SOBRIEDADE JÁ 

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Carlinhos Marques - Presidente Fundador da Comunidade Terapêutica Novo Sinai

JULGAR O PEIXE POR NÃO SUBIR NUMA ÁRVORE, E O MACACO POR NÃO NADAR…

Participei de um júri popular, e fiquei impressionado com a ênfase da promotoria na acusação, enquanto a defesa, ali, tentando defender o réu, mas a decisão final seria de quem julga.

Ali se tratava de uma postura profissional, mas julgamentos acabam fazendo parte do nosso dia a dia, somos julgados e julgamos a toda hora.

Acontece que, normalmente nós não temos parâmetros suficientes para julgamentos justos, e chegamos ao absurdo de julgar um peixe pela sua capacidade de subir numa árvore, um macaco pela sua capacidade de nadar, ou cobramos frutos das árvores, em todas as estações do ano.

Por isso o cristianismo fascina. 

Julgar como Jesus jugou é o melhor parâmetro.

E sempre lembrando que, no tal juízo final, seremos julgados da mesma forma que julgamos aqui, então olhe as condições, o momento antes de estabelecer uma sentença contra seu próximo.

MUDAR O NOME DA DOENÇA NÃO AJUDA NA CURA

Você já deve ter ouvido de pessoas antigas, quando queriam dizer que alguém estava com uma doença muito grave, dizia: “Fulano tá com uma doença ruim.” Como se existisse doença boa né?

Mas a intenção era amenizar a situação.

Não mudou muito, a gente imagina que mascarando as situações pode ajudar a resolver, ou seja, mudar o nome da doença não ajuda no tratamento, até atrapalha, porque a chance de tomar o remédio errado aumenta, isso é preferir o engano que ameniza à verdade que incomoda.

É um instinto nosso esconder, esconder limites, lembra na escola, professor perguntava: “E aí todo mundo entendeu?”

Às vezes metade da classe não tinha entendido nada, mas não levantava a mão, medo da risadinha do colega do lado, que também não tinha entendido nada. 

Levante a mão, admita, e diga a verdade.

LUGAR DE GALINHAS, GALINHEIRO, DE PORCO NÃO SERIA PORQUEIRO?

Quem ainda não se embaraçou com uma pergunta difícil de uma criança? 

Elas são muito verdadeiras né? Até que os adultos “as eduquem”.

Esses dias estava com meu sobrinho na comunidade mostrando os animais: ali é o galinheiro onde ficam as galinhas, e ali é o chiqueiro onde ficam os porcos, ele me olhou e disse: “Tio onde ficam as galinhas é galinheiro, então porque onde ficam os porcos não é porqueiro?”

Já faz quase um ano, e eu ainda não respondi pra ele. 

Já minha sobrinha veio com essa: “Tio porque tudo voltou a ser como era com a Cinderela a meia noite, menos o sapatinho, ele não voltou ser chinelinho de dedo.”

Também sem resposta.

Mas as crianças também têm respostas perfeitas, e Gonzaguinha colocou numa música a plenitude disso, disse que ficava com a pureza da resposta das crianças, a vida é bonita e é bonita.

Pra quem você tira o chapéu? 

Um quadro num programa de tv causava muita polêmica.

O apresentador mostrava um nome dentro de um chapéu e pergunta para o convidado, se ele tiraria o chapéu para aquela pessoa.

Acontece que esse tirar o chapéu varia de acordo com cada olhar, mostrando que a bondade é sim, relativa.

Aliás quem é bom? Jesus responde com firmeza ao jovem que lhe chamou de bom: “Bom é o pai que está no céu.” Dando até a impressão do próprio Jesus se excluir do rol dos bons.

Na verdade, ele quis nos deixar claro que a bondade extrapola a ideia de caridade, de justiça social, de uma convivência estável na sociedade, o convite de Jesus é ousado: “Sedes Santo como o pai do céu é santo.”

Pois é, e tem muita gente tirando o chapéu na frente do espelho, se achando o bom.

O QUE VOCÊ VAI SER QUANDO SABER?

Esses dias ouvi alguém perguntando para minha sobrinha: “O que você vai ser quando crescer?”

Não sei se quando você era criança, e te perguntaram você acertou, eu não.

Acontece que com o crescer vem junto, muito saber, e aí a gente pode mudar essa perguntar, e nos perguntar hoje: “O que você vai ser, quando você saber?”

É que mesmo a gente sabendo, inclusive, e principalmente sobre nós, sobre a vida, nós continuamos iguais, até admitimos, mas o saber não foi suficiente para uma atitude de mudança, de formação pessoal mesmo.

Sugiro que você se pergunte: “O que você já sabe que precisa ser diferente e ainda não é, por falta de atitude sua?” 

Uma criança que erre a previsão do que vai ser quando crescer, é perdoável, agora, perdoar um adulto que sabe e não faz, fica difícil.

Por Carlinhos Marques

Presidente Fundador da Comunidade Terapêutica Novo Sinai, que acolhe dependentes químicos desde 2005 de forma voluntária e gratuita, idealizador do projeto “Sobriedade Já” 

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