Dante Mantovani, novo presidente da Funarte, é maestro e disse que ‘rock leva ao aborto e ao satanismo’

974

Ele discute temas culturais em canal do YouTube e falou que abertura de Olimpíadas em 2016 foi feita por ‘aberrações sonoras’.

Nomeado como novo presidente da Funarte nesta segunda-feira (2), Dante Mantovani é maestro e também tem um canal no YouTube em que discute temas relacionados à cultura.

Além da graduação em Música, Mantovani é especialista em Filosofia Política e Jurídica e Mestre em Linguística. Em 2013 defendeu o doutorado em Estudos da Linguagem pela Universidade Estadual de Londrina.

O canal no YouTube tem poucos mais de 6,88 mil inscritos, e é a única rede social que continua no ar do novo presidente. Perfis no Instagram, Facebook e Twitter foram apagados na semana passada, quando seu nome começou a ser cotado para o cargo.

O primeiro vídeo foi publicado em fevereiro de 2016 com o título “Para que Serve o Maestro” e tinha 1.303 visualizações até a publicação desta reportagem.

Além dos temas mais técnicos da música erudita, Mantovani discute aspectos da cultura relacionados à filosofia nos vídeos.

Em um deles relaciona Adorno, teórico da Escola de Frankfurt, com os Beatles e reforça teorias da conspiração de que havia infiltrados comunistas na CIA, serviço de inteligência americano.

“A União Soviética levou agentes infiltrados para os Estados Unidos para realizar experimentos com certos discos realizados inclusive para crianças”, disse.

 

“Esses agentes viam, se infiltraram e vinham mudando, inserindo certos elementos para fazer experimentação, experimentos, engenharia social com crianças. Daí passaram para músicas para adolescentes.”

A partir disso, ele começa a falar sobre o surgimento de Elvis Presley. “Na década de 50 apareceu um tal de Elvis Presley com o rock lá que fazia todo mundo sacolejar, balançar o quadril. Todo mundo ama esses caras e começam a ser introduzidos certos comportamentos. O Elvis Presley, por exemplo, morreu de overdose”, comentou.

Ele também fala do festival de Woodstock, famoso símbolo da contracultura, e ao LSD. “Woodstock aquele festival da década de 60 que juntou um monte de gente, os hippies fazendo uso de drogas, LSD. Inclusive existem certos indícios que a distribuição em larga escala de drogas, LSD, foi feita pela própria CIA.”

“O rock ativa a droga que ativa o sexo que ativa a indústria do aborto”, comentou.

“A indústria do aborto por sua vez alimenta uma coisa muito mais pesada que é o satanismo. O próprio John Lennon disse abertamente, mais de uma vez, que ele fez um pacto com o diabo, com o satanás para ter fama, sucesso”, continua.

‘Aberrações sonoras’

O novo presidente da Funarte disse que os artistas que se apresentaram na abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 eram “aberrações sonoras”.

“É de se chamar atenção como que um país como o Brasil que tem grandes gênios da música, como por exemplo o Heitor Villa-Lobos, apresentam em uma abertura de uma Olimpíada aquelas aberrações sonoras que eu não tenho nem coragem de chamar de música”, disse, logo depois de iniciar o vídeo tocando “Bachianas Brasileiras No. 4”.

Caetano Veloso, Gilberto Gil, Anitta, Marcelo D2, Paulinho da Viola, Jorge Ben Jor foram alguns dos artistas que participaram da cerimônia de abertura em agosto de 2016.

“Por que o brasileiro não valoriza a sua cultura? Aliás, por que ele nem conhece sua cultura? Não é uma coisa exorbitantemente assustadora? Quer se passar uma imagem que o Brasil é uma espécie de bordel. O mundo virá aqui e terá suas aventuras, suas orgias sexuais”.

“O fenômeno por trás disso é a ocultação da nossa verdadeira cultura. Isso aqui é nossa verdadeira cultura: é a música clássica, música erudita de Heitor Villa Lobos, de Carlos Gomes, de Tom Jobim na música popular.”

 

 

Livro, documentário e curso online

Mantovani é autor do livro “Ensaios sobre a Música Universal – do Canto Gregoriano a Beethoven”, lançado em 2017 e produziu o curta-metragem “Deus Acima de Todos” sobre a eleição do presidente Jair Bolsonaro no ano passado.

 

O maestro também criou um curso superior online de música, chamado “Seminário de Música”. Mantovani também é seguidor das ideias de Olavo de Carvalho e, inclusive, o ideólogo de direita está entre os nomes citados nos agradecimentos de sua tese de doutorado.

 

“Ao professor Olavo de Carvalho, cujas aulas, livros e artigos me resgataram de um mar de dúvidas que pareciam insolúveis e me propiciaram a clareza mental e a coragem necessárias para finalizar este trabalho”, escreveu.

 

Funarte

Mantovani assume o cargo depois de Miguel Proença, que foi exonerado da presidência da instituição em novembro. Proença permaneceu nove meses no cargo, desde fevereiro. Ele assumiu no lugar do ator Stepan Nercessian.

A Fundação Nacional de Artes é responsável pelo desenvolvimento de políticas públicas de fomento a artes visuais, música, circo, dança e a teatro. A instituição é subordinada à Secretaria da Cultura, atualmente vinculada ao Ministério do Turismo. (G1)