SOBRIEDADE JÁ

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Carlinhos Marques - Presidente Fundador da Comunidade Terapêutica Novo Sinai

MEU FILHO VIROU OUTRA PESSOA

Um dia desses, encontrei com uma senhora e ela me parou, e disse: “Ah você é o Carlinhos né? Não está lembrando de mim, eu sou a mãe do fulano.”

Um rapaz que havia ficado na comunidade, e ela estava toda feliz, por que o filho tinha parado de usar drogas, e disse: “Carlinhos, meu filho depois que passou pelo Novo Sinai, virou uma outra pessoa.”

Tenho que confessar pra vocês, que fiquei até um tanto orgulhoso, com a sensação de dever cumprido.

Mas não demorou muito, uma voz de sensatez me falou: “Aquela mulher disse uma inverdade… pensei, mais como? O filho dela virou outra pessoa sim.

Gente, foi como Deus me dizendo: “Meus filhos não viram outras pessoas quando param de usar drogas, meus filhos viram outras pessoas, quando usam drogas.”

ONDE FOI QUE EU ERREI

O que mais ouço de pais com filhos que se envolveram com drogas é: “Onde foi que eu errei?”

Mas, sabe que uma vez respondi a um casal com uma reflexão, disse assim: “A decepção de vocês, me remete a decepção que deve ter tido também, o primeiro casal da humanidade, Adão e Eva.”

Tiveram dois filhos, e um matou o outro, de uma hora pra outra, aquela família ficou com pais órfãos, um estava morto e o outro é um assassino.

Penso na tristeza que virou aquela casa, um deve ter perguntado ao outro também: “Onde foi que erramos?” Espero que a sensatez de um tenha respondido ao outro: erramos quando nos afastamos de Deus.

Penso que essa resposta possa ser a mesma para os pais de hoje.

PEGUE AS PEDRAS PELO CAMINHO

Dizem que um guru, ordenou que seus comandados, dessem uma volta e recolhessem o máximo possível de pedras que encontrassem, e trouxessem de volta.

Mas alertou: “Quando vocês chegarem aqui, ficarão muito alegres e muito tristes.” Veja que ele não disse muito alegres ou muito tristes.

Ok! Chegaram, e o mestre disse: “Olhem as pedras que pegaram.” Todas tinham se transformado diamantes.

Então, no primeiro momento ficaram alegres, mas logo em seguida ficaram muito tristes, por não terem pego mais pedras.

No contexto da vida, pedras são os ensinamentos, as contrariedades que a gente recebe, de cara parece algo pesado, e nos dizem que carregar é um peso inútil.

Mas chega um momento que a gente se arrepende de não ter pego mais pedras, por se esforçar mais um pouco, por não pegar pedras grandes, enfim, por ter deixado para trás, um baita tesouro.

SUICÍDIO SOLUÇÃO DEFINITIVA PARA PROBLEMA TEMPORÁRIO

O que existe de ruim nos momentos bons, e o que existe de bom nos momentos ruins?

Os dois passam…

Como dizem os sábios que já viveram mais que nós, tudo passa. Acontece que mergulhamos na ideia da infinitude dos momentos, que sempre nos parecem eternos.

Quantas dores pareciam que não acabariam, e hoje foram superadas.

Acontece que vem crescendo de forma assustadora as pessoas que no auge de um problema, tiram sua vida no desespero dessa infinitude.

A cada 4 segundos uma pessoa tenta o suicídio no mundo, e o pior, a cada 40 segundo um consegue.

De todas as opções de solução, essa é a mais absurda, se você tiver algum contato com alguém com essa disposição, pelas evidências, tente convencê-lo de que o suicídio é a busca de solução definitiva a problema passageiro.

TERCEIRIZAÇÃO DA CULPA

É quase um impulso instintivo, a gente buscar culpados, quando tem algo negativo no ar.

É um mecanismo de defesa, culparmos pais, professores, escola, a religião, os governos, frio, calor.

Se instala um processo de acusadores e acusados, que acaba não levando a solução nenhuma.

Aqui no Novo Sinai, já ouvi os mais diversos níveis de desculpas: “Ah se minha mulher me tratasse melhor, eu pararia de beber. Ah se minha mãe fosse mais atenciosa não teria entrado no mundo das drogas. Ah se meu pai tivesse sido mais rígido.”

É um jogo que imobiliza e impede a verdade, e nos tornamos atores que não conseguem aprender com seus erros, porque não admitem erros, terceiriza.

Olha, tenha cuidado! A transferência da culpa, se transforma automaticamente em outra culpa.

Por Carlinhos Marques
Presidente Fundador da Comunidade Terapêutica Novo Sinai, que acolhe dependentes químicos desde 2005 de forma voluntária e gratuita, idealizador do projeto “Sobriedade Já”

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