“A exímia imperfeição que clama pela sublime perfeição”

1095

             Nilson Caligiuri Filho

Prezado amigo leitor!

Um importante amigo sempre me diz: “há um preço demasiadamente caro a se pagar, para viver em sociedade”. Errado ele não está! Venhamos e convenhamos! Entretanto, eu vou ainda mais além: afirmo, categoricamente, que: “viver em sociedade é tarefa reservada aos que têm nervos de aço”.

Sim! Só os fortes sobrevivem e haverão de sobreviver! Sim! Conviver em sociedade é tarefa das mais árduas e exaustivas possíveis, entre todas as inerentes ao nosso próprio viver.

Ultimamente, essa “hard core” missão tem se tornado ainda mais árdua. Explico: as pessoas, no geral (entretanto, sem generalizar), estão mais impacientes, intolerantes, mesquinhas, ardilosas, sem noção de realidade, incoerentes, e, principalmente, com demasiados “jogos”.

Apesar desse insano e doentio cenário, tudo isso FAZ PARTE DA NOSSA EVOLUÇÃO, nos aspectos espiritual, pessoal e emocional.

Em outras palavras: ao menos que o indivíduo muito pleno o seja como ermitão, a vida em sociedade é importantíssima para a nossa própria evolução e crescimento, em todas as vertentes do ser, acima mencionadas.

Embora penoso, é imprescindível a vida social!

Porém, uma grande verdade me chama ainda mais a atenção: não bastasse a sociedade “Impor” regras enfadonhas, essa mesma sociedade, tão imperfeita, exige perfeição!

Paradoxal ! Contraditório! Incoerente (paciência, a própria vida é desprovida de coerência)!

Assim funciona a dinâmica da sociedade, dela em face de cada um, individualmente falando:

Para cada mil acertos, nenhum elogio ou exaltação, para um erro, milhões de críticas e crucificação; Para cada mil atos dignos, nenhuma observação, para um deslize, milhões de execramentos; Para inúmeras exímias conquistas, nenhum aplauso, para uma mísera queda, uma fúria intrépida e voraz!

Ela (sociedade) simplesmente fecha os olhos aos problemas do próximo, porém, exige, ela, que cada um, individualmente, o seja uma espécie de Madre Teresa.

Em termos mais simples, a sociedade simplesmente diz: “ei, você, não erre, crucifica-lo-ei”. A sociedade, tão imperfeita, tão eximiamente imperfeita, EXIGE a sublime perfeição, pois!

Sim. Paradoxal! Complexo! Um verdadeiro delírio e loucura! “Faça o que eu digo, não o que faço”, assim é a hipócrita sociedade. Na lista dos mais cruéis monstros, coloco a Sociedade em segundo lugar, perdendo, apenas, para o poderoso ESTADO.

A única diferença entre ambos: a primeira é constituída informalmente, ao passo que o segundo o é de forma formal e meticulosa! Protegei-vos, pois, da Sociedade raiz e de sua hipocrisia! Ride, pois, da Sociedade, olhando-a com malicioso escárnio e debochado sorriso! Vamos juntos nessa, amigos! Sejamos todos um só, em especial, no confronto com a hipocrisia!

Nilson Caligiuri Filhoadvogado, escritor e colunista do Diário