Check-in feito. Mas e seus dados, já deram entrada em outro lugar? 

2
Christiano Guimarães - Consultor em Segurança da Informação - Foto: Reprodução

Você chega no hotel cansado, mala arrastando, só querendo tomar um banho e deitar. A recepção é simpática, o ar-condicionado gelando, tudo parece perfeito… até começarem as perguntas: nome completo, CPF, telefone, e-mail, número do documento com foto, endereço, placa do carro, nome da mãe, grupo sanguíneo, signo… e lá se vai seu fim de semana de descanso junto com a sua privacidade.

É impressionante como alguns hotéis — até mesmo os mais bonitos, bem avaliados e com café da manhã decente — ainda tratam os dados dos hóspedes como se fossem guardanapo usado: pegam, amassam e jogam em qualquer lugar. 

Mas isso precisa mudar. E já passou da hora. 

Quando um hóspede faz check-in, ele entrega dados pessoais — e em muitos casos, dados sensíveis. Em hotéis com spa, clínica estética ou serviços médicos, as informações de saúde também entram no pacote. E como manda a LGPD, quem coleta esses dados tem a obrigação legal de proteger, justificar e controlar o uso dessas informações. 

Mas na prática? Ainda tem hotel imprimindo ficha de cadastro e largando em cima do balcão. Tem computador da recepção sem senha. Tem chave de quarto com nome do hóspede escrito com canetinha. E tem hóspede achando tudo isso normal. 

Não é. 

Se você é empresário do setor, entenda: LGPD não é frescura de capital, é lei — e sim, vale pra hotéis, pousadas, hostels e até Airbnb com gestão profissional. Se o seu negócio coleta dados para reserva, check-in ou qualquer outro serviço, você precisa de um plano de adequação. Isso inclui: saber exatamente quais dados coleta, por que coleta, onde armazena, por quanto tempo, com quem compartilha e como protege. Parece complicado? É porque você ainda não começou. Depois que organiza, vira parte da rotina. 

E se você é hóspede, pare de entregar seus dados como quem entrega a toalha no check-out. Questione o porquê de cada informação. Pergunte como seus dados são guardados. Evite passar dados por WhatsApp ou e-mail sem criptografia. E, principalmente, não aceite que deixem suas informações à mostra. 

A LGPD foi criada pra proteger gente como você — e só funciona se você também fizer sua parte. Porque entre um bom café da manhã e um vazamento de dados, a escolha deveria ser óbvia. Mas pelo visto, nem todo mundo entendeu ainda. 

Christiano Guimarães

Consultor em Segurança da Informação 

Autor do Livro: Como Adequar Minha Empresa à Lei Geral de Proteção de Dados – Um Guia Prático