Justiça expediu mandado de prisão após investigação da Polícia Civil de São José do Rio Preto/SP.
A Divisão Especializada em Investigações Criminais (DEIC) de São José do Rio Preto/SP está à procura de um empresário rural, suspeito de integrar uma organização criminosa de furto e roubo de gado na região. Um mandado de prisão preventiva foi expedido pela Comarca de José Bonifácio/SP. O nome dele não foi divulgado à imprensa.
O empresário é suspeito de adquirir os animais subtraídos pela quadrilha grupo e utilizar notas fiscais falsas para conseguir abater e revender os animais. Ele é suspeito do crime de receptação e integrar organização criminosa.
A quadrilha teria praticado, entre consumados e tentados, oito grandes roubos de gado na região de Rio Preto. O prejuízo dos pecuaristas é estimado em R$ 1,5 milhão.
O delegado do caso, Paulo Buchala Júnior, afirma que durante as investigações foi constatado que todas as notas fiscais foram emitidas por um braço da organização criminosa que tinha a função de tentar legalizar os animais subtraídos. As primeiras pistas que levam ao empresário investigado vieram com um flagrante em Borborema. “Interceptamos 35 bois roubados em duas carretas em Borborema que tinham notas fiscais, mas a quantidade de animais não batia com a documentação”, diz o delegado.
Depois de relacionar as notas falsas a oito roubos de gado na região de Rio Preto, a Deic obteve os indícios da participação do empresário rural. A suspeita de participação dele na organização criminosa aumentou quando a Deic descobriu que todo o gado roubado era comprado pelo empresário por até 60% abaixo do preço de mercado.
O gado era sempre abatido nas dependências de um frigorífico em Ouroeste, que já foi alvo de buscas pelos policiais. No frigorífico, foi constatado o abate de animais sem notas, o que seria indício de crime de sonegação tributária. O caso será repassado para Receita Federal. Em seguida, a carne era vendida para clientes como açougues e distribuidora de carnes.
Desde o início das investigações, em dezembro do ano passado, a polícia recuperou 150 animais e 12 pessoas foram presas. Foram apreendidos 7 caminhões e carretas utilizadas nos crimes, além da apreensão de dois veículos que eram utilizados para levantamento dos locais.
Modus operandi
Os ataques às fazendas de criação de gado de corte cresceram durante a pandemia. Uma das motivações foi o aumento do preço da arroba do boi. A maioria dos integrantes da quadrilha presos morava na região de Lins/SP.
Bem organizados, os ataques começam com o levantamento logístico da propriedade rural, onde um criminoso, fingindo precisar de ajuda ou apenas para pedir água, visita a fazenda, obtém informações sobre quantidade de funcionários, esquema de segurança e quantidade de animais. Todos os dados são repassados para outros integrantes que planejam o ataque. Na região de Rio Preto, na maioria das vezes, o que acontece é um roubo, em que todos os funcionários e familiares são feitos reféns sob mira de armas, enquanto os criminosos colocam as cabeças de gado dentro de caminhões adequados para este tipo de transporte. No Estado de Minas Gerais, outra área de atuação da quadrilha, o bando prefere atacar fazendas quando os caseiros se ausentam.
*Informações/Diário da Região/Marco Antonio dos Santos