Sobriedade Já: Ponto ou Vírgula?

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E continuamos com nossa mania de nos equivocar…

Decisões precipitadas, e ou decisões adiadas, analfabetos na gramática da vida, situações que no máximo merecem uma vírgula, vamos nós lá e colocamos um baita ponto final, outras situações que já passaram da hora do nosso ponto final, e virar a página, continuamos colocando nossas vírgulas.

Porém, o bom disso é que, a vida nos dá a liberdade de escrever nossa história, e nesse novo texto, temos que tomar cuidado para não deixar, que os outros coloquem a pontuação que querem.

Quantos pontos de interrogação você já deixou que colocassem em seus textos?

Quantos pontos finais encerraram histórias suas que tinham tudo pra render muitas páginas ainda?

Quantas reticências tiraram expectativas daqueles seus textos cheios de sonhos?

E na hora que era sua vez de falar, tiraram o travessão da frente da sua frase cheia de convicção.

Coloque você os dois pontos, as vírgulas, as reticências, e continue escrevendo, vivendo a sua história, mas fique atento: as pontuações você que as escolhe.

Uma vírgula nunca substituirá um ponto final, se for ponto final, ele virá nem que seja depois de muitos rabiscos.

Cuidado também ao ler os textos dos outros. Temos a mania de apagar os pontos de interrogações dos outros, reflita mesmo que te pareça óbvio, talvez o seu óbvio expressado num simples olhar, tenha uma exclamação que pode mudar o texto de quem te interrogou.

Nos capítulos do livro da vida, nossos instantes, são separados por estes pontos, se colocados em lugares errados poderão ter sentidos trocados, histórias e opiniões interpretadas de forma equivocada.

Já ouviram dizer sobre aquele infeliz cartaz de um grupo de senhoras do conselho da igreja, que cheias de boa vontade, resolveram fazer um bazar e arrecadar roupas e utensílios usados, para distribuir aos pobres?

A encarregada da divulgação colocou o cartaz na frente da igreja, que dizia:

“Nesse final de semana iremos fazer nosso bazar solidário, traga tudo que você não usa mais, tragam seus maridos.”

Pois é, uma frase mal colocada, pontuação invertida, em um cartaz, podem ser até engraçada e corrigida, mas quantos pontos finais você já colocou e se arrependeu? Quantas vezes a vida te interrogou esperando uma exclamação, e você se calou?

Mas ainda existem páginas em branco a serem as próximas.

Deixa Deus se aproximar dos seus pontos finais. Quantas vezes você imaginou que estava tudo perdido, e Deus se aproximou com sua borracha da graça, e apagou o ponto equivocado, colocou uma vírgula, dois pontos, enfim…

Penso também que possa existir ainda em você, aquela vírgula que até hoje te impede de perdoar, de colocar um fim naquela história, deixa a borracha da graça divina mais uma vez apagar seu equivoco de pontuação, e colocar um ponto final nessa história que ainda te machuca.

Escrevemos de muitas formas: com computador, com caneta, com pincel, com giz, mas o instrumento que resolve a equação da vida, é feita a lápis.

Não estou dizendo que devemos escrever com lápis, mas sermos como o lápis ao escrevermos nossa história.

Como o lápis que se deixa podar, que não se desaponta quando é apontado, pelo contrário, aceitar ficar menor pra escrever melhor, como o lápis onde o mais importante não é o externo, mas o que tem dentro, entende que sem ser desgastado ninguém vê seu interior, e numa pequena ponta saída de dentro, passa para o papel seu interior.

Porém, o mais importante do lápis, e que ele se deixa ser apagado. Aceita a correção, aceita o novo, aceita a letra diferente, o idioma diferente, a pontuação diferente, e veja que ele não faz nada sozinho, só faz na mão de alguém.

Aí eu te sugiro, se coloque como um lápis nas mãos de Deus, e peça pra Ele escreva sua história, deixe ser guiado pelas mãos Dele. Não deixe a sua vida para o destino escrever e pontuar. E caso o destino de forma atrevida colocou uma pontuação equivocada na sua história, vai lá acrescente a certa, a capaz de mudar tudo.

Se não está satisfeito com as respostas que vem recebendo, tenha coragem de mudar as perguntas. Pare de dizer amém a toda exclamação. Ouça, ela pode ser sim retrucada com uma interrogação sua.

Talvez isso que agora você chama de sua história, seja apenas um rascunho, pronto para ser passado a limpo e inverter prioridades, seu texto pronto ainda está por vir, ainda não está escrito por inteiro.

Capriche, faça uma revisão, eu particularmente espero um dez do Mestre na redação final da vida. Enquanto isso vamos acrescentando parágrafos, versos, rimas, sem se iludir com os textos dos outros, podem ser plágios, plágios cheios de exclamações e reticências, mas sem essência, só talvez um texto difícil de ser interpretado.

Pois é, o que seria da vida sem essa pontuação?

Vou te dar uma dica: Faça do seu ponto fraco uma vírgula, e que ela que te deixe respirar, mudar contextos, explicar melhor, recomeçar.

E para terminar vou pedir licença a língua portuguesa e criar um verbo que preciso para que essa frase defina minha ideia sobre a existência humana:

A vida é, viver virgulando, e nem a morte é um ponto final.

Por Carlinhos Marques
Presidente Fundador da Comunidade Terapêutica Novo Sinai,
que acolhe dependentes químicos desde 2005 de forma voluntária e gratuita, idealizador do projeto “Sobriedade Já”


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