O Plano da Operação Energética até 2029 foi apresentado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Demanda por energia deve aumentar nos próximos anos, mas capacidade de geração pode não acompanhar.
Com previsão de aumento de 14,1% na demanda por energia elétrica até 2029, o Brasil deverá enfrentar novos desafios operacionais nos próximos anos, o que reacende o debate sobre a volta do horário de verão. A projeção faz parte do Plano da Operação Energética (PEN 2025), divulgado nesta terça-feira (8.jul) pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), com uma análise detalhada das condições de fornecimento do Sistema Interligado Nacional (SIN) para o período dos próximos cinco anos.
Segundo o relatório, a carga de energia no país deve saltar dos atuais níveis para 94,6 gigawatts médios (GWmed) em 2029, com crescimento médio anual de 3,4%. Esse aumento leva em conta a expansão da micro e minigeração distribuída (MMGD), especialmente a solar, que junto com as grandes usinas fotovoltaicas representará quase um terço (32,9%) da matriz elétrica nacional ao final do período.
Apesar do avanço das fontes renováveis, o ONS alerta que a intermitência da energia solar e eólica exige maior capacidade de resposta imediata de outras fontes, como as hidrelétricas e as termelétricas. A entidade recomenda o aprimoramento da chamada “flexibilidade operativa” do sistema, além de investimentos em ferramentas computacionais que permitam simular cenários de estresse na oferta de energia.
“Com o crescimento das fontes intermitentes, novos desafios também surgiram para a operação”, destacou Marcio Rea, diretor-geral do ONS. “Precisamos de flexibilidade no sistema, com fontes de energia controláveis, que nos atendam de forma rápida para termos equilíbrio entre oferta e demanda, especialmente nos horários de rampa de carga. Isso é fundamental para garantir a segurança e a estabilidade do sistema elétrico brasileiro”, completou.
A preocupação do órgão também se estende ao chamado “atendimento de potência” — a capacidade de o sistema entregar energia em momentos de pico. Para os próximos anos, o relatório projeta um desequilíbrio estrutural nesse quesito, o que pode exigir maior acionamento de usinas térmicas, especialmente no segundo semestre de cada ano.
O documento recomenda que o governo federal organize com urgência leilões anuais de contratação de potência, de modo a ampliar a segurança do sistema. O relatório não menciona diretamente o horário de verão, mas diante da pressão crescente sobre a rede nos fins de tarde, quando a geração solar despenca e o consumo residencial e comercial aumenta, a medida poderia voltar à mesa de discussões como alternativa para aliviar a demanda em horários críticos.