SOBRIEDADE JÁ: QUEM PROCURA ACHA…

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Pois é, quem já não ouviu esse ditado?

Mas é obvio que eu não quero entrar tanto no lado lógico dele.

É que na verdade, ele soa meio como uma ironia, dizendo que é melhor não mexer em algumas coisas, em alguns assuntos, porque poderemos encontrar coisas que não se sabe, e ou coisas que não se gostaria de saber.

Pensei em fazer esse tema, porque, acreditem, esses dias ouvi de uma pessoa que não faria um exame pedido por um médico, porque tinha receio em saber o resultado.

Na verdade, havia sim uma suspeita de câncer e a pessoa temia por um resultado positivo do exame e logo a descoberta de um tumor.

É obvio que quem procura nem sempre acha o que procura, mas acha o que existe. Vou repetir, nem sempre a gente acha o que procura, mas acha o que existe, se a procura for sincera vamos encontrar a verdade, o que de fato existe, agora uma procura rasa, ou a renúncia a procura, pode trazer só fantasia.

Veja bem, vamos tentar melhorar esse ditado, quem sabe assim: “Quem procura acha, mas só quem acha pode agir e resolver.”

Soa como uma baita omissão, essa ideia de não procurar saber a verdade, medo da verdade, mas é muito melhor celebrar a tristeza da verdade do que a alegria da mentira.

Penso que o maior medo que deveríamos ter, é o medo de ter medo, e quem não procura pode ser o procurado.

No caso da pessoa supostamente doente do exemplo lá de cima, o medo de encontrar a doença, pode fazer com que a doença a encontre, numa surpresa ainda maior, e em estágio mais avançado, aí você estará sendo encontrado pelas consequências.

Quem não procura, acaba sendo encontrado, e o que pode te encontrar, pode te surpreender mais ainda.

Vocês não têm ideia do que já ouvi aqui no Novo Sinai, de mães surpresas, pois desconfiavam que os filhos estavam usando droga, ou bebendo demais, acontece que essas mães, e pais também, claro, fazem sim a opção do não saber, justamente para não ter certeza, não sabendo não terão que agir, muitas vezes porque nãos sabem como agir.

É a tal decisão em se omitir da verdade, para não se ter certeza.

Uma vez atendi uma mãe que havia encontrado droga no bolso da blusa do filho, e claro o rapaz negou, disse que era de um amigo, que lhe tinha pedido para guardar. Gente, se tem uma coisa que ninguém manda um amigo guardar é a droga de consumo, não estou falando de tráfico, mas para consumo. Cada um guarda a sua como um tesouro, e essa mãe veio me perguntar o que eu achava, porque ela tinha certeza de que a droga era sim do tal amigo.

Infelizmente percebe nisso mais uma torcida, um desejo, de que aquilo não estivesse acontecendo do que saber a verdade, e aí entra aquela máxima, de que é quase impossível, você fazer uma pessoa enxergar aquilo que ela acha que já viu, ou que ela saiba aquilo que ela acha que já sabe.

Sei que a ironia desse ditado, do quem procura acha, remete a ideia de que procurar é um risco. Sim é um risco, mas veja, um avião no solo não corre risco nenhum, mas avião não foi feito pra ficar no solo, foi feito para voar, para quebrar distâncias, nos levar de um ambiente a outro, mesmo com o risco, e nós, os humanos também temos que nos expor aos riscos da verdade.

E mais uma vez é inevitável né? Não se lembrar da palavra de Jesus dizendo:

“Conheça a verdade e a verdade vos libertará.”

Então cuidado, pois o medo da verdade pode produzir o orgulho da ignorância.

Mas existe algo importantíssimo nessa nossa procura, é saber o que se procura, porque caso você não sabe o que está procurando, quando você encontrar, você não irá reconhecer.

A importância da busca está em muitos textos bíblicos, e me vem na cabeça agora aquela passagem conhecida:

Pedi, e será dado, buscai e encontrareis, batei e abrir-se-vos-a, ou também sobre a busca do cego por Jesus no meio da multidão, o próprio Zaqueu que subiu na árvore para facilitar sua procura, e essa é a maior busca pela verdade, a busca por Jesus.

Veja, para Zaqueu aquela árvore representou a chance que ele precisava pra ficar mais alto e enxergar o mestre, na passagem bíblica não fala, mas muito provavelmente alguns que estavam ali ao verem a árvore enxergaram só a sombra que ela proporcionava, no caso a sombra aí representa o comodismo, a zona de conforto, a não procura.

O ciclo da procura não termina no encontro, mas sim na ação diante daquilo que foi encontrado.

Zaqueu vendeu maior parte dos seus bens e deu aos pobres, devolveu quatro vezes o que supostamente pudesse ter fraudado de alguém.

Muitos de nós até somos pessoas que até procuram, mas quando acha, corre de medo, ser humano é dono de fazer isso: onde não tem problema coloca, e onde tem corre.

Se esforce na procura, se esforce para encontrar, achar é importante, mas existem coisas que temos que fazer o possível para não perder, como: a honestidade, a credibilidade, a sinceridade, a sensibilidade, essas coisas quando se perde, pode ser muito difícil encontrar novamente.

A verdade é uma luz, não tenha medo da luz da verdade, procure, porque até dá para perdoar uma criança com medo de escuro, mas não dá perdoar um adulto com medo da luz.

Por Carlinhos Marques
Presidente Fundador da Comunidade Terapêutica Novo Sinai, que acolhe dependentes químicos desde 2005 de forma voluntária e gratuita, idealizador do projeto “Sobriedade Já”

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