Homenagem: Músico Tesourinha passa a denominar rua de Votuporanga 

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Músico Tesourinha passa a denominar rua de Votuporanga – Foto: Reprodução

Por iniciativa do vereador Chandelly Protetor (Republicanos), e aprovado por unanimidade na Câmara, Eugênio da Silva emprestará nome para via do bairro Parque Residencial Riviera.


Uma das personalidades mais marcantes dos 86 anos de história de Votuporanga/SP recebeu mais uma homenagem do Poder Legislativo, na 12ª sessão ordinária da Câmara Municipal, desta segunda-feira (8.abr). E assim, por iniciativa do vereador Chandelly Protetor (Republicanos), e aprovada por unanimidade, a atual Rua Projetada 12, no Parque Residencial Jardim Riviera, passará a chamar Rua Eugênio da Silva – Músico Tesourinha. 

A homenagem foi acompanhada por amigos e familiares de Tesourinha presentes nas galerias da Casa de Leis. No telão, um clipe com a música “Carinhoso”, a preferida do homenageado, exibiu fotos da vida do saudoso músico, causando grande comoção. 

Confira o histórico do homenageado 

De acordo com o projeto “Eugênio da Silva nasceu em São José do Rio Preto/SP, no dia 1º de novembro de 1932, sendo que, aos 14 anos de idade mudou-se para Votuporanga, que naquela época possuía apenas nove anos. Foi casado com Aparecida Belizário da Silva, com quem teve os filhos Eliane, Ester, Raquel, Eugênio Júnior e Lucas, sendo avô de quatro netos: Filipe, Lucas Henrique, Julia e Heitor. 

No ano de 1949 concluiu o primeiro grau escolar. Não tendo condições de continuar seus estudos, foi aprender uma profissão. Inicialmente, optou pela profissão de Alfaiate na Alfaiataria que se localizava no prédio da “Casa Dias”, no cruzamento das ruas Amazonas e Goiás, onde atualmente funciona o Supermercado Amigão. 

Um belo dia, ao cair a noite, um colega de Eugênio disse para ele: vamos aprender tocar um instrumento musical? E ele disse, vamos! Disse isso, porque adorava ver a Corporação Musical que se chamava Banda Musical de Votuporanga que com o passar dos anos passou a chamar-se “Zequinha de Abreu”. Essa corporação musical reunia-se na Praça São Bento e descia pela Rua Amazonas até a barraca da quermesse para angariar fundos para construção da Igreja Matriz. Na quermesse tocava-se para ajudar também na construção da Santa Casa de Misericórdia. 

, liderada na época pelo saudoso Doutor Miguel Gerosa, assim, o músico começou a fazer parte daquela banda. 

Também começou a fazer parte da orquestra denominada “Ditinho e sua Orquestra”, que animava os bailes dançantes, por sinal uma das poucas diversões da época, bem como os intervalos dos filmes que eram exibidos no antigo Cine Paramount. Seu apelido “Tesourinha” é originário de uma homenagem a um grande jogador de futebol do Estado do Rio de Janeiro da década de 40. 

Na década de 50 o senhor “Ditinho” parou com a música e os músicos resolveram fundar a “Orquestra Guarani de Votuporanga”, ao qual, o músico Tesourinha foi um dos fundadores. Essa orquestra durou até o começo dos anos 60. Após ser dissolvida a Orquestra Guarani, o músico fundou no ano de 1964, o grupo musical denominado “Banda Jovem Capri”, que foi comandada pelo mesmo durante mais de 30 anos. 

Também fez parte da Orquestra “Pedrinho e sua Orquestra” da cidade de Guararapes, durante algum tempo. No ano de 1959, fez uma temporada na Capital Federal numa casa noturna denominada “Boate Macumba”. Essa casa noturna era frequentada pelo alto escalão da Presidência da República, Vice-presidente João Goulart, filhas de Juscelino Kubitschek, Chefes da Casa Civil, entre outras personalidades. Como os músicos da referida casa noturna eram os mais conceituados da nova Capital Federal, o conjunto musical foi contratado para tocar em coquetel dentro do Palácio da Alvorada em despedida do Presidente Juscelino Kubitschek às Embaixadas e Consulados. 

Tocou em vários Estados do Brasil e participou da abertura de shows com músicos e bandas consagradas. Um dos fatos que também marcaram a histórica e memorável carreira do músico foi sua participação no Programa “Cidade contra Cidade” que era dirigido por Silvio Santos, onde disputou com outro saxofonista da cidade de Andradina. Essa disputa foi vencida pelo músico votuporanguense que contribui para a conquista de uma ambulância para a Santa Casa de Misericórdia. 

Também gravou com a ajuda de personalidades e empresas locais um CD com a finalidade de arrecadar fundos para a Santa Casa de Misericórdia de Votuporanga, onde, aliás, sempre nas datas especiais ia alegrar os pacientes com sua música. Além de sua extensa participação na Banda Zequinha de Abreu e na Banda Jovem Capri, Tesourinha tocou como “freelance” em inúmeros casamentos, aniversários e recepções de eventos. 

O músico sempre relatou que Votuporanga era a melhor cidade para se viver, pois, foi onde formou sua maravilhosa família e concretizou todos os seus sonhos. Sua música predileta era “Carinhoso” de Pixinguinha e foi com esse carinho que cultivou um vasto círculo de amigos e admiradores em nossa cidade, sendo pessoa respeitada por todos os segmentos sociais. Durante a pandemia da COVID-19, em razão da idade avançada, gravou diversos vídeos para serem exibidos junto com as “lives” da Corporação Musical “Zequinha de Abreu”, demonstrando seu compromisso em alegrar os votuporanguenses em um momento tão difícil de nossa história. 

Infelizmente no dia 9 de dezembro de 2020 veio a falecer, sendo uma das vítimas da COVID-19, o que causou grande comoção entre seus familiares, amigos e músicos locais que lhe prestaram homenagens durante seu velório e até o momento de seu sepultamento. Em comemoração à Semana da Música no ano de 2021, foi homenageado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo e pela Câmara Municipal em tributo aos músicos votuporanguenses que faleceram entre os anos de 2020 e 2021. Por sua trajetória, não resta dúvida de que esse saudoso músico e cidadão deve ser homenageado com a denominação de uma via pública em nosso Município, preservando assim, sua memória entre as presentes e futuras gerações votuporanguenses”, concluiu o projeto de autoria de Chandelly Protetor.