FIM DAS FLORES? Empresária do ramo de decoração em casamentos fala sobre como a pandemia afetou o setor

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Karina Affini declara que o setor decoração vive o seu pior momento da história desse país

Karina Affini declara que o ano de 2020 está praticamente perdido, o setor parou por completo e que sua maior preocupação é com a quebradeira geral na Holambra, a maior produtora de flores da América Latina.

 

 

Produtores de flores da Holambra destroem flores, milhões de reais de prejuízo

 

Danilo Camargo

Karina Affini é proprietária de uma empresa de decorações e organizações de festas, uma delas é a Confraria de Noivas, que acontece anualmente em Rio Preto e em Votuporanga, que já aconteceu no Ville Eventos. Karina, como todos os empresários do segmento, sofre com a paralização das atividades devido à pandemia do coronavírus.

Eventos como a Confraria das Noivas que reúne centenas de empresas ligadas ao segmento e que normalmente divulgam seus trabalhos no mês de maio, em que acontece a maioria dos casamentos, teve neste ano, inesperadamente, uma paralização total. Karina conta que já chegou a reunir num desses eventos mais de 900 noivas que foram à feira para ter contato com empresas voltadas ao meio, como buffets, decoração, gastronomia, fotógrafos, moda (alta costura) etc. “Parou tudo neste ano, nossos eventos, de repente ficamos estagnados. As vidas comerciais de todas essas empresas de extremo sucesso foram a zero”.

“O nosso segmento chegou a uma posição desesperadora. Nós geramos muitos empregos, famílias dependem do nosso trabalho, pessoas que fazem parte das nossas montagens de eventos, caminhões para transportes. O setor de flores saiu muito prejudicado com a paralização das decorações das festas que não acontecem mais. Para ter uma ideia a Holambra realizou um investimento muito alto contando com datas pontuais de eventos no Brasil todo, tudo gira normalmente no mês de maio e os prejuízos ultrapassam milhões de reais”.

“As perdas começaram  em maio com o Dia das Mães, um mês destinado também aos eventos comerciais voltados as noivas, sem contar com o Dia dos Namorados, muitos produtores de flores quebraram, lavouras tradicionais da Holambra já não tem mais como produzir suas flores, caos total.”

“O nosso desespero hoje é que quando isso passar quem é que vai sobreviver comercialmente falando. Hoje estamos remarcando eventos, estamos passando a nossa agenda inteira para o ano que vem, mas perdemos muitas noivas que desistiram de realizar suas festas e ficamos perdidos no meio disso tudo. Estou no ramo há anos e nunca vivenciei uma crise dessa magnitude. Eu sei que cada segmento reage de uma maneira, o nos deixa profundamente triste, principalmente essa quebradeira que aconteceu lá no Veiling Holambra.”

Produtores de flores da Holambra destroem flores, milhões de reais de prejuízo

“Estamos com a nossa agenda lotada sem poder trabalhar por conta disso não podemos assumir compromisso nenhum. Nós nem sabemos se no ano que vem a gente volta a trabalhar. Já teve um casamento este ano que remarquei três vezes e agora passou para o ano que vem. Tudo isso é muito triste, nossa vida sempre foi um sonho e hoje estamos vivendo um pesadelo.”

“Estamos num momento de desespero, de preocupação, de ansiedade, de tristeza, somos acostumadas a lidar com um mundo bonito, de alegria, de cores, de flores. Muitos colegas da área estão com depressão. Tenho muito medo de quando tudo isso acabar. Será que a Holambra voltará a produzir rosas? Quebrou toda sua cadeia de produção e distribuição. A culpa não é nossa ou de alguém, mas dessa pandemia. Nunca na nossa vida passamos por isso.”

“Aqui em Rio Preto existe uma pessoa que trabalha com cerimonial e eu ela resolvemos montar um grupo, denominado de “Amigos do Bem”. Nele, os membros que outrora trabalhavam no segmento de festas agora produzem tortas caseiras, bolos para entregas, tudo numa tentativa de sobrevivência. Então auxiliamos na divulgação por meio do grupo para vendas e entregas dessas pequenas iguarias que está mantendo a maioria dos funcionários do setor.”

“Eu, Karina, tenho um acervo próprio de decoração, porque flores daqui pra frente será uma incógnita, a Holambra praticamente acabou. A nossa empresa é estruturada, temos barracão próprio, mas o que me preocupa são as flores. Lá na Holambra a produção de flores foi moída pelos agricultores. Então o meu medo é que as noivas que remarcaram seus casamentos para outubro não terão flores nas decorações. Não existe neste momento nenhuma rosa sequer. Infelizmente teremos que decorar nossas festas, quando voltarem a acontecer, com flores permanentes. Eu realmente não estou acreditando no que está acontecendo.”

 FIM DOS SONHOS?

O conhecido DJ Lukinha de Votuporanga fala também sobre a crise do setor de entretenimentos

DJ Lukinha atua no mercado de festas há 20 anos

  

Há 20 anos na área de festas, Lucas Alonso, o DJ Lukinha falou ao Diário sobre o drama que vem enfrentando desde que começou a pandemia do coronavírus.

Ele conta que é a primeira vez que passa por isso em toda sua carreira. “A pandemia não afetou só a gente, mas todos, uns com mais gravidade, outros menos, mas nós que pertencemos ao ramo de eventos estamos sofrendo muito. Estamos parados desde março, o último evento aconteceu no dia 8 daquele mês, daí pra frente todos foram cancelados ou remarcados, estávamos com a agenda lotada para este ano, mas como existiam algumas datas livres para 2021, acabamos por remarcá-las e isso causou um tumulto na agenda do ano que vem que ficou praticamente lotada. Não sabemos o que vai ser de 2021, pode acontecer de não termos uma vacina até junho do ano que vem e não ser permitida a aglomeração de pessoas”.

“Está muito complicado, investi em muitos equipamentos novos no final do ano passado, inclusive usei um deles apenas duas vezes, uma novidade incrível que apenas algumas empresas a possuem no Brasil e agora tudo parado. Está muito difícil, ainda damos conta de nos manter, de segurar a onda por um tempo, mas existem muitas famílias sofrendo, passando dificuldades no ramo de eventos, como garçons, floristas, decoradores, músicos, Djs, equipes de segurança, cerimonialistas. Para se ter uma ideia, num casamento ou uma festa de 15 anos, em média, são 12 profissionais envolvidos, fora a equipe de cada um, eles se reúnem para realizar sonhos.”

“Quero aproveitar e pedir para as autoridades que olhem pra gente com um pouco mais de atenção, estamos sem previsão de volta, não existe uma luz no final do túnel pra gente.”