Existem momentos na vida da gente que a solidão faz morada em nosso peito, ainda que estejamos rodeados de pessoas. Ninguém sabe explicar o motivo desse sentimento, mas ele existe e é real.
Não se sabe explicar a razão de tal sensação, já que os contatos humanos são diários, seja no trabalho ou em casa. E aquele aperto que insiste em permanecer, aquele embargo na garganta e aquela suspirada profunda eclode no peito de tempos em tempos. Quem nunca passou por tal situação, sinta-se privilegiado(a).
Na solidão, o medo persegue e toma forma, isso porque, sozinhos, somos obrigados a olhar para dentro e nem sempre estamos preparados para isso. As máscaras sociais não fazem efeito e não produzem créditos. Somos impelidos a compreender nossa incompletude, olharmos no espelho e dialogarmos com ele.
O problema da solidão é quando ela está tão profunda que se torna depressão, podendo evoluir para casos mais sérios. A pessoa não sabe explicar a razão, talvez ela nem exista, mas causa sofrimento e, às vezes, vergonha. Nesses casos, a melhor saída é buscar por ajuda para compreender os gatilhos que levaram a tal situação.
Porém existe um outro sentimento. A solitude que é contrária ao sentimento da solidão e representa o prazer de estar sozinho. A própria companhia basta para ser feliz. São momentos de autorreflexão e autoconhecimento que são decididos pela pessoa. É estar só e estar tudo bem.
Algumas pessoas que conheço mencionam que a “bateria social” acabou e é momento de recolher-se ao casulo para reabastecimento das energias. É um exercício prazeroso no qual a pessoa permite-se refletir e escolher cada passo e cada diálogo.
A pessoa que quer estar só deixa bem claro que é independente e, por isso, ela não quer que outras pessoas discutam sobre a sua maneira de viver. Não há espaço para julgamentos e manifestações de opinião. A decisão está tomada e o respeito é unilateral.
E é nos momentos de solitude que os maiores insights sobre a vida podem surgir com um raio para elucidar dúvidas e encontrar soluções. Isso porque há uma consciência do eu e do outro, os benefícios e malefícios de cada interação e um amor-próprio premente.
A liberdade de fazer o que se quer, ou fazer nada, quebra as correntes da engrenagem social. Não depende de aprovação ou concordância de ninguém. Fazemos nossa própria ordem, tempo e escolhas. Somos donos do mundo e de nós mesmos por um período.
O silêncio resultante da inexistência de vozes traz calma e tranquilidade. Aquele turbilhão externo dá espaço à manifestação interna de desejos e planos mais secretos. A voz interna ganha corpo e exalta a beleza de uma música, de um livro ou de uma paisagem, e dessa sinergia surge um novo eu, mais coerente, pleno e harmônico.
Tudo isso pode durar um dia, uma manhã ou uma hora. Não importa. O que tem valor é o que você pode fazer com esse momento único de elevação de “você” à máxima potência.
Não há, portanto, problema em estar sozinho, mas sim em sentir-se sozinho. Dessa forma, aproveite os momentos de solitude para ouvir o que vem do coração. Valorize cada minuto a sós e dedique esse período ao autoamor. Curta sua própria companhia e observe as pequenas coisas da vida. Enfim, a solitude é ótima, em pequenas doses, desde que você tenha a quem dizer o quanto ela é boa.
“A linguagem criou a palavra solidão para expressar a dor de estar sozinho. E criou a palavra solitude para expressar a glória de estar sozinho” (Tillich)
Alexandra A.S. Fernandes: Graduada em Letras – Português/Espanhol pela UNIP. Pós-graduada em Metodologia de Ensino das Línguas Portuguesa e Espanhola pela UCAM. Autora do livro – Autismo – Ensinar aprendendo e aprender ensinando. Diretora Social e Acadêmica da ACILBRAS. Funcionária pública e Professora de Análise Linguística do Piconzé Anglo e HF Cursos Jurídicos. Escritora, Terapeuta Integrativa, Astróloga e Artesã. Redes sociais: Instagram @profa_alexandra e @aora_terapias; Youtube Profa. Alexandra – Tirando dúvidas de português.