Prezado amigo leitor!
A natureza é tão perfeita,
que, cada qual, possui uma data própria,
a fim de celebrar sua vã e mísera existência.
Sim: vã e mísera!
Afinal, nossa existência é um trágico enredo
(ou, melhor, apenas uma estranha ilusão de ótica),
isso, se analisarmos, friamente, a brevidade e efemeridade da vida terrena.
Somos todos deuses!
Como tais, cada qual comemora sua marca existencial,
ou seja, seu aniversário.
A par das celebrações individuais,
muitas outras datas celebram fato ou atos,
episódios ou marcos, durante o ciclo anual.
Porém, nada que se compare à importância do NATAL!
Para os Cristãos, representa o aniversário do unigênito;
para os não cristãos, a data não deixa de ser relevante,
ao menos pelo fato de induzir, ainda que indiretamente, à reflexão.
O Natal é a data mais importante do ano! Insisto!
Verdade que, com o passar dos anos,
a relevante data veio e vem perdendo,
cada vez mais, a sua verdadeira essência.
Até isso, o capitalismo indomável e selvagem
conseguiu dilacerar, deturpar e destruir!
Hoje, mais do que a celebração de Cristo (para os cristãos)
ou oportunidade de evolução e reflexão (para os não cristãos),
a data, infelizmente, se tornou sinônimo de consumismo desenfreado.
Não se descure da importância do consumo e do comércio.
São indispensáveis!
O problema é mais profundo do que isso:
reside na inversão de valores,
haja vista que perdeu-se e tem se perdido,
ano a ano, a profunda e intrínseca
significação da data,
relegando-se tais premissas a segundo plano;
e colando-se, em primeiro, o superficial, o consumo, o banal!
Prova estarrecedora do que até aqui foi dito,
é que, em meados de setembro ou outubro
já se tem iniciado vendas natalinas (mesmo antes do período pandêmico).
Aos olhos deste singelo escritor de uma pequena
e ingênua cidade interiorana,
o Natal é muito mais do que comprar e vender.
O Natal significa nascimento!
Oras, se, durante a vida, morremos várias vezes
(por exemplo, quando um relacionamento é rompido,
um trabalho é perdido, uma estação vital é alterada),
nada mais justo do que, também,
nascermos sucessivas vezes.
O Natal propicia isso!
Natal é tempo de profunda reflexão,
de evolução e de tomada de consciência
do papel de cada qual no universo.
É tempo de nascer e renascer, de novo!
É tempo de aparar as arestas, de tirar o AMOR
do casulo e das trevas.
Além de tudo isso, particularmente,
o Natal me traz profunda nostalgia:
reminiscências de um tempo em que
eu via o mundo mais azul e puro.
Aliás, me permitam, caso queira, acreditar em Papai Noel,
afinal, tem tanta gente acreditando piamente
Em coisas mais irreais!!!
Nesse Natal, desejo que toda essa
“amizade”, “amor”, “carinho”, “celebração”,
que, infelizmente, só aparecem com mais veemência
nesta data, sejam, de verdade,
PERPETUADOS por toda a eternidade (material e imaterial).
FELIZ NATAL A TODOS!
Nilson Caligiuri Filho – advogado, escritor e colunista do Diário