SOBRIEDADE JÁ: POR UM MUNDO COM MAIS IMPORTAÇÕES…

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Por Carlinhos Marques

Talvez pelo título nosso de hoje você possa estar imaginando que vamos falar sobre economia, sobre comércio exterior, ou coisa desse tipo né?

Estaria com toda razão se fossemos levar ao sentido de importação nos dicionários, que é justamente a “entrada de produtos originários de outros países”.

Mas aqui nesse nosso espaço isso não nos importa tanto rsrs…

Eu prefiro que a gente converse sobre a origem da palavra, que veio do latim que quer dizer “trazer para dentro, introduzir, trazer pra si”.

Na verdade, eu estou fazendo esse jogo de palavras para questionarmos o quanto nós nos importamos com o outro, o quanto eu, quanto você, realmente trazemos o outro para dentro de nós.

Olha, num mundo com homens que se importassem mais entre si, as coisas seriam muito diferentes.

E dizem que o importado é melhor: O vinho, o perfume, é o carro, penso que o “Homem Importado” também é bem melhor…

Logo aqui no começo do Novo Sinai, a gente criou uma frase, na verdade um tipo de slogan que usamos até hoje, e que marca esse nosso trabalho; diz assim:

Se você quiser continuar do jeito que está, o problema é seu, agora, se você quer mudar, o problema é nosso!”

O problema não é meu, mas eu me importo! E digo a ele que o problema é nosso e nós vamos juntos lutar para achar uma solução.

Para entender e importar o outro pra dentro de nós, precisamos ter a coragem de se colocar no lugar do outro. Fazer a leitura do verdadeiro roteiro do outro, da vida do outro, é abraçar a outra alma e não só o corpo; é ter a sensibilidade de perceber o que a outra pessoa sente mesmo que não diga.

É ver o mundo com os olhos do outro, e não querer que nos olhos do outro reflita o nosso mundo!

Muitas vezes olhamos nos olhos das pessoas e queremos que nos olhos delas reflitam o nosso mundo, quando na verdade nós precisamos olhar nos olhos do outro e ver o mundo dele.

E veja como é interessante: Chamamos o outro de outro, mas queremos que ele seja igual, e principalmente igual a nós! Como ser igual se ele é outro?

Precisamos entender que se alguém está dançando de forma diferente de nós é provável que esteja ouvindo uma outra música, num ritmo diferente.

Então o segredo é esse: Fazer um esforço para ouvir a música que ele está ouvindo?

Conceitos se formam conforme a maneira que olhamos o outro.

Mais uma vez o caso do Novo Sinai: Se olharmos um bêbado, um drogado e só conseguir ver ali um bêbado e um drogado, muito provavelmente nós não vamos fazer nada, dificilmente alguém faria. O segredo é olhar para o bêbado, o drogado e ver ali um ser humano.

Mas normalmente as pessoas olham para o ser humano e veem ali um bêbado ou um drogado.

O que é maior? Percebe a diferença? Então esse cuidado maior em como olhar o outro pode até salvar você do risco de generalizar as suas convicções e as suas verdades, em detrimento a verdade realmente vivida pelo outro.

Veja que é necessário perceber que se importar pelo outro não é sentir o que ele sente; você não vai conseguir pedir pra ninguém passar a dor dele para você, mas você pode sim estar do lado dele quando ele estiver sentindo a sua dor.

Às vezes é fácil dizer “ah eu sei o que você está sentindo”, “eu sei como é estar aí no fundo do poço”.  Ok, mas ter coragem de descer lá no fundo do poço e fazer companhia, é que faz a diferença.

O pior é que tem muita gente chegando na beira do poço por curiosidade. É, ficam ali olhando para baixo para ver o que está acontecendo lá no fundo, só por curiosidade.

Nem vou dizer aqui sobre aqueles que jogam o outro no fundo poço, e depois se aproximam como amigos, para saírem como heróis. Preste atenção, isso infelizmente acontece, quebram as pernas do outro para depois ir lhe vender a muleta. Criam dificuldades para vender facilidade.

Percebo também que as relações humanas, em todos os níveis, elas surgem muito por paixão. Não estou dizendo aqui a relação homem/mulher só, mas todas as relações.

Se elas se dessem mais por empatia do que por paixão as coisas seriam muito diferentes, a paixão é egoísta, não tem nada a ver com empatia, não tem nada a ver com importação.

Se importar com o outro, gera automaticamente a empatia.

Muitas vezes se tem no máximo simpatia.

E simpatia pra mim representa aquele morno do evangelho, o que olha de longe, com pena, todo comovido, mas não faz nada.

Se você leu até aqui, gostaria de te fazer uma pergunta que vai te ajudar a descobrir uma grande necessidade sua:

Fiz essa pergunta em vários lugares, e percebo uma certa dificuldade das pessoas em responder:

O que você acha que você mais precisa?

As pessoas tendem muito a responder: “Ah eu preciso de Deus!”; “Eu preciso de dinheiro!”; “Eu preciso de paz!”, “De saúde!”; “De ser feliz!”.

Ok! Tudo isto faz sentido!  Mas você já percebeu o tanto que você precisa de alguém que precise de você?

Já pensou o que seria viver sem ser útil para ninguém?

Se importe mais com quem Deus colocou do seu lado e perceba o quanto você precisa dele para você ser mais você!

Extrapole mais os limites da sua simpatia e crie mais empatia!

E olha, quando você estiver em dúvida de como agir diante de alguém, insisto a te sugerir. Pergunte a você:

O que Jesus faria se estivesse no meu lugar?”

Este sim importou para si nossas faltas, importou nosso limite humano, e sendo Deus, se fez: “Rosto divino do homem, e o rosto humano de Deus’’…


Por Carlinhos Marques

Presidente Fundador da Comunidade Terapêutica Novo Sinai,

 que acolhe dependentes químicos desde 2005 de forma voluntária e gratuita, idealizador do projeto “Sobriedade Já”

 

Informações:

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