Casos aumentam entre pessoas mais jovens, alertam médicos do Instituto de Moléstias Cardiovasculares – IMC; quatro em cada dez brasileiros adultos têm colesterol elevado, de acordo com o Ministério da Saúde.
Quatro em cada dez brasileiros adultos têm colesterol elevado, de acordo com o Ministério da Saúde, o que equivale a 18,4 milhões de pessoas que correm o risco de ter algum problema de coração ou do sistema circulatório a qualquer momento. Em níveis elevados, o colesterol é um dos grandes responsáveis pelas doenças cardiovasculares, principais causas de mortalidade no Brasil. Mais de 380 mil brasileiros morrem por ano vítimas de problemas no coração e artérias importantes do nosso corpo.
Esta terça-feira, 8 de agosto, é o Dia Nacional de Combate ao Colesterol, oportunidade para as pessoas saberem mais sobre como prevenir o acúmulo deste composto gorduroso no sistema circulatório arterial e como é o diagnóstico e tratamento. O conhecimento é fundamental, pois, em média, são mil mortes por dia. “As pessoas precisam estar cada vez mais conscientes de que há maneiras de controlar e diagnosticar o colesterol elevado no sangue, uma das principais causas de do infarto e acidente vascular cerebral (AVC)”, afirma o médico cardiologista Maurício Bicudo, do Instituto de Moléstias Cardiovasculares – IMC, um dos centros de referência no Estado de São Paulo.
Histórico familiar (condições genéticas associadas), sedentarismo, obesidade e alimentação rica em gorduras e ácidos graxos saturados são as principais causas do colesterol alto, segundo o médico. A pandemia contribuiu muito para o aumento de pessoas com o problema, pois aumentou o sedentarismo e a obesidade. Foi o caso da dona de casa Bárbara Andrade, de 37 anos, que descobriu níveis altos de colesterol ao fazer check-up no IMC, logo após a pandemia. “Eu estava com 20 quilos a mais, comendo muito mal e sempre com preguiça”, lembra.
Sob orientação do cardiologista, ela adotou alimentação mais saudável e começou a praticar atividade física. Perdeu 20 quilos e hoje tem o colesterol controlado.
O avanço dos exames diagnósticos é outra razão para que as pessoas se lembrem de consultar o médico periodicamente para verificar seu nível de colesterol e se há alguma obstrução em seus vasos.
No IMC, para ao constarem em pacientes com colesterol alto o risco de doença arterial coronariana, médicos contam com o auxílio do ultrassom intracoronário (IVUS), equipamento de alta tecnologia. Este ultrassom permite visualizar a imagem por dentro da artéria em três dimensões, semelhante à visão real e detecta lesões obstrutivas por placas de gordura, que seriam difíceis de quantificar no cateterismo cardíaco ou na angiografia com contraste.
“Se for necessário realizarmos um procedimento para desobstruir a artéria, o ultrassom nos auxilia também no implante dos stents, otimizando a visualização e o posicionamento na parede da artéria que é vista por dentro”, explica o cardiologista hemodinamicista Pedro Garzon, do IMC. “É um procedimento minimamente invasivo, com anestesia local, realizado por um cateter com um pequeno transdutor inserido na ponta, uma espécie de câmera que transmite as imagens do interior das artérias”, explica o médico.
Os medicamentos mais acessíveis são as estatinas, ezetimiba, fibratos, resinas e o ômega-3, que devem ser tomados diariamente, via oral, segundo o cardiologista Mauricio Bicudo. Há, no entanto, novas medicações que são ministradas no tecido sub-cutâneo uma vez por mês ou até uma vez a cada 6meses, oferecendo muito mais comodidade ao paciente. Uma é o inclisiran, que necessita de uma ou duas injeções no ano. Já os anticorpos monoclonais Evolocumabe e Alirocumab, injetáveis também, são ministrados uma vez por mês ou a cada 15 dias.
Há vários tipos de colesterol em nossa corrente sanguínea, mas os mais relevantes na prática médica são o LDL, conhecido como “ruim”, e o HDL, que protege o coração de doenças e, por isso, é considerado “bom”, além dos triglicerídeos , molécula muito importante também na promoção de uma melhor saúde para os pacientes. Um dos motivos da alteração dos níveis de colesterol ruim é o consumo excessivo de gorduras saturadas e trans, presentes em alimentos de origem animal, como carnes, ovos, derivados do leite, além de produtos ultraprocessados, como biscoitos, margarina, salgadinhos de pacote, comidas congeladas, bolos prontos e sorvete. “Cerca de 70% do colesterol é produzido pelo fígado. Os demais 30% vêm da dieta, por isso, é tão importante manter uma alimentação equilibrada”, ressalta a endocrinologista Mariana Mendes, do IMC.
Pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Cardiologia mostrou que 67% das pessoas desconheciam os valores dos níveis de colesterol do próprio organismo.
Para as pessoas que associam o colesterol alto somente à obesidade, Dra. Mariana faz outro alerta. “Um dos mitos é de que o colesterol é problema apenas de quem sofre de obesidade. A ciência médica já comprovou ser inverdade. Pessoas magras também podem apresentar descontrole nos níveis de gordura no sangue e estar no grupo de risco de infarto e AVC”, afirma a médica.
É importante também, segundo ela, que as pessoas saibam que o colesterol elevado, na maioria dos casos, não dá sinais nem qualquer tipo de sintomas. Por isso, é essencial fazer os exames periódicos e acompanhamento médico, além de adotar hábitos que incluem a alimentação saudável e adequada e a prática de atividades físicas regularmente.
Outro engano das pessoas é achar que o colesterol só causa danos à saúde. Produzido pelo organismo, ele é uma gordura necessária, que tem a função de manter as células em funcionamento para produção de hormônios e da bile, metabolização de vitaminas, entre outras funções.