Homem que usou CNH de caminhoneiro durante roubo é preso pela polícia em Rio Preto

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Fábio Júnior Prates Rosa foi preso injustamente em Rio Preto — Foto: Reprodução

Alexandre Aparecido da Silva, de 40 anos, se passou por Fábio Júnior Prates Rosa no dia 31 de janeiro deste ano, ao ser preso em flagrante por roubo. Em 16 de abril, Fábio foi preso injustamente por três dias.


O homem que usou a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do caminhoneiro Fábio Júnior Prates Rosa foi preso preventivamente pela Polícia Civil de São José do Rio Preto/SP na noite de sexta-feira (29.abr).

Alexandre Aparecido da Silva, de 40 anos, se passou por Fábio no dia 31 de janeiro deste ano, ao ser preso em flagrante por roubo. Por conta disso, em 16 de abril, o caminhoneiro foi preso injustamente por três dias.

Fábio foi solto somente depois que o advogado dele, Yan Livio Nascimento, entrou com um pedido de revogação da prisão e comprovou que o cliente estava viajando com a família no dia do crime.

“Estava com o carro parado, quando meu filho foi buscar marmita, minha filha veio para o meu colo. Eles [policiais militares] vieram, me abordaram, puxaram a documentação e disseram que eu teria que acompanhá-los até a delegacia”, contou o caminhoneiro.

Na delegacia, os policiais constataram que Fábio estava foragido por um crime de roubo de fios elétricos de caminhões de uma empresa de terraplanagem. Consta no boletim de ocorrência que foram apreendidos os fios e uma faca usada no crime.

“Fiquei em choque. Nunca roubei nada. Quem me conhece sabe. Sou um cara extremamente correto com as coisas. O momento mais difícil foi a hora que entrei na viatura na frente dos meus filhos. Isso foi o fim. Sempre pesei muito pelo meu nome e sempre cuidei da minha família com muito cuidado”, disse Fábio.

No dia 31 de janeiro, quando o roubo aconteceu, o caminhoneiro estava viajando com a família. As fotos da viagem foram as provas apresentadas pelo advogado de defesa de Fábio durante a audiência de custódia.

Não há informações sobre como a CNH de Fábio, vencida desde 2017, foi usada pelo verdadeiro criminoso, principalmente porque o documento ainda está com o caminheiro. A Polícia Civil apura se houve falsificação.

“É uma incógnita para a defesa ainda se esse documento teria sido exibido pelo autor dos fatos, no dia do flagrante, ou se está no sistema da polícia e simplesmente foi juntada nos autos”, explicou o advogado do caminhoneiro.

Situação semelhante

Fábio passou por uma situação semelhante em 2018, quando também foi levado à delegacia porque um criminoso tinha usado os dados pessoais dele no momento da prisão. O delegado, neste caso em específico, percebeu o equívoco, e nada aconteceu.

Mesmo depois de ter explicado o que aconteceu há quatro anos, e ter apresentado fotos da viagem com a família no dia do crime, Fábio foi preso, passou um dia na carceragem da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) e dois no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Rio Preto.

O advogado do caminhoneiro diz que vai entrar com uma ação contra o Estado de São Paulo por danos morais. Fábio ainda responde ao processo pelo crime que não cometeu e também luta para ter de volta o direito de poder trabalhar e a tranquilidade de sair de casa sem ser julgado.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Segurança Pública (SSP) disse que a Polícia Civil cumpriu mandado de prisão expedido pela 1ª Vara Criminal da Comarca de São José do Rio Preto contra o homem citado pela reportagem.

O órgão também disse que o capturado deu entrada no Centro de Triagem de Presos da Delegacia Seccional de São José do Rio Preto e passou por audiência de custódia, na qual sua prisão foi confirmada por um juiz.

“No dia seguinte, ele foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória da cidade. Cabe salientar que a Polícia Civil dispõe de diversos meios para a checagem da identidade da pessoa presa, os quais são utilizados de acordo com a necessidade e entendimento da autoridade policial de plantão”, afirmou o órgão na nota.

Registro fotográfico

Na quinta-feira (28), o Ministério Público entrou no caso e questionou por que a Polícia Civil não fez o registro fotográfico do verdadeiro criminoso no dia do flagrante.