
Atuação do deputado sobre anistia tem incomodado entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Um dia após ser confirmado como relator do projeto da anistia, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) já entrou na mira do bolsonarismo. O entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já cogita a saída do parlamentar da relatoria se ele insistir em um texto limitado à redução de penas para os condenados pela tentativa de golpe de Estado.
Paulinho foi escolhido relator da anistia com o aval do PL, mas sua atuação já vem sendo criticada por bolsonaristas, que rebatem que ele não é dono do projeto e não terá apoio da direita para aprovar apenas o abrandamento de penas.
O maior motivo da irritação foi o vídeo gravado por Paulinho com o ex-presidente Michel Temer (MDB) e o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), em que o relator fala em “PL da Dosimetria”, reforçando que o projeto tratará apenas da redução de penas.
No vídeo, Temer fala em “espécie de pacto republicano” após “um comum acordo” com STF (Supremo Tribunal Federal) e Executivo.
A relação de proximidade de Paulinho com ministros do STF, que conversaram com Temer durante o jantar, também é alvo de ataques, sobretudo nas redes sociais.
Líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ) tenta conter os ânimos, dizendo que o diálogo ainda está no início e que “Paulinho talvez não tenha noção” do tamanho do desafio.
“Talvez ele (Paulinho) tenha entrado nessa relatoria para entregar resultado para o STF, mas isso não vamos aceitar. A nossa motivação é corrigir uma injustiça do STF. Agora, se ele achar que o problema é pior do que pensava, ele mesmo pode pedir para sair da relatoria”, disse Sóstenes à CNN.
Em entrevista ao Bastidores CNN nesta sexta-feira (19), o relator afirmou que sua prioridade é conversar com os líderes do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), da Oposição, Coronel Zucco (PL-RS), e da Minoria, Caroline De Toni (PL-SC), na tentativa de contornar a resistência. Uma reunião com a bancada do PL está marcada para terça-feira (23).
“Primeiro eu quero ir no PL. Para mim é muito importante entender o que pensa o PL de tudo isso. Todo mundo sabe que esse negócio de anistia ampla, geral e irrestrita não existe. O Supremo já declarou inconstitucional. Querem fazer discurso para a plateia, tudo bem. Mas não passa. É aprovar na Câmara e cair no Supremo. Não adianta ficar inventando a roda. Essa questão está resolvida. Estou fazendo um projeto para pacificar o Brasil e sair desse impasse que o país vive há dois anos. Se eu não agradar a todo o PL, sei lá, tentar agradar pelo menos 90% já tá bom”, disse.
À CNN, Sóstenes reiterou que a redução de penas é contra a ideologia e a história da direita. E garantiu que não votará diferente, mesmo que a medida possa beneficiar Jair Bolsonaro (PL) e condenados pelo plano de golpe de Estado.
A proposta em discussão prevê diminuir a pena para o crime de abolição do Estado Democrático de Direito, de 4 a 8 anos para 2 a 6 anos, e para o crime de tentativa de golpe de Estado, de 4 a 12 anos para 2 a 8 anos de prisão.
“Historicamente, só defendemos aumento de pena. Não vamos votar a redução de pena, que é contra nossa história e nossa ideologia. Não vamos mudar nosso posicionamento nesse caso também”, disse Sóstenes.
*Com informações da CNN Brasil