Cardiologista alerta sobre automedicação

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Dr. Samer Ali Husseini de Oliveira explica os riscos, principalmente de possíveis prevenções e tratamentos para Coronavírus

Neste tempo de pandemia do Coronavírus (COVID-19), o que mais surgem são as famosas “receitas” para prevenir ou curar a doença. Quem nunca ouviu sobre aquele medicamento que vai evitar o novo vírus? Ou remédio que sumiu das prateleiras das farmácias devido à procura?

O cardiologista Samer Ali Husseini de Oliveira, fez um alerta sobre automedicação. “O ato de tomar remédios por conta própria sem orientação médica é algo que pode levar a graves consequências, entre elas, intoxicação, reações alérgicas, dependência, efeitos colaterais e até a morte. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula que 18% dos óbitos por envenenamento estejam relacionados a automedicação. Neste período que estamos atravessando, existe uma quantidade grande de notícias nas redes sociais a respeito de possíveis prevenções e tratamentos para o Coronavírus. Muitas destas informações, no entanto, é falsa, incompleta ou baseada em opiniões sem respaldo científico”, afirmou.

Dr. Samer explicou que há várias medicações que aumentam o risco de arritmias cardíacas, inclusive fatais, algumas das quais preconizadas nos protocolos de tratamento da nova doença. “Um exemplo é a hidroxicloroquina. Um estudo clínico publicado demonstrou a ineficácia da hidroxicloroquina em pacientes com COVID-19 leve a moderada. No estudo, a medicação não causou aumento de arritmias fatais, mas isto porque eles estavam internados e monitorados. Se tomada sem orientação e acompanhamento médico, pode levar a óbito por arritmia, um dos possíveis efeitos colaterais desta medicação”, disse.

O cardiologista ressaltou ainda que, em pacientes que têm doenças cardíacas como insuficiência cardíaca, doença arterial coronariana e hipertensão, a primeira orientação dada pelos médicos é de não suspender as medicações habituais. “O uso correto dos medicamentos é extremamente importante, pois diminui a necessidade de internação hospitalar por eventuais descompensações ou agravamentos de suas doenças. Durante a pandemia, isto é ainda mais importante, pois existe um possível déficit no número de leitos disponíveis”, enfatizou.

Outra orientação é dar continuidade ao seu tratamento clínico. “Dados divulgados recentemente no Portal da Transparência demonstraram que houve um aumento de 31% nas mortes causadas por doenças cardiovasculares no Brasil durante a pandemia.  Nova Iorque, nos Estados Unidos, registrou elevação de 800% no número de óbitos por infarto em abril deste ano pelo fato dos pacientes evitarem buscar atendimento médico. Com base nestas informações, o receio de comparecer a consultas médicas de rotina pode levar a uma piora do controle adequado da patologia de base, o que pode causar descompensação ou agravamento da condição”, finalizou.