Endocrinologista, Dra. Layne Beretta, explica mais sobre essa glândula tão importante.
Responsável pela produção de hormônios que agem no metabolismo, a tireoide é uma importante glândula do nosso corpo. No dia 25 deste mês, celebra-se o Dia Internacional da Tireoide, data que marca o debate sobre o tema.
O SanSaúde aproveitou o Dia para conversar com a médica endocrinologista Dra. Layne Beretta. Ela explicou um pouco mais sobre o assunto. “Tem formato de borboleta e se localiza na região anterior do pescoço, logo abaixo do “pomo de adão”. É responsável pela produção dos hormônios T3, T4 e também da calcitonina”, disse.
Apesar de seu pequeno tamanho, a tireoide é um órgão extremamente importante. “Os hormônios tireoideanos (T3 e T4) atuam em várias partes do nosso organismo, participando do crescimento e desenvolvimento neurológico, controlando a frequência cardíaca, pressão arterial e contração muscular, além de regular nosso metabolismo através da produção de calor e captação de glicose. Assim, quando a tireoide funciona de forma desregulada, o paciente pode apresentar uma série de sintomas a depender do excesso ou da falta de hormônios”, ressaltou. Conheça os principais problemas com o desequilíbrio da tireoide:
Hipotireoidismo
O hipotireoidismo é uma síndrome clínica que ocorre devido a deficiência de hormônios tireoideanos. Sua causa mais comum é uma doença autoimune conhecida como Tireoidite de Hashimoto. “Mas ele pode ocorrer também devido à falta de iodo, uso de medicações que interfiram na produção do hormônio (como a amiodarona e o carbonato de lítio), retirada cirúrgica da tireoide ou tumores do sistema nervoso central”, explicou a dra.
Hipertireoidismo?
Já o hipertireoidismo é uma síndrome clínica que decorre do excesso de hormônios tireoideanos circulantes. Dentre suas causas podemos citar a Doença de Graves, que é uma doença autoimune, nódulos tireoideanos produtores de hormônio e medicamentos (como a amiodarona).
Faixa etária
A endocrinologista contou que tanto o hipo quanto o hipertireoidismo podem acontecer em qualquer faixa etária, sendo mais comuns no sexo feminino. “O hipotireoidismo tem maior incidência em idosos (> 60 anos). Já em casos de hipertireoidismo, quando a causa é doença de Graves, a faixa etária mais acometida é dos 20 aos 40 anos. Quando é decorrente de nódulos, tendem a ser pacientes mais velhos, a partir dos 40 anos de idade”, complementou.
Sintomas
Pacientes com hipotireoidismo podem ser pouco sintomáticos ou ainda apresentar cansaço, sonolência, depressão, ganho de peso, pele seca, unhas e cabelos quebradiços, constipação intestinal, fraqueza, irregularidade menstrual, redução da frequência cardíaca e aumento da pressão arterial, podendo chegar em casos mais graves ao coma.
Já os pacientes com Hipertireoidismo, quando sintomáticos, podem apresentar: agitação, ansiedade, perda de peso, fadiga, tremores, palpitações, suor excessivo, diarreia, aumento da pressão arterial, aumento do volume da tireoide ou ainda sintomas oculares (vermelhidão, inchaço, desconforto).
Como se detecta?
O diagnóstico é feito inicialmente por meio de exame de sangue, com dosagem de TSH e T4 livre. Em alguns casos, é necessário complementar a investigação com dosagem de T3 e anticorpos, US de tireoide ou até mesmo cintilografia tireoideana.
O autoexame é importante?
Diferentemente do rastreio de câncer de mama, onde a palpação é facilmente realizada pela paciente e recomendada pela equipe médica, devido ao seu tamanho e localização, a tireoide é bem difícil de ser examinada pela própria pessoa. “Assim, o que recomendamos é um olhar atento para o pescoço e, em caso de se notar nodulações ou aumento de volume da região, procurar um especialista”, alertou.
Hipotireoidismo e hipertireoidismo tem cura? Qual o tratamento?
A maioria dos casos de hipotireoidismo não tem cura, apenas controle através da reposição do hormônio por meio do uso do medicamento levotiroxina. “Mas é claro que existem exceções e por isso o seguimento com o Endocrinologista é tão necessário, pois em casos de algumas tireoidites ou de hipotireoidismo gestacional, o tratamento pode ser apenas temporário. Já o hipertireoidismo pode ser tratado por meio de medicações (tapazol, propiltiouracil), radioidoterapia ou ainda cirurgia, a depender da causa, com chances de cura ou remissão da doença”, finalizou.