Curso capacita profissionais a conversar com as famílias sobre doação de órgãos

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Foto: Reprodução

Evento organizado pela Organização de Procura de Órgãos do Hospital de Base de Rio Preto reuniu aproximadamente 30 profissionais de cidades como Rio Preto, Araçatuba, Votuporanga, Fernandópolis, Catanduva, Araçatuba e Birigui.


Aconteceu na última sexta-feira (5.ago), o Curso de Comunicação em Situações Críticas, organizado pela Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Hospital de Base de Rio Preto, em parceria com a Central de Transplantes de Santa Catarina e com a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).

Na oportunidade, aproximadamente 30 profissionais de cidades como Rio Preto, Araçatuba, Votuporanga, Fernandópolis, Catanduva, Araçatuba e Birigui, que lidam com pacientes críticos em emergências em unidades de terapia intensiva, participaram da capacitação. Foram enfermeiros, médicos e psicólogos.

Por meio de conversas, dinâmicas e simulações, os participantes aprenderam mais sobre como lidar com os familiares de um potencial doador de órgãos desde o momento inicial da internação do paciente.

João Fernando Picollo, coordenador da OPO do Hospital de Base, reforça que a única maneira de garantir a doação de órgãos no Brasil é por meio da autorização da família – não existe nenhum documento que a pessoa possa deixar manifestando sua vontade. “Então, é fundamental que as pessoas debatam isso antecipadamente e tenham uma opinião formada em relação a isso porque ela vai salvar vidas.”

Atualmente, um doador pode modificar a vida de centenas de pessoas entre órgãos e tecidos: coração, pulmões, rins, fígado e pâncreas podem salvar sete pessoas e pele, ossos e córneas podem transformar a vida de centenas delas.

“O que resolve a doação de órgãos é a educação de profissionais nas diversas etapas e processos. A entrevista não é um ato, é um processo, que está centrado na qualidade de toda a comunicação com essas famílias durante toda a internação do familiar. Se os profissionais são treinados e hábeis em comunicação, empatia e acolhimento, a chance de a doação ocorrer é enorme”, explica Joel de Andrade, coordenador estadual de transplantes de Santa Catarina.

Aline Ghellere Pavei, enfermeira do Programa de Qualidade do Sistema de Transplantes de Santa Catarina, destaca que a mesma dor que o profissional de saúde sente ao perder alguém querido é a que o familiar do paciente tem. “Os profissionais de saúde não estão preparados para lidar com as famílias  no momento da perda de um ente querido, pois em nossa formação profissional  não tivemos essa preparação. Cada um tem sua forma de vivenciar o luto. As famílias passam por negação, raiva, barganha, revolta e é importante preparar os profissionais para lidar com isso, identificar que esses sentimentos e comportamentos fazem parte do processo e cabe a nós respeitar.”

A especialista avalia que a aceitação da doação de órgãos é uma consequência de tudo que foi feito antes – ou seja, se a família foi respeitada, é mais provável que siga “sim”.

Curso

No sábado, o evento continuou, mas com o Curso de Determinação em Morte Encefálica, voltado para médicos da região. O curso aconteceu no Hyatt Place, na Juscelino Kubitscheck de Oliveira. Antes de 2017, somente algumas especialidades de médicos podiam fazer o diagnóstico de morte encefálica.

Agora, essa determinação pode ser feita por intensivistas, emergencistas, neurologistas ou profissionais e de qualquer outra especialidade desde que certificados – o que é positivo para que se aproveitem todas as oportunidades de doação nas pequenas cidades, carentes das especialidades mais complexas. “Dessa maneira, a gente consegue ampliar as pessoas que conseguem fazer o exame. Pode ser um clínico geral, um cirurgião geral que dá plantão na emergência ou na UTI”, destaca Picollo.