Cartazes espalham desinformação sobre vacina infantil em postes de Araçatuba; imunizante é único meio eficaz contra Covid, diz prefeitura

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Cartazes com mensagens antivacina foram colados em postes de energia em Araçatuba — Foto: Arquivo pessoal

Papéis foram encontrados colados em postes de energia elétrica perto de Unidades Básicas de Saúde que aplicam o imunizante contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos. Presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações diz que cartazes são absurdos.


Cartazes com mensagens contrarias à vacinação infantil foram colados em postes de energia elétrica perto de Unidades Básicas de Saúde de Araçatuba/SP que aplicam o imunizante contra a Covid-19 em crianças de 5 a 11 anos.

Imagens que circulam nas redes sociais mostram que frases como “veneno em nossos filhos não” e “queremos que saiba os fatos científicos sobre essa vacina genética” foram escritas nos papéis.

Também é possível ver nas fotografias que a pessoa que confeccionou os cartazes citou fontes não confiáveis para alegar que a imunização pode causar miocardite, pericardite, infarto, trombose, Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Síndrome de Guillain-Barré.

Para o pediatra infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, os cartazes colados nos postes de energia elétrica de Araçatuba são absurdos.

“É um desserviço enorme para a população. A Covid-19 na pediatria não é desprezível. A doença já vitimou mais de 2,5 mil crianças e adolescentes”, disse.

“Não há motivo para não vacinar as crianças. É dar direito de proteção contra uma doença potencialmente grave. Mais grave do que praticamente todas as doenças do calendário infantil”, complementa.

Renato diz que é uma pena que pais, influenciados e impactados pela propagação de informações falsas, fiquem hesitantes em vacinar os filhos, principalmente porque os imunizantes aplicados atualmente foram aprovados por unanimidade pelas agências regulatórias.

“Mais de 20 milhões de doses já foram aplicadas no mundo todo em crianças de 5 a 11 anos. São raros os efeitos colaterais e adventos adversos em adolescentes. E eles são mais raros ainda em crianças. Trombose, miocardite e outros problemas são muito mais frequentes com a doença. Quem está com medo da vacina devia ter medo da doença”, conta o especialista.

Renato afirma que a Sociedade Brasileira de Pediatria continua insistindo, orientando e recomendando, de maneira enfática, que os pais levem os filhos de 5 a 11 anos para tomar a vacina contra o coronavírus.

“As vacinas não causam doenças em ninguém. Vacinas causam eliminação de doenças e erradicação de outras. Elas foram autorizadas por todas as agências de forma unânime. Não teve nenhum voto contrário de nenhum especialista em nenhum lugar do mundo”, alega.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Araçatuba afirmou que não apoia atos contrários à vacina e à ciência, além de defender que a imunização é o único meio eficaz de combate à Covid-19.

“A comunidade científica já comprovou a segurança e a eficácia dos imunizantes. Reforçamos as orientações para que os pais e responsáveis levem seus filhos à UBS mais próxima para se vacinarem. Orientamos que a população sempre busque informações em meios de comunicação confiáveis”, escreveu a Secretaria de Saúde.

g1 entrou em contato com a Polícia Civil de Araçatuba para perguntar se alguma investigação foi aberta por conta dos cartazes. O coordenador da Central de Polícia Judiciária de Araçatuba afirmou, por telefone, que nenhum boletim de ocorrência foi registrado.

*Informações/g1