Tempo difíceis criam homens fortes, homens fortes criam tempos bons, tempos bons criam homens fracos, e homens fracos criam tempos difíceis…
Li isso a algum tempo, e comecei a pensar nesse ciclo, vamos lá: É impressionante como as crianças de hoje dominam a linguagem digital, é uma facilidade parecida com que aprendem a falar.
São essas mesmas crianças que estão indo cada vez mais cedo para a escola, que tem aulas de outros idiomas, de dança, de judô, computação, passam bom tempo na frente do computador, no ar condicionado, e para eles, o tempo real precisa funcionar igual ao virtual, ou seja, quero agora, acontece agora.
Outra característica dessa geração que está chegando é a hierarquia entre pais e filhos, que há algumas décadas era clara, agora se perdeu.
Estabelecer limites virou o maior desafio das famílias modernas, pais em dúvida de como encontrar a fórmula ideal da educação dos filhos.
Pois bem: O filho de ontem, que é o pai de hoje, como faz essa transição? Como fazer essa troca de papéis, ou melhor, como agregar esse novo papel, o de pai.
Existem duas diferenças primordiais que aconteceram nesse período de transição: a tecnológica e a comportamental. Como eu disse os filhos hoje aprendem o alfabeto digital, da mesma forma que aprendem um novo idioma, e isso naturalmente.
Acontece que, foram os pais que desenvolveram toda essa maravilha tecnológica, que hoje os filhos desfrutam, desde os notebooks, games, celulares, coisa que esses usuários ignoram os méritos.
Já em relação à mudança comportamental, pra mim o mais importante, o filho que hoje é pai, o lema era obedecer e pronto, se estabelecia claramente uma hierarquia.
Hoje, infelizmente ou felizmente para alguns, isso não existe.
O filho tem vontade própria, faz o que quer, e não o que o pai sabe que é o certo.
Às regras somem nesse contexto.
Só pra ilustrar, observe que, nos super mercados, os produtos que não são de necessidade básicas ficam em locais dentro do raio de visão de crianças, isso porque hoje elas têm poder de decisão de compra, isso é afirmação dos senhores de marketing, ou você já não viu uma criança fazendo birra, se jogando no chão no mercado?
Os pais já foram mais rígidos, e de maneira geral, hoje são… vamos dizer assim, são mais relaxados na forma como passam a educação, o tal do pai bravo que mal conversava com os filhos, só chegava na hora de resolver, e com a decisão pronta, sem chance de argumentos.
Hoje, os pais que venceram na vida, falam com todas as letras que não querem que seus filhos sofram o que eles sofreram na infância, de certa forma chamam de sofrimento o que tiveram, e que de certa forma contribuiu para serem os vencedores de hoje.
Então, tendem sim, a relaxar, e deixarem os filhos mais soltos.
Outra coisa casais, mais velhos, tinham muitos filhos, dormiam todos no mesmo quarto, às vezes quatro ou cinco, isso gerava um esforço quase que automático para ele sair dali, para conquistar seu espaço, gerando uma meritocracia nos filhos. Hoje os pais destruíram isso, não precisa lutar para ter seu próprio quarto, sua tv, seu telefone.
E quando esses filhos de hoje sofrem algum tipo de decepção, têm as reações das mais inimagináveis, aí os pais tentam até aplicar à educação que tiveram dos seus, da palmada, do grito, da violência, aí sim criam um clima de violência, que gera mais violência… Esses dias um filho matou pai e a mãe, aqui na nossa região, e olha, estou fazendo um esforço para não justificar o aumento do uso de drogas, compensam nela, suas decepções.
Mas nem tudo é tragédia né? Penso que o lado afetivo melhorou principalmente da figura paterna, o pai está mais próximo de seus filhos, a gente vê até briga na justiça do pai que quer ficar com seus filhos em caso de separação, isso antigamente era ponto pacífico, casal se separou, os filhos ficavam com a mãe, hoje o pai se preocupa mais, de como está o filho na escola, viajam sozinhos com eles, uns até ficaram craques em trocar fraudas e fazer mamadeiras.
Já falei aqui também, mas vale repetir, que os pais precisam parar com essa idéia de serem amigos dos seus filhos.
Nada disso, pode ser até uma fuga das suas obrigações de pai, amigos são cíclicos durante nossa vida, dependendo da idade, da constância onde morar, onde se trabalha, os amigos vão mudando, pais serão sempre os mesmos.
Amigos são seus filhos que escolhem, pais não. Vejam, pais podem ser amigos, amigos nunca serão pais.
Aliás, o que já ouvi aqui de pais dizendo: Ah meu filho só tem amigos que não prestam, não sabem escolher amigos. Vou ser duro aqui, nós temos a tendência de estar perto de que temos afinidade, de se aliar aos iguais, cuidado ao dizer que os amigos do seu filho não prestam, talvez os pais dos amigos dos seus filhos, podem estar pensando a mesma coisa.
De geração a geração, pais não acompanham as mudanças, mas nessa geração, como as mudanças foram muito rápidas, ficou mais difícil e os pais ficaram sim, mais atrás.
Outros pais quiseram corrigir o que acharam que foi um erro na sua infância, na infância dos seus filhos, e agora cobram uma autoridade que nunca foi conquistada, o “me respeita porque sou seu pai”, não está mais funcionando hoje.
Mas, se homens fracos fazem tempos difíceis e tempos difíceis faz homens fortes, logo teremos homens forte novamente, porque hoje são tempos difíceis provocado por homens fracos, apoiados em mimimi…
Por Carlinhos Marques
Presidente Fundador da Comunidade Terapêutica Novo Sinai, que acolhe dependentes químicos desde 2005 de forma voluntária e gratuita, idealizador do projeto “Sobriedade Já”
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