciado”, complementou.
Prevenção
Fatores cientificamente comprovados podem auxiliar na prevenção como: manter a mente sempre ativa, através – por exemplo – da leitura e controlar doenças cardiovasculares crônicas como hipertensão arterial e diabetes.