Operação Nexum da Polícia Civil do DF investiga lavagem de dinheiro.
Jair Renan, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é alvo nesta quinta-feira (24.ago) de uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal relacionada a um grupo suspeito de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
Os investigadores cumprem dois mandados de busca contra Jair Renan, um em Balneário Camboriú/SC, onde ele mora atualmente, e um outro em Brasília/DF.
“Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Distrito Federal e em Santa Catarina. No Distrito Federal as ordens foram cumpridas em Águas Claras e no Sudoeste, em desfavor do alvo principal e dois comparsas”, afirmou, em nota, a Polícia Civil do DF.
Um dos “comparsas” seria Renan, segundo as investigações.
A polícia prendeu o mentor do esquema e tenta capturar um segundo envolvido, que teve decretada sua prisão, mas que se encontra foragido. Essa segunda pessoa, de acordo com a corporação distrital, e também procurado por crime de homicídio ocorrido no Distrito Federal.
O inquérito policial apontou a “existência de uma associação criminosa cuja estratégia para obter indevida vantagem econômica passa pela inserção de um terceiro, ‘testa de ferro’ ou ‘laranja’, para se ocultar o verdadeiro proprietário das empresas de fachada ou empresas ‘fantasmas’, utilizadas pelo alvo principal e seus comparsas”, diz o comunicado da polícia.
O caso está a cargo da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Ordem Tributária, da área de combate à corrupção e ao crime organizado da Polícia Civil do DF. A operação foi batizada de Nexum.
Os nomes do presidente e dos filhos já foram ligados a casos sobre funcionários fantasmas, evolução patrimonial suspeita, vínculo com miliciano e caixa dois eleitoral. Em alguns casos, a família é diretamente investigada, em outros, teve o nome mencionado em depoimento ou manteve algum vínculo indireto com os envolvidos.
Bolsonaro foi recentemente condenado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por mentiras e ataques ao sistema eleitoral, ficando assim inelegível pelos próximos oito anos, e ainda enfrenta uma série de ações na Justiça, como no caso das joias e sob a suspeita de responsabilidade nos ataques de 8 de janeiro.
Jair Renan ainda não se manifestou sobre a operação desta quinta-feira. No ano passado, em meio a outras investigações diante de suspeitas de tráfico de influência e lavagem de dinheiro, ele negou as acusações de recebimento de propina e de defender interesses empresariais junto ao governo.
“Eu me sinto revoltado com tudo isso que tá acontecendo. Nunca recebi nenhum cargo, nenhum dinheiro, nunca fiz lavagem de dinheiro, e estão tentando me incriminar numa coisa que não fiz”, afirmou na ocasião o filho 04 do presidente.
Em agosto do ano passado, a Polícia Federal afirmou em relatório final da investigação sobre a atuação de Jair Renan que não havia encontrado crimes na suposta atuação do filho do presidente em favor de empresários.
Na ocasião, o caso foi encerrado na superintendência da PF no Distrito Federal sem nenhum indiciamento.
O inquérito foi aberto em março de 2021, após pedido do Ministério Público Federal baseado em denúncias feitas por parlamentares da oposição ao governo.
Como revelou a Folha de S.Paulo, a cobertura com fotos e vídeos da festa de inauguração da empresa do 04 em Brasília foi realizada gratuitamente por uma produtora que tem contratos com o governo federal.
A revista Veja, por sua vez, mostrou a abertura da empresa e como Jair Renan solicitou ao gabinete da Presidência da República uma audiência para tratar de interesses comerciais de um de seus patrocinadores do Espírito Santo.
Empresas capixabas chegaram a doar um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil para um projeto parceiro da empresa de Renan, a Bolsonaro Jr Eventos e Mídia.
*Com informações do jornal Folha de S.Paulo