Violência mascarada

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Minha coluna desta semana será dedicada às mulheres (e aos homens que não tenham sua masculinidade ferida e possam estar em situação semelhante). Falaremos sobre isso, pois o tema está em alta, não só pela redação do Enem que trouxe a invisibilidade do trabalho realizado pela mulher, mas, principalmente, pela notícia de agressão sofrida pela modelo Ana Hickmann.

Ficamos chocados ao sabermos de um fato como este. Uma mulher financeiramente estável, linda por natureza, conhecida mundialmente, nas capas dos jornais e postagens nas redes sociais com vários vídeos que mostravam que o abuso já ocorria muito antes da agressão física.

Infelizmente, casos assim servem de alerta para nós, mulheres “comuns”, mas também para alguns homens. Relacionamento abusivo não escolhe cor, classe social, credo ou status. Ele ocorre em todo lugar e pode estar acontecendo exatamente agora.

Mas, por que o título de violência mascarada? Ora, nenhum relacionamento começa com o outro mostrando sua verdadeira face, começa??? Normalmente, tem-se a impressão de ter encontrado a pessoa perfeita, aquela que te entende e acarinha de um modo especial. Parece que te conhece a fundo e está disposto (a) a tudo para ficar ao seu lado.

Aos poucos, alguns sinais são mostrados, mas o coração apaixonado que idealizou aquela pessoa não enxerga essas nuances. Tende a ver uma atitude abusiva como cuidado e amor. Acreditem, não são a mesma coisa.

Um grito, a imposição na voz, um soco na parede, uma resposta estúpida para a mãe ou pai dele (a) são indícios de que o outro não é bem aquilo que se esperava. Tudo começa com pequenos rompantes e vai progredindo até que o desfecho mais contundente seja a agressão física. Não é sempre que ocorre, porém nenhuma agressão é resultado de um relacionamento saudável.

Para testar se está ou passou por um relacionamento assim, faça algumas perguntas a você e sinta as respostas:

O outro frequentemente te critica? O outro julga seus comportamentos e escolhas? O outro expõe “seus defeitos” em meio a reuniões de amigos ou familiares, ou ainda, critica esses grupos fingindo te proteger deles, assim afastando seu círculo social? O outro reclama do seu modo de limpar, cozinhar, cuidar e organizar sua casa, seu trabalho e sua vida? O outro não respeita suas vontades, pedidos e limites, enfim, não há diálogo? O outro tem ciúme excessivo e tenta comandar todos os seus passos? O outro desqualifica suas conquistas, por menores que sejam, ao invés de parabenizar e dar forças para que continue tentando seu sucesso? Você não consegue fazer uma poupança ou reserva de emergência, pois o outro sempre gasta mais ou “investe” em algo sem você saber?

E mesmo assim, ele (a) não larga e não abandona esse relacionamento porque diz que te ama e, na sua tentativa de dar um basta na relação, promete que vai mudar e tudo será melhor a partir daquele momento. Será mesmo?

Fato é que, em dias ou semanas, tudo volta a ser como era. O comportamento autoritário e impositivo torna a ser percebido. Só quem passou (ou passa) por isso, sabe o quanto essa situação destrói o psicológico e baixa a autoestima. Aqui não cabem julgamentos, mas sim reflexão.

Costumo sempre dizer essa frase, para qualquer situação, e vou usá-la para finalizar o texto e deixar esse pensamento em aberto: “As pessoas só fazem com você aquilo que você permite.” Sem percebermos, damos poder ao outro para controlar nossas vidas. A solução: buscar ajuda e mudar essa realidade. 

Lembrando: A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA, E SOMENTE ELA PODE SAIR DESSA RELAÇÃO ABUSIVA.

Alexandra A.S. Fernandes: Graduada em Letras – Português/Espanhol pela UNIP. Pós-graduada em Metodologia de Ensino das Línguas Portuguesa e Espanhola pela UCAM. Autora do livro – Autismo – Ensinar aprendendo e aprender ensinando. Diretora Social e Acadêmica da ACILBRAS. Funcionária pública e Professora de Análise Linguística do Piconzé Anglo e HF Cursos Jurídicos. Escritora, Terapeuta Integrativa, Astróloga e Artesã.  Redes sociais: Instagram @profa_alexandra e @aora_terapias; Youtube Profa. Alexandra – Tirando dúvidas de português.