LIBERDADE DE IMPRENSA – Momento atual é de valorização do jornalismo, diz presidente da ANJ

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Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é celebrado neste domingo, 3.

No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, celebrado neste domingo, 3, o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, aponta as tentativas de “intimidação”, as fake news e a série de ataques aos jornalistas como os principais elementos de um momento de “retrocesso”. Por outro lado, o jornalista analisa a pandemia da Covid-19 como um momento importante para reflexão e valorização do jornalismo profissional.

Segundo a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), o Brasil ocupa a 150º posição de 180 países no ranking de liberdade de imprensa. Em 2019, segundo dados publicados em março Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), foram 11 mil ataques diários a imprensa pelas redes sociais, o equivalente a sete agressões por minuto.

“Além dos assassinatos de jornalistas e da censura, o mais novo e grave elemento é essa intimidação a jornalistas por meio das redes sociais”, afirmou Rech. Segundo o jornalista a prática recorrente é proposital. “É, no fundo, uma tentativa de neutralizar denúncias e acusações, e se blindar de críticas. Já vimos esse filme antes mas nunca com tal intensidade.”

O presidente da ANJ avalia o cenário mundial e nacional da liberdade de imprensa com mais retrocessos do que avanços. “No caso do Brasil, temos um governo que trabalha ativamente para fragilizar a imprensa de modo que tente fazer prevalecer a versão oficial”, reforça. “Típico das autocracias, como Rússia, Hungria e Filipinas”.

Segundo o relatório da Abert, no ano passado houve 56 casos de violência não-letal contra jornalistas, os quais envolveram pelo menos 78 profissionais e veículos de comunicação. De socos, pontapés e a disparos de bala de borracha, as agressões físicas continuam sendo a principal forma de violência não-letal, 42,85% do total). “O mais grave é a ameaça à integridade física e moral de jornalistas. Mas liberdade de imprensa pressupõe os dois”.

O jornalista refere a pandemia do coronavírus como um momento em que a informação livre nunca foi tão relevante. “Em países onde não há liberdade, como a China e o Irã, os rumores e boatos assumiram primeiro plano, com enormes prejuízos no combate à doença e estímulo à circulação de desinformações”, afirmou. No Irã, por exemplo, mais de quarenta pessoas morreram porque acreditaram numa fakenews de que beber álcool puro evitava o coronavírus.

Neste momento, segundo o presidente, o único antídoto eficaz contra as notícias falsas veiculadas, principalmente, pelas redes sociais, é a valorização do jornalismo de qualidade. “Por isso, cresce o reconhecimento da imprensa, sobretudo em momento de emergência como este”, disse Rech.